MEDITAÇÃO PELO DESPERTAR PLANETÁRIO
Como a Força da Mente Humana
Cria a Civilização da Fraternidade Universal
“Tudo o que somos é resultado do que pensamos no
passado. Tudo o que somos se baseia em nossos pensamentos
e é formado por nossos pensamentos. Se alguém fala ou age
com pensamento puro, a felicidade o acompanha assim como
sua própria sombra, que nunca se afasta dele.”
(“O Dhammapada” budista, Capítulo 1, Versículo 2)
“Pede, e te será dado; busca, e acharás;
bate à porta – e a porta se abrirá.”
(Novo Testamento cristão, Mateus, 7:7)
A
visualização a seguir desenvolve a potencialidade superior do ser
humano, destrói circuitos fechados de emoções negativas e abre espaço
para uma regeneração cultural. Como meditação e como ação criadora, ela
devolve ao cidadão a consciência de que os seus pensamentos criam o
futuro, individual e coletivo.
A respeito da lei da natureza em que esta meditação se baseia, cabe refletir sobre a seguinte afirmação de Helena Blavatsky:
“Havendo
uma certa intensidade da vontade, as formas criadas pela mente se
tornam subjetivas. Alucinações, elas são chamadas, embora para o seu
criador elas sejam tão reais quanto qualquer objeto visível é para
qualquer outro. Existindo uma concentração mais intensa e mais
inteligente desta vontade, a forma se tornará concreta, visível,
objetiva; o homem terá então aprendido o segredo dos segredos; ele se
tornou um MÁGICO.” [1]
Na mesma obra, a teosofista russa acrescentou:
“Quando
a psicologia e a fisiologia se tornarem dignas do nome de ciências, os
ocidentais se convencerão da força misteriosa e formidável que existe na
vontade e na imaginação humanas, sejam elas exercidas de modo
consciente ou não. E, no entanto, é extremamente fácil compreender o espírito
deste poder. Basta lembrar do grande axioma segundo o qual cada átomo
da natureza, por mais insignificante que pareça, é movido pelo espírito, que é um só em sua essência, e do qual cada partícula representa o todo; e que a matéria, afinal de contas, é apenas uma cópia concreta da ideia abstrata.” [2]
Em “A Doutrina Secreta”, ao citar alguns parágrafos de Subba Row, H. P. B. escreveu sobre –
“….
A misteriosa força do pensamento, que pode produzir resultados
externos, perceptíveis, no plano dos fenômenos, a partir da sua própria
energia inerente. Os antigos afirmavam que qualquer ideia se
manifestará externamente se a atenção do indivíduo estiver profundamente
concentrada nela. Do mesmo modo, uma intensa vontade produzirá o
resultado desejado.” [3]
O
movimento teosófico moderno foi fundado como um projeto de longo prazo.
Sua meta é evocar e tornar ativas em nossa humanidade as
potencialidades mais elevadas da sua natureza, de modo que novas e
melhores civilizações possam finalmente emergir. Por este motivo,
encontramos nas Cartas dos Mahatmas as seguintes linhas escritas por um
Mestre:
“…Estamos
contentes de continuar vivendo como o fazemos, desconhecidos e
imperturbados por uma civilização que se apoia tão exclusivamente no
intelecto. Nem nos sentimos, de modo algum, preocupados com o
ressurgimento de nossas antigas artes e elevada civilização, porque elas
certamente ressurgirão no momento certo, e de forma ainda mais elevada,
assim como os plesiossauros e megatérios em seu próprio tempo. Temos
tendência a crer em ciclos que voltam sempre periodicamente e esperamos
poder acelerar a ressurreição do que já passou e se foi. Nós não
poderíamos impedi-lo ainda que o quiséssemos. A ‘nova civilização’ será
apenas filha da antiga, e nos basta deixar que a lei eterna siga o seu
próprio curso para que os nossos mortos saiam dos seus sepulcros; mas
estamos certamente ansiosos por acelerar o desejado acontecimento.” [4]
Os
Mestres e seus discípulos estão, portanto, profundamente interessados
em acelerar o surgimento de uma nova civilização, que será apenas filha
da antiga, e que corresponderá a um renascimento da sabedoria e das
civilizações antigas. Na mesma linha de raciocínio, na frase que
conclui seu livro “A Chave Para a Teosofia”, H. P. Blavatsky previu que,
se o movimento teosófico cumprir corretamente o seu dever – “a Terra
será como um céu, no século 21”.
