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quarta-feira, 11 de março de 2020

O EXERCÍCIO DIÁRIO DA COMPAIXÃO

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Construir uma Consciência Aberta,
Serena, Disposta a Ajudar o Próximo
 
 
Emanuel Tadeu Machado
 
O despertar interior é a regra geral que motiva todos os seres.

O calor da aurora do espírito traz consigo uma mensagem para o coração. É uma energia que vem do alto, que ilumina e reverbera por todas as esferas que compõem o ser.

A mente, renovada, está pronta para observar as cores do mundo com mais nitidez. Um bom ciclo de repouso traz à tona a boa motivação, melhorando a concentração e a capacidade de aprender.

O repouso correto rejuvenesce. Reforça a motivação e faz transbordar boas energias para além dos limites do corpo. É possível aprender a partir de uma perspectiva do Eu Superior.

Quem trilha o caminho da sabedoria, adquirindo autoconsciência a cada passo dado, segue percebendo a integração com o universo, aprendendo sobre a importância e o significado de conceitos como boa vontade, altruísmo e compaixão.

Compadecer-se com as dores de seu semelhante não é um termo vazio, nem um clichê, nem está sujeito a algum modismo fugaz. A empatia é um grande tesouro. O bem maior que nos define como seres luminosos, cuja capacidade de conviver em sociedade é inata.

Uma sociedade em que a ajuda mútua, a solidariedade e a compaixão sejam preocupações recorrentes entre os cidadãos terá um futuro próspero e feliz.

O processo de construção da sociedade do futuro é árduo. Os poucos que chamam para si tal responsabilidade pensam na humanidade como um corpo, e na civilidade como um projeto de longo prazo e de integração com o universo.

Acerca da responsabilidade do cidadão, ante os demais seres, Carlos Cardoso Aveline escreveu:

“O primeiro dever do indivíduo responsável é não ficar hipnotizado pelo desastre moral alheio, ainda que ele seja coletivo e pareça enorme.

A segunda tarefa é passar a construir por decisão própria o que é bom, belo e verdadeiro.

Os poucos seres conscientes são ao mesmo tempo arquitetos e operários do futuro. Eles têm o privilégio da responsabilidade.” [1]

Eles são exceções, mas não são difíceis de encontrar. Em toda parte do globo, esses poucos fazem a diferença. Levam conforto aos que necessitam, oferecendo esperança e boa vontade.

Por outro lado, não é necessário andar muito pelas ruas de uma grande cidade para perceber que o olhar de boa parte das pessoas tem um foco diferente. Elas andam curvadas, ansiosas e preocupadas. Não buscam o céu, não erguem a fronte e para elas pouco importa quem está à sua volta. Focadas em seus smartphones, esquecem de prestar atenção ao mundo.

Cabe ao estudante de Teosofia Original trabalhar para que o mundo siga abandonando hábitos perniciosos. Deve pensar em como contribuir para regular melhor as rodas do carro da história, para que ele avance sem traumas, fluindo com harmonia e paz.

Um dos maiores deveres teosóficos é entender o significado de compaixão. Meditar sobre o assunto leva a descobertas transcendentes.

Aveline escreveu:

“O sentimento de compaixão se situa no coração e não no cérebro. Ideias corretas sobre a vida universal podem revelar a sua presença no coração, talvez; mas não serão capazes de fabricá-lo, e ele não pode ser ensinado ou aprendido no plano verbal.

Sentimentos solidários não constituem um verniz a ser colocado por cima do egoísmo. A compaixão nasce como carne viva quando o coração de alguém desperta e se identifica com a dor alheia, para em seguida perceber como é difícil ser efetivamente útil.

Cada um deve despertar por si mesmo e por mérito próprio. E mesmo assim a ajuda mútua é fundamental. A alma do sábio é um espelho mágico em que se reflete o potencial sagrado do aprendiz.

A substância última da Compaixão não tem nome.

Ela é a energia altruísta que move e impulsiona todas as ações éticas. Através do universo inteiro ela mantém as galáxias vivas, movimenta-as e as faz evoluir. Em linguagem geométrica, a compaixão universal se expressa pela lei da simetria. Ela é a lei da proporção harmoniosa. É a justiça universal que corrige os erros e compensa todo sofrimento. Ela é a origem da solidariedade entre os seres humanos e faz brotar a cooperação entre diferentes espécies. É a amizade incondicional que expressa o despertar da Alma. Constitui o primeiro passo e o último no caminho da sabedoria, e é inseparável do equilíbrio, da moderação e do discernimento.” [2]

Dito isto, pergunto: em nosso mundo moderno, onde é possível o exercício efetivo da compaixão?

Inicialmente, ele é possível a partir de uma atitude crítica em relação ao egoísmo, à preguiça e à má vontade. A compaixão tampouco deverá ser exercida como adorno ou vaidade.

O exercício da solidariedade é silencioso, tal como a vida do aspirante à sabedoria. Todas as suas ações devem ser desenvolvidas com discrição e com atitude impessoal. Como tudo o que se aprende, a compaixão nasce a partir de um processo, de um hábito diário e constante.

Pequenas ações, como doar um pouco da própria energia pelo bem alheio, podem ser um bom começo. E o que caracteriza esta postura diante da vida? É tudo o que realiza uma transformação positiva. Doar dinheiro para causas justas, doar sangue, alimentos, esforço correto, doar bons pensamentos ou ajudar o próximo, são todos exemplos de energia que transforma para o bem.

Doe, pois, uma pequena parcela diária de energia. É correto adquirir o hábito de fazer o bem. Além de modificar o mundo externo, isso produz uma transformação interna. O poder da compaixão tem a mesma substância que o nascer do sol. O Sol espiritual começa a iluminar desde o alto. A fagulha que surge a cada amanhecer encontra reforço no coração de todo aquele que pratica a compaixão. E toda fagulha evolui, podendo iluminar o ser por inteiro, proporcionando reunião com o que vem do alto.

Doses homeopáticas de civilidade, ao longo de muitas gerações, possibilitam um retorno a um mundo mais justo e simples, necessário para o nascimento da consciência planetária do futuro, prevista por H.P. Blavatsky e seus Mestres.

Torne-se a vida mais simples, com cidadãos menos focados nas intermináveis rotinas impostas pelo mundo moderno em sua voracidade por resultados de curto prazo, e será possível observar que quando um de nós está em dificuldades, surge a tendência natural de que os demais venham em socorro.

Desligar-se das modernidades é correto. A prática diária da meditação e da leitura saudável é necessária para se construir uma consciência aberta, serena e mais disposta a ajudar o próximo.

A meditação é uma atividade do espírito, e torna serenos o corpo e a mente. É um processo de ligação sem palavras, que une a vontade superior, o sentido de dever, e a mente concreta. A meditação foca nas tarefas do quotidiano, que passam a ser realizadas em mais harmonia com a vontade do eu superior.

O estudante de Teosofia Original sabe que qualquer tarefa, por mais simples que seja, deve ser realizada com boa vontade e vigilância.

Não importa a quantidade do que se lê ou estuda. A Teosofia convida à ação. O mínimo que se aprende deve ser posto em prática.
 
NOTAS:

[1] Do artigo “O Nascimento da Responsabilidade”, de Carlos Cardoso Aveline.

[2] Do texto “A Energia da Compaixão”, de CCA. 
 
https://www.filosofiaesoterica.com 

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