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sexta-feira, 7 de julho de 2017

PRÁTICA DA VIA INTERIOR
 NO COTIDIANO


Primeira Parte

Qual a vocação do homem?

O homem nasce com dons e capacidades, a sua vocação é usá-los e não os ignorar.

Os animais podem dormir de pé mas o homem cai se adormece quando está de pé.

A vocação do homem é estar em Alerta permanente pela vida fora.

A vocação do homem é testemunhar o Divino à sua maneira, para isso tem uma consciência- livre arbítrio que o torna responsável do seu destino.

A vocação do homem é ser o Servidor e cooperante do Divino em si e de o fazer com toda a sua liberdade e livre arbítrio.

Aqui se encontra também a sua oportunidade e o seu perigo, oportunidade de se integrar no Divino ou Dele se afastar, consoante escolhe entre os símbolos do Paraíso (vivendo no Caminho da atenção permanente ao Divino) ou do inferno (esquecendo-se na vida que existe Divino e que essa é a sua missão ao nascer). 


Por que o homem está sempre em tensão e angústia?   

Porque de um lado o mundo o reclama pretendendo dar-lhe uma segurança exterior de conforto e do outro ouve um apelo interior para o Ser Divino que lhe faz ver que o homem foi criado como ser espiritual e é nesse sentido que deve viver e não viver apenas para o mundo e para a segurança exterior.

O homem adoece se não ouve esse apelo de dentro e apenas se vira para o mundo.

Quando o homem se limita a compreender o mundo, a desculpar-se, a consolar-se, está apenas a negar a sua Liberdade e a sua responsabilidade.

Quando o homem ouve o apelo interior, isso liberta uma força (ligada ao poder criador da Fonte) que transforma o sofrimento e a angústia do homem de forma miraculosa e lhe permite ser quem É verdadeiramente sem artificialismos nem apegos materiais.


Existe solução para esta tensão?

É o homem adotar uma mudança de atitude na vida e sobretudo na pratica diária que o aproxime do Divino em si, ouça o seu apelo, sinta a Sua Presença no dia a dia e o siga.

A aventura da alma humana é no dia a dia estar consciente da Presença do Divino em si.  


Por que esquece o homem que é um ser espiritual?

Porque ao nascer se sente abandonado num ambiente desfavorável e hostil e cria defesas de proteção e segurança, 'formas de adaptação' que o afastam da sua essência, da sua Fonte espiritual em si e assim corta-interrompe a sua ligação a essa Fonte.   

O homem em vez de se ligar ao abrigo inviolável do seu Ser, abandona-se à dependência de outros para ser aceite, acolhido e amado.

Triste escolha pois só o Ser interior tem o Amor que o homem precisa.

Esse desligar da Fonte petrifica o homem que deixa de a ouvir e apenas segue o mundo.
 

Quando se lembra o homem que é mais que um corpo físico e um ego materialista?

Quando, por circunstâncias diversas da vida, sente que existe 'algo' mais que até aí não tinha percebido, 'algo' que agora em certos momentos na vida lhe traz uma 'nostalgia' desse 'algo' (da casa do Pai, da Pátria perdida) que não consegue 'agarrar', 'algo' fugidio, que lhe escapa das mãos mas que ele agora reconhece como muito importante, mesmo chave para a paz, equilíbrio e estabilidade na sua vida e por isso quer 'perseguir' essa nostalgia pela vida fora.

   
Por que o Caminho espiritual é tão difícil e doloroso?

Porque temos de abandonar hábitos antigos ligados às coisas e ao mundo e isso exige esforço e trabalho pela vida fora.

Antes de começar a subir, o Caminho desce às profundezas mais escuras do nosso Ser para nos 'retificar' e ensinar-nos a esvaziar do mundo e isso traz-nos sofrimento e dor.

É preciso muita coragem para suportar as muitas noites escuras da alma, de aceitar o 'inaceitável', de conseguir renunciar ao apego do mundo.

Mas quem provou, mesmo por um breve instante, o que é estar ligado ao nosso Ser verdadeiro, à Pátria verdadeira, afirma sem hesitação que tudo vale a pena para lá chegar e sobretudo lá permanecer cada vez mais tempo, pois testemunha a Liberdade verdadeira, mesmo que tenha, enquanto está vivo, de regressar ao mundo condicionado da existência humana, mas agora vivido com uma nova atitude-perspectiva, nele viver sem a ele estar agarrado (eu vivo aqui mas com 'outra' atitude) pois eu agora Sei, não tenho apenas Fé. 

O medo da aniquilação pelo mundo desaparece quando o aceitamos, quando as noites escuras e o desespero mais negro nas nossas vidas é transformado pela nossa aceitação e abertura ao Divino em nós.
 
Quando a casca protetora do mundo que dá a segurança ao homem se quebra, existe aí a oportunidade do Divino surgir se.....o homem aceitar o 'inaceitável' e se abrir ao 'novo desconhecido' que pode surgir em sua vida.
Aí seremos pobres para o mundo mas ricos de riquezas e força interiores.
 
Aí teremos a dignidade do audacioso, a coragem de viver. 

O mundo se submete quando o compreendemos e o 'reconhecemos', o Divino não se mostra em nós senão quando suportamos e aceitamos o ' inconcebível'.
 
O mundo leva- nos à estabilidade, à segurança, ao conforto do mundo, o Divino nos leva a ousar, a abrir novos caminhos e desafios.
 
O mundo nos torna ricos por fora, o Divino ricos por dentro.


Como se traduz a ligação ao Divino em nós?
 
Cada pessoa dá explicações diferentes, uns falam num planar e paz interior, outros em estarem ligados a tudo mas desligados de tudo, outros que tudo desaparece e não existem juízos de valor.
 
Quem está desligado está crispado numa posição de defesa em sua concha de segurança, quem está ligado está aberto ao novo, está 'dissolvido' sem medos do que pode surgir em sua vida.
 
A crispação exige do homem estar sempre em controle das situações na vida, em tensão permanente de observação.
 
A 'dissolução' exige do homem apenas um 'deixar andar-fluir' , uma plena confiança e abandono mas também uma 'colaboração' com o Divino interior.
 
Quem está ligado, aborda cada momento, como se fosse um novo momento, mesmo que já o tenha 'conhecido' antes (sob outras nuances) , está aberto à Vida que não vai se repetir, e dá-se, tal como é, a cada instante.
 
Quem está ligado, tem uma serenidade independente do mundo, olha de dentro para fora e não de fora para dentro.
 
Quem está ligado, permite que o Ser jorre na vida, em seus ciclos, de altos e baixos.



Prática da Via interior no quotidiano 
segundo Karlfried Durckheim


Fonte: acaminhodacasa.blogspot.com.b

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