Translate

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

  COMO ENTENDER O CHAMADO - II

Felicidade ou sofrimento? Escuridão ou luz? Seguir os ensinamentos de Jesus ou continuar com os condicionamentos que nos dão interpretação enganosa, ilusória, das coisas do mundo e o consequente sofrimento?.
 
‘Não jureis de modo algum... Dizei somente ‘Sim’, se é sim; ‘Não’, se é não. Tudo o que vai além disso vem do maligno...’.
Sê sempre sincero, leal, franco, amigo, honesto de modo que todos creiam em ti, sem necessidade de juramentos; agindo assim, as condições mentais (tranquilidade) para a meditação melhoram. Se não agimos assim é porque estamos ainda mergulhados na ignorância; na escuridão que representa o maligno...

‘Não resistas ao mau. Se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe, também, a esquerda. Se alguém te tirar a túnica, dá-lhe, também, a capa. Se alguém obrigar-te a andar uma milha com ele... ’.
Sê pacífico, sereno, paciente, mesmo que te julguem tolo, fraco, covarde...; lembra-te que ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’, como disse Paulo; e a serenidade é um dos requisitos para a preparação da mente que tenta a meditação; e, ainda, segundo as escrituras e, hoje, também a física quântica, nós não escolhemos, não decidimos nada, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’.

‘Dai a quem vos pede e não fujais daquele que vos quer pedir emprestado...’.
Quando auxilias alguém, estás auxiliando a todos em geral, e, logo, a ti mesmo; não esquecer que todos nós somos apenas um.

‘Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem e maltratam...’.
Esse é o ponto de vista do iluminado; ele compreendeu que a harmonia entre todos é importante para a qualidade de vida e, logo, para a tentativa de meditação; e mais: a escolha, a decisão para fazer alguma coisa não é nossa, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’.

‘Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis?’
Que fazeis de mais? E, por cima, estais ainda na ignorância, errando, pois todos somos um e ninguém escolheu ter esse ou aquele comportamento. Ainda mais, o amor verdadeiro só se adquire quando se tem o percebimento de que ‘eu e o Pai somos um’, que a perseverança na meditação pode trazer. Antes desse percebimento não existe amor; somente apego, admiração, afeto, dependência.

‘Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito... ’.
Busque a Deus, a verdade, cujo encontro traz tudo aquilo que denominamos perfeição; isso se pode conseguir pela meditação; e Jesus disse: ‘buscai, em primeiro lugar, o reino de Deus, que tudo o mais virá por acréscimo’, isto é, com o auto-conhecimento, que é o percebimento de quem realmente somos, não teremos necessidade de mais nada; estaremos plenificados e livres: ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’.

‘Que tua mão esquerda não saiba o que faz a direita... ’.
Dá teu auxílio, amor, vibração, atenção, em segredo; ninguém precisa saber; se permites que outros saibam, é provável que te enchas de orgulho e vaidade, coisas que constituem distrações e perturbam a meditação. Conforme o cristianismo primitivo, o cristianismo ensinado por Jesus, a distração ou desatenção era o mais grave pecado, pois era o mais sério obstáculo à meditação, e a maior virtude era a atenção.  

‘... ide, antes, às ovelhas perdidas’ (os que chegaram ensinem o ‘caminho’ aos que ainda não chegaram e, por isso, estão perdidos, pois não conhecem a verdade)...

‘Por onde andardes anunciai o reino de Deus’ (ensinai como chegar lá, coisa que, parece, as igrejas não fazem),

‘Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios... ’ (aquele que chegou ‘lá’ está convencido, pois conheceu a verdade e tudo, então, lhe é possível fazer; o ‘campo das infinitas possibilidades’, citado por Maharish Maharesh Yogi).

‘Recebestes de graça, de graça dai.’ (‘não é por vossas obras, mas pela graça de Deus que sois salvos’; assim, aquele que conheceu a verdade ensine como se chegar a ela, como Jesus e outros sempre ensinaram; infelizmente, as religiões organizadas não deram ênfase a esses ensinamentos, que são os mais importantes, dos quais, assim, muitos foram esquecidos).

‘O operário seja digno do seu salário... ’ (‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’; se você busca com perseverança, seriamente e sem preconceitos, será digno do percebimento que terá).

‘Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos; sede, pois, prudentes como as serpentes’ (usai vosso raciocínio e inteligência), ‘mas simples como as pombas... ’ (isto é, nada receeis; sede humildes e confiantes; afinal, toda escolha vem de Deus; embora não compreendamos, tudo é obra de Deus, pois ‘é o Senhor que opera em nós o pensar e o fazer’).

‘Sereis, por minha causa, levados aos tribunais e diante de reis e governadores. Dai testemunho a eles. Não vos preocupeis com o que haveis de falar: ser-vos-á inspirado... ’ (‘o Senhor opera em nós o pensar, o querer e o fazer’; não temos a paternidade nem de nossos pensamentos; então, por que nos preocuparmos? Não adianta ‘espernear’; a escolha não é nossa, conforme as palavras de Jesus e a filosofia da física quântica).

‘Sereis odiados’ (hostilizados, incompreendidos, considerados loucos, tolos) ‘por causa de meu nome..., mas aquele que perseverar até o fim será salvo... ’ (‘batei, pedi, buscai... ’, isto é, teime, persevere, mesmo que os demais não o compreendam. Como disse o sábio: ‘Não seremos compreendidos nem pelos que mais nos amam, porque eles, abençoados sejam, estão dormindo e julgam que quem está despertando está ficando louco’; e Paulo: ‘a sabedoria de Deus é loucura para os homens’; e, ainda, Jesus: ‘Que te importa a ti! Segue-me tu’).

