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domingo, 20 de setembro de 2020

 MANTÉM CONTATO COM A NATUREZA

Reconexão com a natureza – vida organizada 

É fato histórico que todos os homens realmente espirituais e profundamente felizes eram e são dedicados amigos da Natureza: Jesus Cristo, Francisco de Assis, Mahatma Gandhi, Albert Schweitzer e muitos outros.   

Refere o livro do Gênesis que Deus pôs o homem no meio de um jardim maravilhoso, espécie de pomar chamado Éden, para que o cultivasse e se alimentasse dos seus frutos. Só depois que o homem (Caim) cometeu o primeiro homicídio (Abel) é que ele abandonou a Natureza de Deus e preferiu as cidades dos homens. O homem espiritual, porém, continua amigo do Éden de Deus. A maior parte das parábolas de Jesus sobre o reino de Deus é tirada do mundo das plantas, das aves e dos animais. 

Vigora misteriosa afinidade entre a felicidade do homem e a paz da natureza. A Natureza é a zona do subconsciente – a felicidade do homem espiritual é o reino do superconsciente. O homem primitivo, meramente sensorial, é escravo da Natureza. 

O homem intelectualizado é escravocrata e explorador da Natureza. 

O homem espiritual é amigo e aliado da Natureza; compreende a Natureza, e a Natureza o compreende. 

A nossa civilização moderna fez com que o homem se divorciasse, total ou parcialmente, da Natureza, fazendo-o viver num ambiente artificial, desnatural, antinatural, não menos prejudicial ao corpo do que à alma. Milhares de pessoas abandonam os campos e a vida simples no meio da Natureza e se aglomeram caoticamente nas grandes cidades, agonizando em bairros e becos imundos, anti-higiênicos, gastando muito e ganhando pouco, explorados pelas empresas, às quais servem como escravos e vítimas; ingerem venenos em forma de alimentos e medicamentos, em desarmonia com o ambiente e consigo mesmos. 

A vida do homem é o resultado dos seus pensamentos habituais. Se o homem se habitua a pensar que a vida no campo é insuportável e a da cidade é maravilhosa, a sua vida seguirá necessariamente o curso dos seus pensamentos. Estranha obsessão leva milhares de homens para as cidades, como as mariposas que vão em demanda da luz – até queimarem as asas e morrerem no pó...

O que leva muitos homens a abandonarem os campos e se aglomerarem nas cidades não é apenas a necessidade de cultura nem mesmo o desejo de lucros fáceis e rápidos, mas sim, e sobretudo, o horror à solidão. A solidão externa aterra o homem que não possui plenitude interna. Esse homem, interiormente vazio, tenta fugir de si mesmo e encher com barulhos externos a sua vacuidade interna. Todo homem que tenha dentro de si um mundo de ideias e ideais gosta de estar a sós consigo e com a silenciosa Natureza. O homem interiormente vazio necessita dos ruídos carnavalescos das ruas e praças públicas, a fim de encher os seus vazios internos. 

O pavoroso aumento da criminalidade, sobretudo no setor da delinquência juvenil, entre 14 e 18 anos, é resultado dessa fuga da vida simples e sadia dos campos e desse desnatural congestionamento nos grandes centros. 

Quando se fala do “retorno à Natureza”, muitos entendem esse retorno apenas no sentido de Rousseau, como um refúgio à Natureza externa, física, aos campos, aos bosques, às praias e às montanhas. Mas o verdadeiro retorno é outro. O homem moderno nunca voltará aos tempos do homem pré-histórico, ou dos selvícolas das nossas florestas. A verdadeira natureza do homem é espiritual, divina. O verdadeiro regresso à Natureza é, pois, um “ingresso”, uma entrada do homem para o seu próprio interior, espiritual, eterno, divino. O homem primitivo, vivendo em plena natureza material, não é o homem realmente natural; ele é ainda infranatural, assim como o homem moderno é desnatural ou antinatural. Só quando o homem atinge a sua verdadeira natureza espiritual é que ele se torna plenamente natural – e só então começa ele a compreender a alma da Natureza em derredor dele. Os nossos poetas e romancistas, não raro, celebram os encantos da Natureza; mas a maior parte deles só conhece o corpo da Natureza, ignorando-lhe a alma. 

Só o homem que encontrou dentro de si a natureza da alma é que pode
compreender a alma da Natureza fora de si mesmo. 

Para, de fato, compreender a Natureza de Deus deve o homem compreender o Deus da Natureza. 

Hoje em dia, milhares de pessoas das grandes cidades passam os domingos e feriados em seus sítios. Infelizmente, muitos desses “sitiantes” são verdadeiros “sitiados”, porque vivem em voluntário “estado de sítio”. O fato de não terem encontrado a sua natureza interior não os deixa viver na simbiose com a alma da natureza exterior. Fugiram da poluição material da cidade, mas carregam consigo e transferem para o campo e o mato a sua poluição mental e espiritual. Quem, no sítio, lê jornal, tem rádio e televisão, recebe visitas tagarelas, não é um sitiante, é um sitiado. O verdadeiro sitiante vai dormir cedo e acorda cedo, com o sol, ou antes dele. Planta árvores frutíferas para si e sua família e para os passarinhos. Não mata passarinhos nem os aprisiona em gaiolas. Convive com a alma de todos os seres vivos.

 Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade

http://universalismoesoterico.blogspot.com

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