WO E A MÚSICA
Esporadicamente nós lhes oferecemos uma história, uma parábola, uma
alegoria…Isto é exatamente o que desejamos fazer agora. Quando o
fazemos, usamos sempre o mesmo personagem, e seu nome é Wo.
Wo não é homem nem mulher; é “Wo-man”. Embora não tenha gênero, o idioma
de vocês não nos permite trata-lo desta forma. Por isto, neste conto,
nós o trataremos por “ele”.
Quero lhes falar sobre essa pessoa e o que lhe aconteceu. Começaremos descrevendo quem ela é.
Wo é um homem que vivia em uma pequena cidade. Não tão pequena quanto
esta em que estamos (McCloud, Califórnia), mas que possuía pelo menos
quatro semáforos (risos). Era uma cidade pequena que fazia fronteira com
uma floresta.
Wo não sentia necessidade de pertencer a uma religião. Na verdade, ainda
muito cedo, ele decidiu que realmente não gostava de igreja. Ele sentia
o amor e sabia da integridade de tantas pessoas que frequentavam a
igreja, mas sentia que isso não era para ele. O que era para ele era a
natureza.
Wo tinha uma conexão espiritual com a Terra e, enquanto os outros iam
para os cultos aos domingos, Wo ia dar um passeio na floresta. Desde o
início, Wo percebeu a sacralidade dos vales, dos lagos e riachos, dos
animais e das árvores; e isto fazia parte do seu cenário de adoração.
Ele percebeu que podia sentir a Terra falando com ele quando saía para
caminhar.
Então, este é Wo, e agora o palco está montado para eu lhes contar o que aconteceu nessa história.
Muitos de vocês já tiveram sonhos vívidos ou, talvez, visões no limiar
entre sonho e realidade. Foi isto que aconteceu com Wo. Uma noite,
quando estava dormindo profundamente, Wo teve uma coisa que só pode ser
chamada de visão. Foi real demais! Foi além do real na experiência de
Wo.
Quero lhes contar da melhor maneira possível o que ele vivenciou, mas
tudo o que eu lhes contar não será nem sequer a metade do que realmente
aconteceu. Vocês teriam que ser Wo para senti-lo verdadeiramente.
Wo ouviu a música! Queridos, o que Wo escutou e vivenciou é
indescritível. Ele ouviu uma música tão perfeita e tão bela, que estava
além de qualquer coisa que ele já tinha vivenciado como Ser Humano na
Terra. Não existia nada que se comparasse a ela. As imagens que ele viu
em sua mente, e as sonoridades que ele ouviu eram perfeitas e
belíssimas.
Agora vocês podem perguntar: “Que tipo de música era essa?”
Entretanto, ela não era definível; não era nem clássica nem popular; não
tinha nenhuma classificação. Simplesmente era. E continha todos os
instrumentos que ele conhecia, tocados perfeitamente e numa sequência
que criava melodias ao mesmo tempo heroicas e românticas. Ele não podia
acreditar! Era quase como se Wo estivesse em branco e preto e, de
repente, passasse a ouvir a cores.
Wo se deliciou com essa visão incrível. Ele não podia nem imaginar uma
coisa dessas na vida real, mas lá estava ela, e ele estava ouvindo-a. Wo
rapidamente percebeu que, na verdade, ele não estava ouvindo-a, mas
sentindo-a em cada célula do seu corpo. Era a música mais bela jamais
ouvida – indefinível, mas perfeita!
E então, ele despertou e percebeu que seu travesseiro estava úmido. Ele
havia chorado, de tão bela que havia sido sua visão! Nela ele tinha
visitado um lugar sagrado, e não fazia a menor ideia de por que isso
acontecera.
Wo acreditava que existiam sinais que o Espírito lhe enviava, sobre
coisas que o ajudariam em sua vida. Ele já tinha vivenciado isso no
passado, na floresta, onde ele tinha ideias intuitivas. Então Wo pensou:
“Talvez isto seja um sinal de que devo estudar música ou fazer parte de
alguma coisa musical… Talvez esta seja realmente a instrução!
Entretanto, eu nunca tive qualquer interesse em tocar música nem nada do
tipo…”
Então, Wo saiu e, sincronicamente, descobriu que na cidade estava havendo um teste para um coro.
E pensou: “É isto! Devo participar de alguma coisa. Devo fazer parte de um coro!”