Ainda
há tempo para isso. A relação correta entre “céu” e “terra”, ou
consciência celeste e consciência humana, é um item decisivo na agenda
do movimento teosófico do século 21 e além. O próximo passo da evolução
humana é o uso eficiente da energia mental por parte dos seus
indivíduos, de modo a alcançar metas nobres e corretas, isto é,
benéficas para todos. Este não é um sonho vago. O projeto constitui uma
necessidade histórica a ser cumprida gradualmente e completada no tempo
certo, de acordo com a Lei do Carma. Cada cidadão pode decidir
transformar-se em um centro ativo desta revolução silenciosa. Um Mahatma
dos Himalaias explicou:
“O
cérebro humano é um gerador inesgotável, e da melhor qualidade, que
produz força cósmica a partir da energia baixa e bruta da Natureza; e o
adepto completo tornou-se um centro do qual se irradiam potencialidades
que geram correlações e mais correlações durante épocas sem fim do tempo
que virá. Esta é a chave do mistério pelo qual ele é capaz de projetar
no mundo e materializar nele as formas que sua imaginação construiu a
partir da matéria cósmica no mundo invisível. O adepto não cria qualquer
coisa nova, apenas utiliza e manipula materiais que a Natureza
apresenta ao redor dele, material que durante todas as eternidades
passou por todas as formas. Ele tem apenas que escolher aquela que
deseja e dar-lhe existência objetiva.” [5]
Poucos parágrafos adiante, o Mestre expandiu a ideia:
“…Cada
pensamento do homem, ao ser produzido, passa ao mundo interno e se
torna uma entidade ativa associando-se – amalgamando-se, poderíamos
dizer – com um elemental, isto é, com uma das forças semi-inteligentes
dos reinos. Ele sobrevive como inteligência ativa – uma criatura gerada
pela mente – por um período mais curto ou mais longo, proporcionalmente à
intensidade da ação cerebral que o gerou. Desse modo um bom pensamento é
perpetuado como força ativa e benéfica, um mau pensamento como demônio
maléfico. Assim, o homem está constantemente ocupando sua corrente no
espaço com seu próprio mundo, um mundo povoado com a prole de suas
fantasias, desejos, impulsos e paixões; uma corrente que reage sobre
qualquer organização sensível ou nervosa que entre em contato com ela na
proporção da sua intensidade dinâmica. A isto os budistas chamam
‘Skandha’. Os hindus lhe dão o nome de ‘Carma’. O adepto produz essas
formas conscientemente; os outros homens as atiram fora
inconscientemente.” [6]
Os Três Objetivos para a Construção do Futuro
Desde
o século 19, o desenvolvimento das potencialidades sagradas da
humanidade faz parte do dharma e do dever do movimento esotérico.
O
primeiro dos três objetivos do esforço teosófico inaugurado em 1875 é o
estímulo à prática da fraternidade universal. Isso deve ser realizado
sabendo-se que a força do exemplo é o alicerce das palavras.
A
segunda meta é a busca da sabedoria ensinada pela literatura filosófica
de todos os tempos e de todos os povos, com prioridade para a sabedoria
oriental, que é mais antiga. O terceiro objetivo é a investigação dos
poderes latentes na consciência de cada ser humano.
As
três metas são inseparáveis, e o terceiro objetivo deve ser buscado
como mero instrumento para alcançar o primeiro. O progresso real começa
quando compreendemos um princípio básico: o egoísmo, que brota da
ignorância, é um beco sem saída e provoca um circuito fechado de
infelicidade.
A
meditação a seguir constitui uma prática altruísta. Ela é uma resposta
ao desafio lançado por um Mestre através da afirmação de que a humanidade é a grande órfã,
já que até agora são relativamente poucos os indivíduos que
desenvolveram um sentido de responsabilidade pessoal pelo seu futuro. [7]
Aquele que pratica este exercício de contemplação coloca os poderes latentes da sua consciência a serviço da Fraternidade Universal,
conforme exige, expressamente, a lei do Carma e da Evolução. Esta é,
pois, a maneira correta de desenvolver as potencialidades transcendentes
da mente humana. É, também, o modo mais prático de alcançar a
felicidade.
A
meditação pode ser realizada individual ou coletivamente. Uma boa ideia
consiste em fazê-la acontecer em associações comunitárias. É preferível
meditar em um lugar onde haja silêncio e ar puro. A sua prática regular
produz efeitos mais fortes do que a sua realização como fato isolado,
mas ela é sempre benéfica e, ainda que seja feita uma só vez, deixa sua
marca invisível e indelével de sintonia com o alvorecer.
O Despertar Planetário
1) Sentado,
com os pés bem plantados no chão, as partes superiores e inferiores das
pernas formando ângulo reto, fique com a coluna ereta.
2) Respire calma e profundamente. Deixe de lado as preocupações com assuntos pessoais de curto ou médio prazo.
3) Relaxe
os pés, depois as pernas, as mãos, os braços, e finalmente os músculos
do rosto. Sinta o contraste entre a musculatura relaxada e a coluna
vertebral firme. Assim devemos ser diante da vida: firmes no essencial e
flexíveis no que é secundário.
4) Lembre-se
de que esta não é a sua primeira encarnação, e pense, lentamente, no
sofrimento acumulado da humanidade durante os últimos milênios. Pense
nos níveis atuais de dor humana nos diferentes continentes de nosso
planeta. Observe seu próprio sofrimento: mesmo esperanças e aspirações
trazem consigo frequentemente formas de sofrimento. Reflita sobre o
fato de que é possível transmutar o sofrimento em sabedoria. Reconheça
que o apego à dor não é necessário. Admita que todo obstáculo é fonte de
lições. Perceba com calma que a tarefa do ser humano é crescer
interiormente, fortalecendo a vontade de fazer e viver o melhor.
