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sábado, 29 de julho de 2017

PEREGRINO DO INFINITO


Transido de assombro,
De reverência,
De sagrado terror,
ante a grandeza da tua transcendente majestade,
eu te adoro, ó insondável Mistério
do vasto Universo de fora
e do profundo Universo de dentro...
Eu te adoro, minha impenetrável Escuridão,
meu longínquo Além,
minha silenciosa Noite Estrelada,
meu Abismo sem fundo,
meu Deserto sem limites,
meu grande Enigma,
minha solene Esfinge...
Não, meu Deus, não te quero conhecer plenamente,
não te quero devassar totalmente,
quero adivinhar-te misteriosamente...
quero sentir-te deliciosamente...
Quero-te assim como és,
assim como foste,
assim como sempre serás:
misterioso,
enigmático,
taciturno,
anônimo...
Mais me fascina o muito que de ti ignoro
do que o pouco que sei de ti...
Que coisa pequenina serias tu se eu te compreendesse!
Já não serias Tu,
Seria uma projeção do Eu humano,
com falsas roupagens do Tu divino...
Quero ignorar-te suficientemente,
para poder adorar-te delirantemente...
Inebriado dessa tua longínqua transcendência, 
ó Deus,
eu me sinto cheio de coragem,
de entusiasmo,
de jubilosa audácia,
para empreender por ti todas as aventuras,
para realizar todos os impossíveis!
E, enquanto me acho prostrado em adoração,
ante a tua transcendente Majestade,
ó Deus do Além,
eu sinto com inefável delícia,
Ó Deus do Aquém,
que, apesar de tão distante e longínquo,
Tu és o que há de mais próximo e propínquo,
Tu, que és a íntima essência do meu ser,
a imanente realidade de minha alma...
Mais perto de mim que meu corpo,
mais perto de mim que o hálito dos meus pulmões,
mais perto de mim que o sangue do meu coração,
mais perto de mim que os próprios pensamentos 
do meu intelecto...
Tu és o íntimo quê do meu Eu,
Tu és eu,
Eu sou Tu,
“Eu e o Pai somos um”...
Somos um na eterna Essência,
sou distinto de ti na transitória existência...
Adoro-te, meu Senhor e meu Deus!
E a medida da minha adoração é a infinita distância que vai entre mim e ti,
ó Deus transcendente!
Amo-te meu divino Amigo!
E a medida do meu amor é a infinita proximidade que nos une e identifica,
ó Deus imanente!
 
* * *
 
Eis-me aqui, ó Deus!
Luz da tua Luz, Vida da tua Vida, 
Amor do teu Amor!
Se jamais te fiz um pedido de infinita veemência,
e infinita intensidade,
então é este, só este, sempre este:
Ó Deus do Universo de fora e do Universo de dentro!
Envia-me através de todos os teus mundos,
por todas as tuas eternidades.
como um reflexo da tua Luz,
como um sopro da tua Vida,
como um arauto do teu Amor!
Envia-me como teu embaixador, 
pelas muitas moradas do teu Universo,
quer dentro do corpo material, quer fora dele,
seja em corpo astral, etéreo, luminoso, espiritual,
seja em outro invólucro qualquer 
que me deres como veículo!
Quero percorrer todos os teus mundos, Senhor,
como um reflexo da tua Luz,
como um sopro da tua Vida,
como um arauto do teu Amor
clamando a todos os seres que me possam ouvir 
e entender o que Tu és
e o que eles podem vir a ser em ti!
Luz da tua Luz,
Vida da tua Vida,
Amor do teu Amor...
Amém... Amém... Amém ...
 


Huberto Rohden, em A Voz do Silêncio
 

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