E assim, Wo foi para o teste, mas saiu de lá desapontado. Eles lhe
disseram, com todo amor e compaixão: “Wo, não podemos incluí-lo neste
coro por três razões. Número um, você não consegue sustentar um tom.
Número dois, você não tem ideia do que seja altura de tom. E número
três, sua voz soa como pregos arranhando um quadro negro.” Então, não
era o coro…
Wo ficou sem saber o que fazer, entretanto, de alguma forma, compreendeu
que esse não era um chamado à ação, como ele estava pensando. E então
aconteceu de novo! A visão se repetiu. Ele pedira por isto. Ele tinha
dito: “Querido Espírito, aquela foi uma experiência incrível, mas não
sei qual seu motivo nem do que se trata. Por favor dê-me aquela visão
mais uma vez!”
E ele a obteve, do mesmo modo que anteriormente. Só que, desta vez,
durou um pouco mais. Desta vez ele sentiu como se estivesse dentro dela…
como se estivesse dentro de uma orquestra que estava tocando… uma
experiência equivalente a estar dentro de uma guitarra enquanto ela
estava sendo tocada. Ele podia sentir as cordas vibrando consigo em tal
perfeição, que chorava de alegria pelo que estava ouvindo e vivenciando.
Um músico diria que tudo estava “fechado” e perfeito. Wo permaneceu
nessa visão e caiu em êxtase. Esta era a experiência mais incrível que
ele já havia tido! Então ele despertou e disse: “Espírito, isto tem que
significar alguma coisa. Isto tem que ter algum significado! Você não
pode me levar para um lugar onde eu posso ouvir e desfrutar de tudo
isso, sem que tenha qualquer significado!”
Wo andou pela floresta, pelos bosques e prados, e procurou algumas
respostas lá. Estes sempre foram lugares onde ele tinha boa intuição. E
estava certo, porque sua intuição de entrar no bosque, naquele momento,
levou-o a uma clareira, um prado muito lindo. O sol estava brilhando, a
grama era extraordinariamente verde, e ali, sentada no prado sem
árvores, havia uma linda mulher. Sentadas à sua volta, havia jovens
estudantes, e elas também eram lindas.
Wo podia perceber que essa mulher já tinha uma certa idade, mas, mesmo
assim, ela era linda, e estava ensinando alguma coisa. Todas as suas
alunas pareciam muito novas, e parecia que todas tinham saído da mesma
escola, todas com a mesma idade.
Wo ficou quieto por um instante e então percebeu que podia ouvir
claramente a senhora. Independentemente da distância razoável que havia
entre eles quando ele viu essa cena, ele conseguia ouvir claramente o
que ela dizia. Era como se o vento estivesse carregando a voz dela
diretamente para os seus ouvidos.
Wo chegou um pouco mais perto e não houve nenhuma reação por parte dela.
A senhora não parou de ensinar e as alunas não olharam ao redor. Então,
Wo sentou-se por um instante e ficou ouvindo os ensinamentos dela. De
repente, ela falou algo que desencadeou uma reação nele. Ela disse:
“Você nasceu magnífico!.” Isto era algo que Wo jamais tinha considerado e
nem ouvido antes em sua vida.
Os Seres Humanos normalmente não se consideram magníficos. Mesmo quando
se comportam da melhor maneira possível – na mais alta integridade –
eles acreditam que são decentes, distintos, honestos, mas nunca
magníficos. Essa não era uma descrição comum que ele já tivesse ouvido
sobre a humanidade.
A voz dela era maravilhosa! Ele poderia ficar ali sentado ouvindo-a por
muito, muito tempo. E então, ela voltou-se para ele e disse: “Wo, por
que você não chega mais perto?” Ele ficou atônito!
Wo ficou espantado ao descobrir que ela sabia seu nome! Talvez ela
tivesse ido à cidade antes e ouvido falar dele… Wo era conhecido por seu
trabalho de marcenaria, no qual ele era muito bom. Ele tinha um bom
emprego; era feliz e autossuficiente. Talvez o nome dele estivesse em
algum lugar e ela o tivesse visto… “Tenho certeza que foi isto!”, ele
pensou. Mas ficou curioso. E chegou mais perto.
Wo aproximou-se e sentou-se em frente a ela, e ela falou diretamente para ele: “Wo, você gostaria de fazer uma pergunta?”
Wo respondeu: “Sim, gostaria.”
Então ela lhe disse: “Está bem, mas você precisa conhecer as regras –
aqui estão elas. Você pode fazer uma pergunta, mas eu tenho o direito de
fazer outra de volta. É assim que funciona.”
