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quarta-feira, 5 de julho de 2017

O CAMINHO DA MONTANHA


A Sabedoria Teosófica Em
Um Poema de Christina Rossetti
 
Na terceira e última parte do livro “A Voz do Silêncio”, vemos a referência a um Caminho que é –

“…Íngreme e serpenteia morro acima; sim, até o seu topo rochoso.” [1]
 
A mesma imagem aparece em outras obras da literatura teosófica. No parágrafo final de uma Carta, um Mestre de Sabedoria escreve a um discípulo leigo sobre o problema da impaciência durante o estudo de teosofia:
“Você escolheu uma tarefa para uma vida inteira, e por algum motivo, em vez de generalizar, você se fixa em alguns detalhes que são extremamente difíceis para um principiante. Fique atento, meu bom Sahib. A tarefa é difícil e K.H., em homenagem aos velhos tempos, quando gostava de recitar poesia, pede-me que encerre a carta com o seguinte, para você:

O caminho serpenteia montanha acima o tempo todo?
Sim, até o final.
E o trajeto de cada dia toma o dia todo?
Da manhã à noite, meu amigo.”
[2]
 
Desde que o Mahatma escreveu esta carta, em 1882, os mesmos versos foram citados várias vezes na literatura teosófica. Helena P. Blavatsky usa-os na abertura do seu notável artigo intitulado “O Progresso Espiritual”. [3]
 
A autora dos versos, Christina Rossetti (1830-1894), está entre os poetas mais populares da Inglaterra do século 19.
 
Segundo um estudioso de literatura, Christina “teve na própria vida a prova de seu poder de renunciar: viveu com muito pouco, segundo os critérios mundanos, na esperança e na expectativa de uma recompensa mais completa. (…..) Com 24 anos de idade, durante a guerra da Crimeia, quis ser enfermeira voluntária (….); rejeitada, trabalhou entre os pobres de Londres. (….) Depois de 1873, sua saúde piorou e ela dedicou-se cada vez mais aos escritos religiosos.” [4]
O poema “Up-Hill” (“Montanha Acima”) é vivencial e merece ser lido na íntegra:

O caminho serpenteia montanha acima o tempo todo?
Sim, até o final.
E o trajeto de cada dia toma o dia inteiro?
Da manhã à noite, meu amigo.

Mas há, durante a noite, um local de descanso?
Um teto para quando começam as lentas horas escuras.
A escuridão não irá escondê-lo de mim?
Não poderás perder esse abrigo.

Encontrarei outros peregrinos à noite?
Aqueles que partiram antes.
Devo então bater à porta, ou chamar, quando estiver à vista?
Eles não te deixarão esperando à porta.

Cansado e fraco, encontrarei conforto?
Encontrarás a recompensa do trabalho.
Haverá camas para mim e para todos os que buscam?
Sim, camas para todos os que vêm. [5]

O que se planta, se colhe: o “abrigo”, o “teto” e o “local de descanso” simbolizam o bom carma e o mérito dos peregrinos.
 
 
 
Calos Cardoso Aveline
 
 
 
 
 NOTAS:

[1] “A Voz do Silêncio”, de Helena P. Blavatsky, edição completa online dos nossos websites associados, ver aforismo 233, p. 30.

[2] “Cartas dos Mahatmas Para A. P. Sinnett”, Ed. Teosófica, Brasília, volume I, Carta 42, p. 193.

[3] “O Progresso Espiritual”, artigo de Helena P. Blavatsky, disponível em nossos websites.

[4] Martin Corner, da Kingston University, na introdução do volume “The Works of Christina Rossetti”, The Wordsworth Poetry Library, Wordsworth Editions Limited, Kent, Reino Unido, 450 pp., 1995, p. VI.

[5] “The Works of Christina Rossetti”, The Wordsworth Poetry Library, p. 194.
 
 
Fonte: http://www.filosofiaesoterica.com
 
 
 

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