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terça-feira, 19 de setembro de 2017

ZEN É A CHAVE QUE ABRE
O REINO INTERIOR


Fragmentos da sabedoria Zen


Ser não é ter

Ainda que possuíssemos tudo o que desejamos não estaríamos satisfeitos.

Esta é a causa da nossa doença, sobretudo no seio duma sociedade que nos promete tudo, mas nos priva do essencial. Já que o essencial não é 'ter', mas 'ser', e quanto mais temos 'temos', mais desejamos, e quanto mais desejamos, menos 'somos'.

A nossa verdadeira riqueza, aquela que nos pertence em propriedade e que ninguém pode roubar-nos, está dentro de nós próprios, profundamente escondida e quase sempre mal conhecida. Este fundo de nós próprios, estável e aprazível, esta riqueza nossa esquecida, só pode ser descoberta através duma prática direta e eficaz.
 
 
 
Zen, aqui e agora
 
Mais além das formas, dos dogmatismos, das instituições ou das teorias, o ser humano está à procura dum novo estado de consciência (ou uma velha consciência dormida) que lhe permita libertar-se, transformar-se, desenvolver-se, a partir da fonte profunda que está nele.

O Zen não é nem um razoamento nem uma teoria. Não é um conhecimento compreensível pelo intelecto somente, é uma prática, uma experiência. Ao mesmo tempo objetiva e subjetiva, já que não separa estes dois pontos de vista complementares, da mesma maneira que não dissocia o corpo e o espírito, a fisiologia e a psicologia, o consciente e o inconsciente, mas faz um chamado à totalidade do ser.

Neste sentido corresponde às aspirações que atualmente orientam o progresso da civilização moderna, a qual tenta superar as categorias, as separações estreitas, as divisões em todos os domínios.

«Temos de harmonizar os contrários, remontando-nos à sua origem. Esta é a atitude Zen, a Via do Meio: abarcar as contradições, fazer a sua síntese e realizar o equilíbrio» dizia-nos Taisen Deshimaru.

Ou, como disse com antecedência Rabindranath Tagore: «No futuro, os ocidentais e os orientais formarão uma grande sinfonia espiritual. Espero que chegue logo o dia em que toda a Humanidade se harmonizará numa comunhão universal». Na época atual, todas as nações do mundo devem superar o caminho unilateral de uma ideologia ou de um nacionalismo estreito. A barreiras nacionalistas ou raciais devem ser abolidas. Devemos apontar para um objetivo comum: o do caminho universal. Devemos entender-nos e harmonizar as nossas concessões com um espírito aberto. O espírito moderno de liberdade deve desfazer-se das velhas superstições, das crenças e das limitações formais, com o intuito de poder encontrar no fundo de nós próprios a origem duma moral autêntica, pessoal e universal ao mesmo tempo, ligada à consciência funda da vida.
 
 

Zen e qualidade de vida
 
«O Zen purifica e eleva até a mais alta dimensão os desejos sãos do homem. O Zen pode ajudar a resolver a crise da civilização moderna, não somente na consciência profunda de cada um, mas a de toda a Humanidade», escreveu Taisen Deshimaru.
 
O Zen desenvolve um alto grau de consciência de si e de paz interior. Abandonando o egoísmo individual e aprendendo a tranquilizar a mente, pode-se aceder ao fluxo interno da atividade e da energia e ao conhecimento intuitivo

Esta é a sabedoria que nos conduz à sabedoria pela porta do silêncio e sem desejo de proveito pessoal.

«Mantenham as mãos abertas, toda a areia do deserto passará pelas vossas mãos. Fechem as mãos, só obterão um punhado de areia», escreveu o mestre Dôgen.
 
 
 
 
Zen e Religião
 
O Zen é a essência do budismo. Mas ante tudo e essencialmente é contacto com o absoluto em nós próprios; acordar à realidade mais além das aparências visíveis; compreensão da nossa profunda natureza humana, invisível. E nisto é universal.

O Zen é sobretudo uma postura, a postura sedente de zazen, com os seus três elementos: atitude do corpo, atitude de espírito e respiração.

Uma postura é uma atitude. Um postura quer dizer, evidentemente no sentido mais amplo do termo, uma atitude perante a vida: atitude de força e de equilíbrio, de serenidade e de vigilância, de respeito e de tolerância, de união com a vida cósmica.

O Zen situa-se mais além de todas as religiões tradicionais, mas ao ser a raiz mesma do espírito religioso, pode viver entre todas as religiões, dar a cada uma o seu verdadeiro poder religioso, e, no seio de todas as místicas, da mesma maneira que um peixe a viver na água.

«A água é a vida para o peixe, mas o peixe também é a vida para a água», dizia Dôgen.
 
 

Zen e vida quotidiana  
 
No mundo do budismo zen, perguntas tais como: 'Para quê?' ou 'Por quê?' carecem totalmente de sentido. A pergunta essencial é 'Como?'. 'Como viver? Como morrer?'
 
Desta atitude desprende-se uma sabedoria prática que pode ser aplicada a cada momento da vida quotidiana. 'Como dormir? Como tomar os alimentos? Como caminhar? Como guiar o carro? Como sentar-se? Como respirar? Como atravessar de maneira justa este curto lapso de tempo que vai do nosso nascimento para o nosso caixão? Com que atitude de espírito?'

A prática da meditação em zazen não está em contradição com a nossa vida diária e, sobretudo, não é uma evasão perante as dificuldades que o viver diário nos apresenta. Antes ao contrário, graças à pratica assídua de zazen, podemos encontrar a lucidez, a calma e a energia necessárias para resolver com soltura e eficiência as situações quotidianas.

Zazen não é, contudo, uma técnica de bem-estar que se possa usar com fins utilitaristas. Antes é através do abandono do egoísmo e da crispação causada pela consciência egótica, como podemos mergulhar, sem medo, na nossa existência e evoluir nela como peixe na água, naturalmente, inconscientemente.

Os melhores momentos para sentar-se em zazen são o amanhecer e o entardecer. Estes momentos de transformação da natureza e dos nossos próprios ritmos biológicos, favorecem a concentração e preparam-nos para enfrentar abertamente a jornada por uma parte, e para purificar a nossa consciência e o nosso corpo de todas as impressões sensoriais nocivas que acumulamos durante o dia, por outra.

As pessoas que continuam diariamente esta prática são testemunha da funda renovação que experimentaram nas suas vidas.
 
 
 
Fonte:https://pt.sotozen.es 
 

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