Wo perguntou: “Quem é você?”
“Sou uma sábia”, ela respondeu. “Sou guardiã da sabedoria. Sou aquela
que lhe dirá a verdade sobre qualquer pergunta que você faça. É isto que
eu sou. E agora, Wo, é a minha vez de lhe fazer uma pergunta.”
Wo endireitou-se e estava pronto…
Ele pensou que estava pronto, mas a pergunta que ela lhe fez, ele não esperava.
Ela olhou para ele e disse: “Wo, você ouviu a música?”
Isto quase o derrubou! Wo imediatamente deixou escapar: “Como você soube da música?”
“Wo, esta é outra pergunta”, ela disse sorrindo. “Agora tenho direito a fazer mais uma.”
“Não! Por favor, responda!” – Wo estava gaguejando – “Como você sabia da música?!”
“Wo, todo Ser Humano tem a música”, ela respondeu.
Wo pensou por um instante. “Uau, isto quer dizer que todo Ser Humano
pode ter aquela visão impressionante e, talvez, vivenciar o que eu
vivenciei!”
“Que revelação”, disse ele. “Isto é incrível!”
“Wo, você está pronto para a minha próxima pergunta?”
“Sim.” Wo estava pronto.
“Qual é a sua declaração?” ela perguntou.
Isto pegou-o de surpresa. Sob forma de pergunta, ela estava lhe pedindo
uma declaração. “Qual é a minha declaração?” Sábios são conhecidos por
serem pacientes, e ela era. Muito tempo se passou entre sua pergunta e,
finalmente, a resposta dele. A mente de Wo percorreu cenários de
integridade, em busca do que realmente poderia ser sua declaração.
Ele perguntou a si mesmo: “Qual é a minha declaração, neste momento em
particular, diante de uma sábia que parece ter informações a meu
respeito que eu nem conhecia?” Ele sabia que estava diante de uma pessoa
idosa e sábia e que ela estava lhe dando uma oportunidade de declarar
sua verdade, e lhe oferecia bastante tempo para responder.
As alunas não falavam nada. Elas nunca falavam. Ficavam simplesmente
quietas, aos pés da senhora. Finalmente, ele captou a ideia do que ela
lhe estava pedindo, e então ele soube!
Wo levantou-se e disse: “Minha declaração, querida Sábia, é esta: Eu quero mais.”
Ela sorriu e respondeu, “E assim será! Por favor volte e lhe ensinarei mais.”
Wo foi para casa e estava exultante porque, através da sincronicidade e
da intuição, ele tinha realmente encontrado alguém que o ensinaria. O
ensinamento era: “Wo, você é magnífico! Você nasceu magnífico!”. Estas
palavras soavam como verdade em seus ouvidos e, então, naquela noite, a
música aconteceu novamente!
Desta vez, ele podia ver outras coisas além da música. Ele via aqueles
que estavam à sua volta nessa visão, como se a música estivesse
acontecendo enquanto ele estava no trabalho ou na rua. Então, começou a
ver a reação dos outros Seres Humanos; eles paravam, indiferentes. Eles
paravam tudo e paralisavam, mas não se voltavam na direção da música,
como se não a estivessem realmente ouvindo. Mas, de alguma forma, eles
reagiam. Eles paravam.
Lá estava, mais uma vez, o esplendor da música que, de alguma forma, era
romântica e heroica, e fazia sua mente elevar-se com altivez e
compaixão. Novamente, ele chorou. Isto era muito mais belo do que se
poderia crer! Esta experiência definia tudo o que ele alguma vez poderia
pedir em termos de beleza e verdade.
Pense em si mesmo, querido, numa situação em que, de repente, você fosse
presenteado com um som sobrenatural, tão perfeito e belo, que você
reagiria a ele, mas não conseguiria identifica-lo. Entretanto, era um
som tão belo, que tudo o que você desejaria seria sustenta-lo e ter
mais, e mais e mais.
E então acabou…
Wo voltou para a Sábia. Lá estava ela, ensinando novamente. Ele se
aproximou e ela mais uma vez convidou-a a sentar-se diante de si, e
começou a lhe contar mais e mais coisas. Eram verdades novas e
maravilhosas.
Assim, aos poucos ela foi lhe ensinando muitas e muitas coisas, até que
finalmente Wo lhe fez a pergunta, mais uma vez: “Sábia, por favor,
conte-me mais a respeito da música.”
