COMO ENTENDER O CHAMADO - V
‘Se alguém se envergonhar de mim e de minhas palavras, também eu me
envergonharei dele...’ (não faltará quem te critique nessa busca; não
deixes que, com isso, te embaracem. Continua teu trabalho. Quem critica o
que fazes na busca da verdade ainda está longe do percebimento e, por
isso, sofrerá).
‘Renuncia a ti mesmo, toma tua cruz e segue-me...’ (renuncia ao ‘ego’,
que não passa de fantasia; vai em frente, mesmo que os mais queridos não
te compreendam; a ‘tua cruz’ é a vida daquele que ainda não chegou
‘lá’; quando o ‘eu não é, Deus é’...).
‘Que servirá ao homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?...’
(mesmo com toda riqueza e poder, a vida não terá significado enquanto
nossa ‘alma’ estiver perdida, sem achar o caminho para chegar ‘lá’).
‘Se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a esta
montanha...’ (o conhecimento da verdade nos fará saber o que realmente
somos e, então, nossa fé, transformada em convencimento, permitirá atos
criativos inimagináveis).
‘Se não vos transformardes e vos tornardes como crianças não entrareis
no reino... ’ (a transformação, nascida da compreensão da verdade, dá ao
homem uma mente sem máculas, inocente e pura como a de uma criança;
então, podereis entrar no reino).
‘Se alguém fizer cair em pecado um destes pequeninos (os humildes, mais
fracos, inocentes, menos espertos ou menos instruídos), melhor fora que
lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem ao mar... ’ (pois
ainda não chegou ‘lá’ e, por isso, ‘muitos pesares ainda terá’. Diz
Krishnamurti que a vida só tem significado quando chegamos ‘lá’, e
Maharresh Yogi, que ainda somos sub-humanos enquanto não temos o
percebimento; a vida será com erros, conflitos e dores por não termos,
ainda, chegado lá; não terá sentido).
‘Os escândalos são inevitáveis, mas, ai daqueles que os causam’ (estes
ainda estão longe da percepção da verdade (Deus); agem ‘erradamente’,
por que interpretam incorretamente e sofrem por isso, não como castigo,
mas apenas porque não tiveram a percepção; os que chegaram lá não mais
erram, pois compreenderam, não sofrem mais).
‘Para reconciliar-te com quem pecou contra ti, faz e tenta de tudo; só
depois, se nada der certo, deixa nas mãos de Deus... ’ (não esquecer que
todos somos um; primeiro façamos aquilo que Deus escolhe que façamos;
depois, não nos preocupemos, pois o Pai escolhe segundo sua vontade, e
sua vontade, por mais que não a compreendamos, sempre é feita, nos
felicitando ou nos frustrando).
‘... perdoar setenta vezes sete vezes... ’ (se não temos o poder de
escolher, por que ressentimentos? Perdoe sempre, pois, na verdade, nada
há a perdoar, pois a escolha dos nossos atos não é nossa, mas do
Senhor).
‘... e há eunucos (castrados) que se fizeram eunucos por amor ao reino
dos céus. Quem puder compreender, compreenda... ’ (eliminaram o instinto
sexual, uma das maiores paixões, um dos maiores fatores da distração ou
desatenção para a meditação).
‘...aos homens a salvação é impossível; mas, a Deus, tudo é possível... ’ (nada escolhemos; toda escolha vem de Deus, logo...).
‘Os últimos serão os primeiros... ’ (porque estes já estão compreendendo
a verdade; assim, tornam-se mais humildes e se colocam no último lugar;
no entanto, estão mais próximos da percepção do sagrado...).
‘... aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo... ’ (idem).
‘Minha casa é casa de oração; não façais dela um covil de ladrões... ’
(a mente, onde encontramos Deus, deve estar limpa e não cheia de
escórias e lixo, isto é, pensamentos, lembranças, expectativas, ilusões,
opiniões emoções, imaginações, condicionamentos, crenças, coisas que
roubam a atenção e são obstáculos à meditação; quando livre de ruídos,
de estática, podemos ter a percepção daquilo que é sagrado. Krishnamurti
ensinou: ‘mantenha o seu quarto (a mente) limpo, arrumado (sem
preconceitos), e as janelas (mente) abertas; assim, a coisa poderá
entrar, a qualquer momento... ’).