Contemple o próximo passo da evolução: ele consiste em cada cidadão
aprender em sua própria alma a arte de viver com altruísmo impessoal.
Assim se irradia pouco a pouco uma felicidade durável para todos.
5) Visualize
os seres humanos em todas as partes do mundo tirando lições de cada
desafio que enfrentam. Veja a sabedoria e a solidariedade permeando as
relações entre todos em cada continente. Imagine a humanidade a
despertar agora para a força ilimitada da ajuda mútua. Mantenha diante
de si, por um instante, a imagem de cada cidade e comunidade rural
acordando para a solução fraterna dos seus problemas. Enxergue todos os
lugares como centros ativos de uma civilização global baseada nos
princípios da autorresponsabilidade e da ajuda mútua.
6) Veja
o rádio, a televisão, os meios impressos de comunicação social e os
websites promovendo ativamente metas pacíficas que visam o bem-estar
comunitário. Observe com calma a civilização de hoje enquanto ela
constrói mecanismos de solidariedade, no vasto e inspirador mundo da sua
própria mente criativa. Fortaleça seu compromisso pessoal com esta
visão de planeta. A humanidade é o círculo de Pascal, cujo centro está
em todas as partes, e você seguramente não é uma exceção.
7) Visualize
por alguns instantes dirigentes políticos sinceros partilhando e
facilitando o processo do despertar planetário. Lembre-se de que aquilo
que é difícil tem mais mérito. Basta que a meta seja digna. Imagine a
sua cidade e o seu país como territórios em que reina a ética. Veja-os
prontos para uma nova era de fraternidade entre todos os seres. Guarde
consigo esta imagem revolucionária. Mantenha-a nítida em sua mente e
coração. Veja a si mesmo como corresponsável pelo despertar coletivo.
Faça
com que esta visão elevada permaneça mais forte que os sentimentos
antigos e rotineiros. Deste modo você desenvolve corretamente o poder da
sua vontade, enquanto acelera o surgimento da civilização do futuro.
O
século 21 permite que haja uma satisfação crescente no processo pelo
qual percebemos que todos nós somos como o velho Atlas mitológico e
carregamos conosco o peso do mundo. Embora cada um de nós seja
corresponsável pelo planeta, à medida que emerge a ética planetária o
mundo se torna mais leve, e as novas gerações de almas adultas assumem sem amargura a tarefa de zelar pelo bem comum.
Carlos Cardoso Aveline
Om, shanti. Paz.
NOTAS:
[1] Helena P. Blavatsky, em “Isis Unveiled”, Theosophy Co., Los Angeles, Vol. I, p. 62. Veja também a edição brasileira, “Ísis Sem Véu”, Ed. Pensamento, volume I, capítulo II.
[2] “Isis Unveiled”, vol. I, p. 384. Na edição brasileira, “Ísis Sem Véu”, volume III, p. 88. A partir destas palavras, H. P. B. continua discutindo o assunto durante várias páginas.
[3] “The Secret Doctrine” (“A Doutrina Secreta”), edição original em inglês, Theosophy Co., Los Angeles, Vol. I, p. 293.
[4] “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, Brasília, volume I, Carta 11, pp. 81-82.
[5] “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, Brasília, edição em dois volumes, ver volume II, pp. 341-342.
[6] “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, Brasília, edição em dois volumes, ver volume II, p. 343.
[7] Veja “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, volume I, Carta 15, p. 101. Em cerca de 20 linhas dedicadas a este assunto, podemos ver estas palavras do Mestre: “Pois é a ‘Humanidade’ que é a grande órfã, única deserdada desta terra, meu amigo. E cada homem capaz de um impulso altruísta tem o dever de fazer alguma coisa, mesmo que pouco, pelo bem-estar dela.”
[1] Helena P. Blavatsky, em “Isis Unveiled”, Theosophy Co., Los Angeles, Vol. I, p. 62. Veja também a edição brasileira, “Ísis Sem Véu”, Ed. Pensamento, volume I, capítulo II.
[2] “Isis Unveiled”, vol. I, p. 384. Na edição brasileira, “Ísis Sem Véu”, volume III, p. 88. A partir destas palavras, H. P. B. continua discutindo o assunto durante várias páginas.
[3] “The Secret Doctrine” (“A Doutrina Secreta”), edição original em inglês, Theosophy Co., Los Angeles, Vol. I, p. 293.
[4] “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, Brasília, volume I, Carta 11, pp. 81-82.
[5] “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, Brasília, edição em dois volumes, ver volume II, pp. 341-342.
[6] “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, Brasília, edição em dois volumes, ver volume II, p. 343.
[7] Veja “Cartas dos Mahatmas”, Editora Teosófica, volume I, Carta 15, p. 101. Em cerca de 20 linhas dedicadas a este assunto, podemos ver estas palavras do Mestre: “Pois é a ‘Humanidade’ que é a grande órfã, única deserdada desta terra, meu amigo. E cada homem capaz de um impulso altruísta tem o dever de fazer alguma coisa, mesmo que pouco, pelo bem-estar dela.”
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