‘Não temais aqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma..., temei, antes, aquele que pode precipitar a alma e o corpo na geena... ’ (de novo, como não escolhemos, tudo pode nos suceder. Tudo é incerto e, portanto, imprevisível. Talvez, por isso, Krishnamurti tenha recomendado indiferença e uma boa dose de humor, frente aos eventos da vida. Temamos, sim, a ignorância, isto é, o não-percebimento, que pode nos ‘precipitar’ na ‘escuridão de um estábulo’, no dizer de Boheme, na geena (sofrimento), pois ainda estaremos sem compreensão das coisas do mundo. Mantenhamos a mente aberta, sem preconceitos e sem receios tolos. Busquemos o auto-conhecimento, que a meditação pode nos dar. Não esqueçamos as palavras de Paulo: ‘estudai de tudo e guardai o que for bom... ’).

‘Nada sucede sem a vontade do Pai... ’ (a escolha não é nossa, logo nem a decisão).

‘(a Pilatos:) Nenhum poder teríeis se do alto não vos fosse dado’ (idem).

‘Quem der testemunho de mim diante dos homens, também dele eu darei testemunho diante do Pai... Aquele, porém, que me negar diante dos homens, eu o negarei diante do Pai.’ (dar testemunho, isto é, divulgar e seguir o que ele ensinou; aquele que não fizer isso será, com certeza, porque não teve o percebimento, não compreendeu, e a ‘negação frente ao Pai’ são os muitos pesares que, inevitavelmente, ainda o acometerão, porque ainda não compreendeu).

‘Quem não toma sua cruz e me segue, não é digno de mim... ’ (quem não compreende que não há escolha, e que, por isso, tudo é imprevisível, não se livrará dos pesares, dos medos e conflitos. Somente quem busca (isto é, quem toma sua cruz, o trabalho de buscar) é digno da libertação que a busca pode trazer; ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’).

‘Aquele que tentar salvar sua vida, perdê-la-á... ’ (vida, isto é, prestígio, riquezas, poder, tudo aquilo pelo que os homens, em geral, pensam que vale a pena viver; tudo isso são distrações, perturbando a meditação e o consequente percebimento, sobretudo se houver apego; tudo isso nos faz perder o percebimento, que constitui a verdadeira vida).

‘O reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam... ’ (aqueles que destroem o estabelecido, o convencionalismo e o condicionamento; os que não se amarram nem ao passado, nem ao futuro, isto é, não se prendem às lembranças nem às expectativas; isso não deixa de ser violência contra a cultura e os costumes, mas é atenção ao presente, ao aqui-agora).

‘Vinde a mim todos vós que estais aflitos e eu vos aliviarei. ’(os que chegam lá são aliviados. Jesus deve ter dito: ‘ide ao Eu’, isto é, penetrai no mais profundo de vós mesmos e encontrareis alívio, pois é ali onde está Deus e ali, no dizer de Buda, está ‘a cessação de todo o sofrimento’. Teresa de Ávila, às noviças: ‘não entrareis no reino dos céus se não entrardes primeiramente em vós mesmas, pois é dentro de cada uma de nós que Deus está’).

‘Em minha doutrina e procedendo como eu procedo, eu que sou manso e humilde de coração, achareis repouso para vossas almas... ’ (seguir seus preceitos, exemplificados por sua conduta (prática), torna possível a percepção da divindade em nós, fato que elimina todo o sofrimento, trazendo repouso para nossas almas).

‘A boca fala do que lhe transborda o coração...’ (sem dúvida, se estamos convencidos de que a felicidade está ‘ali’, em nosso íntimo, não nos calaremos, como Jesus, João Batista, Buda, Krishnamurti, Giordano Bruno e outros, que enfrentaram a morte por não se calarem, na tentativa de abrir os olhos dos demais para essas verdades).

‘A terra semeada, que produz cem por um, é aquele que ouve minha palavra e a cumpre...’ (aquele que chegou ‘lá’ de nada mais necessita e sua ação é sempre produtiva).

‘O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem semeia em seu campo...’ (uma minúscula semente; o trabalho, aparentemente, inglório, tolo, sem gozos, se comparado às atrações do mundo, à porta larga), ‘mas, quando cresce, torna-se um arbusto maior que todas as hortaliças...’ (o reino quando alcançado é cheio de bem-aventurança, e não se compara aos atrativos do mundo, que se apresentam, à visão humana, como coisas mais vantajosas).

‘Vai, vende tudo o que tens e terás um tesouro no céu. Depois segue-me...’ (isto é, desfaze-te de todas as coisas que te distraem, que te prendem, das quais necessitas e, por isso, dependes delas; depois, com atenção, aprofunda-te no ‘eu’; estarás livre para a meditação e poderás encontrar aquilo que Jesus e os místicos encontraram: o tesouro da verdade que liberta).

‘As raposas têm suas tocas, e as aves têm os seus ninhos, mas (quem me segue) não tem onde repousar a cabeça... ’ (pelo desapego de todas as coisas, pela incompreensão dos demais, que ainda estão adormecidos e julgam que quem está despertando é tolo, insano e, por isso, o hostilizam, na tentativa de levá-lo de volta à vida comum; portanto, teime, bata, peça...; ‘que te importa a ti, segue-me tu’).

‘Segue-me e deixe que os mortos enterrem seus mortos... ’ (dedica-te ao mais importante, isto é, à busca da verdade, do auto-conhecimento; já estás despertando, abrindo os olhos, começando a viver; por isso deixa que os que ainda dormem, que estão mortos para a verdade, continuem seu sono e não sejam obstáculo em teu caminho nessa busca). 
 
http://obuscadordedeus.blogspot.com 

Nenhum comentário:

Postar um comentário