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terça-feira, 10 de março de 2020

O MEU VERBO SE FEZ CARNE

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Há milhares de milhões de anos,
De séculos e milênios,
Era eu puro espírito,
Uma emanação individual
Da Divindade Universal.
Meu espírito era uma semente de Deus,
Que não brotaria ainda em planta.
E a semente do meu espírito ansiava
Por encontrar um terreno propício,
Onde brotar pudesse.
E a semente do meu espírito caiu em terra,
Caiu na terra deste planeta –
E brotou...
“Se a semente não cair em terra, ficará estéril.”
Para não ficar estéril espírito
Ela caiu no planeta Terra –
E se tornou alma.
Uma alma humana, animando um corpo
O Verbo do meu espírito se fez carne.
E há muitos decênios que meu Verbo encarnado
Tenta espiritualizar seu invólucro corpóreo.
É esta a razão-de-ser da minha encarnação terrestre.
É este o por-quê e o para-quê
Da minha existência terrestre.
O meu Verbo, que se fez carne,
Deve verbificar a minha carne,
Para que o espírito possa evolver,
Deve encontrar resistência na matéria,
Resistência, dificuldade, luta, sofrimento...
Ó bendito sofrimento! Ó inimigo querido!
Que seria de minha alma
Sem a tua bendita hostilidade?

O Verbo do Cristo cósmico,
Que estava na glória de Deus,
Não se agarrou a essa divina igualdade,
Mas esvaziou-se dos esplendores divinos
E revestiu-se de invólucro humano,
Tornou-se homem,
Servo,
Vítima,
Crucificado...
E dessa estranha anti-dromia,
Rumo às profundezas,
Subiu o Cristo cósmico encarnado em Jesus
Às alturas do Jesus cristificado,
Perante o qual se dobram todos os joelhos
Dos celestes,
Dos terrestres
E dos infra-terrestres,
E todos confessam que o Cristo é soberano Senhor.
Nesta mesma contra-corrida às alturas,
Através das profundezas,
Está empenhado o Verbo do meu espírito,
Feito alma humana.
Todas as violências do meu ego humano
Desafiam a potência do meu Eu divino,
Para que o meu Cristo humanado
Faça de mim um homem cristificado.


Huberto Rohden, em A Voz do Silêncio

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