E ela lhe disse estas palavras:
“Wo, a maioria dos Seres Humanos não entende… O Ser Humano é como uma
cebola que precisa ser descascada. As cascas que são retiradas são as
coisas que lhe foram ensinadas e que não são exatamente corretas. Ao se
despir dessas coisas, o Ser Humano revela verdades essenciais em sua
própria consciência; ele descasca coisas que são imprecisas, que lhe
foram ditas por outras pessoas; ele descasca mau hábitos; descasca medos
inúteis, até que, finalmente, chega ao Ser Humano essencial, sem medo
nenhum. E então ele descobre uma coisa: O Ser Humano é a música.”
“Wo, qual é a sua declaração?”
E Wo disse: “Eu quero mais, eu quero mais!”
E foi assim que aconteceu com Wo. Ele voltou para a cidade e continuou a
viver e trabalhar no seu povoado. E compreendeu que ele era a música.
Como poderia ser isso? Wo começou a ouvir aquelas sonoridades musicais e
aquelas melodias heroicas tocando em lugares que estavam fora dos seus
sonhos e visões. De fato, ele podia ouvi-la tão sutilmente, que o fazia
sorrir, porque toda vez que a ouvia, ele se sentia magnífico!
Logo Wo entendeu que ele realmente esteve dentro da guitarra; ele
realmente esteve dentro da orquestra que tocava, e que ele era a música.
Ele era uma música da verdade heroica, que ele transmitia em todo lugar
onde ia. Alguns a ouviam, outros não, mas todos paravam e sentiam algo.
Muitos percebiam que Wo tinha, de fato, mudado muito. Havia uma
magnificência nele e, onde quer que fosse, as pessoas sabiam que havia
algo de sagrado, belo e compassivo nesse homem. Ele era diferente. Em
breve, alguns estavam sentando-se aos seus pés para ouvi-lo, pois Wo
começou a ensinar.
“O que significa conhecer e amar o planeta? O que significa compreender o
que é ser magnífico? O que significa tornar-se um com tudo? O que
significa descobrir que o Criador é maior do que lhe foi dito? O que
significa saber que você está aqui de propósito?”
Wo voltou para o campo para se encontrar mais uma vez com a Sábia. Ele
queria ter mais um, só mais um encontro com ela. Então fez a caminhada
pelo prado, subiu a colina e chegou ao campo, que costumava ser apenas
um gramado no local onde ela ensinava.… Mas ela não estava mais lá.
No lugar do gramado, havia agora uma imensa árvore antiga e, ao redor
dela, belas flores. Wo sorriu e sentou-se. Ele compreendeu o que havia
acontecido. Até a Sábia tinha sido uma visão, e as alunas eram as
flores. Gaia esteve ensinando-o! O que ele fez em seguida, eu quero que
vocês se lembrem, pois mostra sua maturidade.
Wo caminhou diretamente para o local onde ele sempre se sentava e
sentou-se diante da árvore. E declarou para a árvore: “Eu quero mais.”
Ele podia ouvir o farfalhar das folhas e o vento, como se este lhe
respondesse. E Wo ficou ali sentado por horas, recebendo mais
ensinamentos de Gaia…
Deixaremos Wo aqui.
Queridos, será que eu realmente preciso lhes dizer o que isto significa?
Cada um de vocês é magnífico e tem aquela cebola para descascar. Ao
descascar as coisas impróprias, os medos da vida começam a diminuir e a
se libertar. Antigas percepções incorretas se apresentam; e a
integridade e a compaixão começam a vir à tona.
Então você passa a entender, cada vez mais, quem você é. Começa a
enxergar a luz da sua própria vida heroica, e o quanto você é magnífico
aos olhos do Criador. Você entende que a magnificência é a imagem do
amor do Criador que você carrega consigo.
Você começa a compreender que os melhores sonhos e visões não vêm dos Anjos, mas das profundezas do seu próprio ser.
Alguns de vocês já tiveram estas experiências. Esta história diz
respeito à autoconsciência e vitória sobre uma falsa realidade que os
faria acreditar que vocês não são nada, e que são vítimas desta Terra.
As cascas da cebola são as partes velhas, escuras, que não estão à
altura da sua magnificência!
Esta é a história para hoje. Ela é mais do que uma história, queridos; é a música interna que pode mudar a vida de vocês!
E assim é
Nenhum comentário:
Postar um comentário