‘Ninguém será recebido nas bodas (iluminação) sem vestes nupciais... ’
(as vestes são a necessária preparação para a meditação; se alguém não
está preparado, será difícil que a coisa lhe aconteça).
‘... filtrais um mosquito e engolis um camelo... ’ (as coisas do mundo
são interpretadas equivocadamente por aquele que ainda não esteve ‘lá’;
isso lhe acarreta conflitos e sofrimentos).
‘Limpais por fora o copo e o prato e por dentro estais cheios de roubo e intemperança... ’ (idem).
‘Sepulcros caiados, formosos por fora, mas cheios de podridão por
dentro... ’ (os que não chegaram ainda; como disse Boheme, místico
cristão, ‘enquanto o Cristo não nascer em você, você viverá na escuridão
de um estábulo, entre fezes e urina’; de nada adianta o que você tenha
por fora, isto é, poder, belezas, riquezas, etc.).
‘... aquele que perseverar até o fim será salvo...’ (persevere na
prática, sem desistir, batendo, buscando; pode suceder que, de repente,
sem que você saiba a hora, nem o lugar, como na parábola, aconteça...).
‘Vigiai, porque não sabeis a hora em que virá o Senhor; estai, pois,
sempre preparados porque Ele virá numa hora que menos pensardes; não
sabeis nem o dia, nem a hora...’ (idem; ‘vigiai’, isto é, esteja atento;
veja, também as parábolas das virgens insensatas, do servo fiel, do
ladrão).
‘Em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isto a um destes
irmãos foi a mim mesmo que o fizestes...’ (Jesus não teria dito ‘foi ao
Eu mesmo que o fizestes’? pois o que fazemos a outrem, fazemos a nós
mesmos; todos somos um).
‘O espírito é pronto, mas a carne é fraca...’ (enquanto não chegamos lá,
isto é, enquanto não tivermos o percebimento caímos em muitos erros e,
assim, sofremos pois nossos sentidos nos farão interpretar erradamente).
‘Ensinai-as (às nações) a observar tudo o que eu vos prescrevi...’ (a
luz não deve ser colocada sob o alqueire, mas sobre o velador para que
ilumine a todos).
‘Aquele que faz a vontade de meu Pai, esse é meu irmão, minha irmã e
minha mãe... ’ (aquele que segue os ensinamentos percebe ser da família
dele, isto é, da sua mesma natureza).
‘Não julgueis, pois, com a mesma medida que medirdes, vos medirão a vós
também, e com maior rigor ainda... ’ (quando julgamos alguém, agimos
erradamente; nada há a ser julgado, pois a escolha não é nossa; se
estamos, porém, ainda no nível de julgar, também estamos no nível de
supor que nos estão julgando e de que, por isso, sofremos).
‘Não é o que entra, mas o que sai do homem que o pode manchar... ’
(enquanto não chegou lá; não que seja ‘pecado’ que exija corretivo;
apenas mostra que esse ainda não esteve lá e, por isso, sofre).
‘Quão difícil é entrarem no reino dos céus os que põem sua confiança nas
riquezas... ’ (pela distração, preocupação, desatenção e medo, daí
resultantes; afastam-se das coisas elevadas e, assim, dificilmente,
buscam o reino...).
‘Todo aquele que disser a este monte:... e não duvidar em seu coração,
que acontecerá o que disse, obterá esse milagre... ’ (só não duvida
aquele que teve o convencimento advindo da experiência de Deus e, assim,
sua criatividade será inimaginável; as superposições coerentes, da
física quântica).
‘Por isso vos digo: tudo que pedirdes na oração, crede (convencei-vos)
que o tendes recebido, e ser-vos-á dado...’ (o ‘convencimento’ de que
algo acontecerá, faz com que esse algo se manifeste no espaço-tempo.
Jesus não disse ‘que o receberás’, que é tempo futuro, que não existe,
mas que já estás recebendo. Esse conselho, não esqueçamos, vem da boca
de um iluminado que percebeu que é assim).
http://obuscadordedeus.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário