Translate

sexta-feira, 27 de março de 2020

O SOFRIMENTO É UM AVISO:ALGO TEM DE SE TRANSFORMAR EM NOSSAS VIDAS

  É o sofrimento, e só o sofrimento, 
que abre no homem a compreensão interior.
(Mahatma Gandhi)
 
O caminho mais adequado para viver as etapas de sofrimento e de dor é atravessar com decidida coragem as provas que nos são apresentadas, buscando compreender o mecanismo que as move.

A paz que podemos experimentar através desses acontecimentos é muito mais real e ampla do que aquela dos momentos de felicidade conhecida pela personalidade em sua vida comum sobre a Terra.

Seja trazido por alguma enfermidade, por acidente ou por qualquer outro incômodo, o sofrimento vem avisar-nos, em geral, que algo fora de ordem necessita ser revisto e transformado em nossa vida. Pode acontecer, porém, que em vez de nos voltarmos para essa descoberta, sejamos levados pelo nosso corpo emocional a encontrar satisfação em aguçar a dor, por nos sentirmos compensados pela ajuda ou compaixão que obtemos através dela.

O sofrimento físico diminuirá de intensidade se não lhe dermos importância excessiva e o tratarmos com simplicidade, e conforme seja necessário. Por outro lado, se o alimentarmos com medos, dúvidas ou rejeições, crescerá.

A primeira tarefa do sofrimento físico é a de preparar o corpo para ser menos suscetível a desequilíbrios. A segunda tarefa do sofrimento físico é a de levar o corpo a aprender a não passar mais por dores agudas. Se tivermos uma atitude correta diante da dor, isto é, se não nos queixarmos e se não nos tornarmos ansiosos para dela nos vermos livres, observaremos que irá desaparecer quando atingir certo grau de intensidade.

Saber que o corpo físico, bem como nossos demais corpos, é capaz de suportar perfeitamente o que lhe cabe como experiência inevitável, isto é, como experiência enviada pelos níveis superiores de nossa consciência, pode-nos auxiliar a nos posicionarmos de modo correto com relação a isso.

A terceira tarefa da atuação da dor encontra-se num estágio mais sutil do desenvolvimento da consciência. Nesse estágio, o sofrimento passa por uma metamorfose e aparece como um sentimento de conforto nunca antes experimentado, nem mesmo dentro da maior felicidade que possa ter estado ao alcance do homem. Assim, ele aprende a perceber que a Alegria divina existe em qualquer situação e que pode fazer-se ainda mais visível nos momentos dos quais, a princípio, pareceria estar ausente.

Tais verdades, que haviam sido já enunciadas por instrutores que experimentaram em seus corpos o trabalho feito pelo sofrimento, foram confirmadas para mim através de uma mulher que tinha um tumor maligno no cérebro.

Nos últimos dias daquela sua encarnação, a mulher, que padecia de muitas dores, declarou-me que não só havia aprendido a conviver com elas como também sentia um grande alívio em seus momentos mais agudos. Declarou-me não existirem palavras para descrever em quantos sentidos tinha mudado os seus pontos de vista sobre a maioria dos fatos dessa vida. Lembro-me de que ela me transmitia um profundo contentamento, como se estivesse com a sua tarefa cumprida e, ao vê-la, percebia de uma forma sutil e intuitiva que meu mundo interior recebia muitos reflexos do que estava ocorrendo com ela.

Vi, assim, pelos efeitos que observava em mim mesmo, o serviço que pode ser prestado por alguém que sofre com coragem e equilíbrio. Ao lado do testemunho de vida verdadeira e inabalável, forte energia indubitavelmente irradiava dela, reforçando as convicções mais profundas do meu ser.

José Trigueirinho Netto
https://www.otempo.com.br
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário