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quinta-feira, 13 de julho de 2017

EVITE OS LADRÕES 
DA FELICIDADE


Primeira Parte


O mal é a ausência da alegria autêntica. É o que o torna um mal, obviamente. Do contrário, diria você que o tigre perpetra uma má ação ao devorar sua presa? Matar é a natureza do tigre, a ele dada por Deus. As leis da natureza são impessoais.
 
Observa-se o mal quando a pessoa revela potencial para obter a alegria interior. Tudo o que nos separa desse estado divino de existência nos prejudica porque desvia nossa visão daquilo que realmente somos e daquilo que de fato queremos na vida.
 
Daí as prescrições religiosas contra a luxúria e o orgulho, por exemplo. Os mandamentos são para o bem do homem, não para a satisfação do Senhor! Constituem advertências, para os incautos, de que embora certas atitudes e atos possam de início parecer satisfatórios, o final do caminho será para eles, não a felicidade, mas o sofrimento.

As pessoas que buscam a felicidade devem evitar a influência dos maus hábitos que levam às más ações. Estas geram desgraça cedo ou tarde.
 
A repetição de uns poucos atos de fraqueza nos acostuma a ser fracos. Muitas pessoas permitem que hábitos de fraqueza ou fracasso, por elas mesmas criados, as escravizem. Você poderá evitar isso caso se tenha condicionado mentalmente a viver de maneira diversa; entretanto, a resolução de combater os maus hábitos deve persistir até a vitória final.

O que você fez de si mesmo no passado é o que é agora. Foi você quem, pelos traços invisíveis e secretos de ações passadas, passou a controlar as ações presentes.
 
Foi você quem, pela lei de causa e efeito que governa todos os atos, determinou sua punição ou recompensa. Sem dúvida nenhuma, já sofreu o bastante. É hora de escapar à prisão de seus antigos hábitos indesejáveis. Uma vez que está desempenhando o papel de juiz, as grades do sofrimento, da pobreza ou da ignorância não poderão retê-lo se estiver pronto a libertar-se.

Evite falar em coisas negativas. Por que olhar os esgotos quando há tanta beleza em derredor? Você poderia levar-me ao lugar mais bonito do mundo e ainda assim eu, se quisesse, encontraria defeitos nele. Mas por que o quereria? Por que não gozaria de toda a sua beleza?
 
Quando nos concentramos no lado mau das coisas, perdemos de vista o lado bom. Dizem os médicos que milhões de germes terríveis povoam nosso corpo. Entretanto, por não termos consciência deles, têm muito menor probabilidade de nos afetar do que se lhes sentíssemos a presença e nos preocupássemos com isso. Quando teimamos em olhar o lado negativo, acabamos por adquirir qualidades negativas. Quando nos concentramos no lado bom, adquirimos bondade.

As preocupações são difíceis de eliminar. Você extirpa umas e, logo, outras enxameiam, vindas não se sabe de onde. Elas quase lhe devoram a vida. Assim como usamos veneno para combater os insetos que infestam nossa casa, devemos usar os produtos químicos da paz para destruir os pensamentos tristes. Toda vez que um enxame de preocupações o atacar, não lhe dê atenção e espere calmamente, enquanto procura o inseticida. Borrife-as com o seu poderoso spray de serenidade.
 
Você não encontrará esse spray numa drogaria. Terá de fabricá-lo na calma da sua prática diária de concentração. Esse produto compõe-se dos ácidos cáusticos da serenidade habitual e da bem-aventurança suave que elimina a dor. Os ácidos da serenidade e da bem-aventurança devem ser preparados no laboratório da autodisciplina, em repetidas tentativas.
 
As preocupações são aliviadas pela serenidade e a bem-aventurança, mas quem as erradica por completo é a sólida cultura da paz imperturbável. Elas não podem ser suprimidas por mais preocupações ou pelo anseio insensato de suprimi-las: todas as pragas desse tipo serão destruídas unicamente pelo hábito de alimentar uma paz duradoura.

Tome cuidado! A mente tem de ser protegida dos quatro estados psicológicos alternantes da tristeza, falsa felicidade, indiferença e paz enganadora, passiva. Cada um deles procura dominar o ego a breves intervalos, sempre que consegue tomar o lugar dos outros três. Observe bem um rosto e conseguirá dizer qual desses estados está controlando o possuidor. Raramente o rosto de uma pessoa permanece calmo quando ela se acha dominada pelos quatro estados mentais instáveis.
 
Sempre que é negado a uma pessoa o desejo por algo como saúde ou prazer, o sofrimento aparece e muda-lhe a face. O “Príncipe Sorriso” é expulso pelo “Rei Desgosto”, que tortura os músculos e distorce a expressão.
Quando um desejo é satisfeito, a pessoa se sente temporariamente “feliz”. A tristeza nasce do desejo não-realizado; a “felicidade” da satisfação do desejo. Tristeza e falsa felicidade, como gêmeos siameses, moram e viajam juntas. São a prole do desejo e nunca se desligam uma da outra; se você convidar a falsa felicidade, terá de receber também a tristeza.
 
Quando o ego não está às voltas com a tristeza ou a “felicidade”, as pessoas entram no terceiro estado: indiferença ou tédio.
 
Você pergunta a uma pessoa entediada: “Está triste?” E ela responde:
 
“Oh, não”.
 
Você pergunta em seguida: “Está alegre?” E vem a resposta:
 
“Oh, não”.
 
“Mas então qual é o seu problema?”, insiste você.
 
“Ora, estou apenas entediado”, é a explicação.
 
Esse é o estado mental da maioria das pessoas.
 
Além dos estados mutáveis de tristeza, falsa felicidade e indiferença, existe o estado neutro da paz mental passiva. É de natureza negativa e breve: a consequência e o apaziguamento temporário dos outros três.
 
Acima desses quatro estados de consciência está o da Bênção incondicional e sempre nova, sentido apenas na meditação.


 Paramhansa Yogananda, Como Ser Feliz o Tempo Todo

Fonte:http://universalismoesoterico.blogspot.com.br

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