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sábado, 14 de abril de 2018

A VERDADE NÃO CONHECE NEM 
A SEPARAÇÃO NEM A UNIDADE



Pergunta: Ouvi-vos dizer que uma experiência devidamente compreendida é tudo quanto se necessita para o estabelecimento da liberdade de consciência. Poderíeis, por favor, explicar isto mais largamente. Não será necessário em primeiro lugar passar por uma imensa variedade de experiências que somente parcialmente são compreendidas; ou existe uma estrada mais direta do que esta?


Krishnamurti: Digo que por meio do significado pleno de uma experiência, podeis compreender a expressão integral da Vida. Uma experiência de amor, de amor intenso por outrem, se for adequadamente compreendida, plenamente vivida, vos proporcionará a realização da Verdade. No amor existem a luxúria, a inveja, a posse e o completo apercebimento do “tu” e do “eu”; nele existem a solidão, a dor e a alegria. Quando estais enamorados de alguém tudo isto se manifesta. Para compreender o significado pleno de uma tal experiência, necessitais de possuir grande concentração — não o vos afastardes do conflito, pois que nada mais é do que uma evasão.

A maioria das pessoas não cuida em dar sua plena inteligência à compreensão de uma experiência única e pensam, assim, que por multiplicar as experiências chegarão ao entendimento. Tomai a morte como exemplo. Nela existe o pleno significado da Vida; existem a solidão, o desespero, a esperança, o temor, a perda, a angústia, a luta entre a solidão e o amor, a busca de consolação, que conduz a muitos enganos. Há o desejo de vos unirdes com aquele ser a quem amais, o desejo de verificar seu estado após a morte. Se examinardes isto, se sobre tal refletirdes, haveis de verificar que todas essas emoções emanam da consciência da separação, do “tu” e do “eu”. A morte não pode ser compreendida por transferir o problema para um outro plano de luta, por dizer “unir-nos-emos sobre um outro plano”. A Verdade não conhece nem a separação nem a unidade — ela é. Vós emprestais qualidades à Verdade, atribuis-lhe a unidade, pois que em vossa mente, em vossa consciência, existe o “tu” e o “eu”. Removei essa particularidade e não haverá morte, e a realização disto é a imortalidade. Então não mais existe solidão. O propósito de todas as experiências, no fim de tudo, é eliminar a consciência da separação, do “tu” e do “eu”, com todas as suas qualidades implícitas de inveja, cobiça, paixões, desejo de posse e assim por diante. O valor da experiência é o de dissipar essa ilusão da separatividade, a qual é a causa da tristeza, a causa da morte.

Para o homem que realiza a Verdade, a Vida, existe a imortalidade, não a continuidade infinita de si próprio, que nada mais é que ilusão, porém a continuidade da Verdade, a da Vida, que é eterna. Quanto mais nos apegarmos ao particularizado, ao “eu”, ao “meu” e ao “teu”, porém somente esse amor que não conhece distinções, que não conhece particularidades — no qual, portanto, não existe sujeito nem objeto.


Krishnamurti
http://pensarcompulsivo.blogspot.com.br 
 
 
 
"A verdade não é uma crença é uma inteligência absoluta. É uma chama acima das fontes ocultas de sua vida. É uma experiência iluminante de sua consciência... A verdade não acontece no mundo da matéria e sim na consciência". (Osho)

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