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quarta-feira, 22 de março de 2017

REBELDIA INTELIGENTE



O rebelde precisa ser não violento, por simples necessidade: a menos que ele seja não violento ele não pode ser o veículo de uma humanidade pacifica, sem guerras e sem classes.

O rebelde não pode estar dividido; ele não pode ser alguém que escolhe. Não pode escolher algumas coisas do passado e deixar de escolher algumas outras. O passado como um todo precisa ser completamente refutado, somente então, poderemos nos livrar da barbaridade na humanidade, da crueldade, da violência e de um desrespeito profundamente enraizado pela vida e pela existência.

Minha abordagem é a pela reverência pela vida: o rebelde estará pronto para morrer, mas não para matar. É a dignidade do ser humano, morrer por uma causa. É animalesco matar alguém, não importa quão grande a causa possa ser – ao matar, você a estragou completamente.

O rebelde precisa confiar no amor, no estado meditativo, estar consciente de sua imortalidade, que mesmo que seu corpo seja crucificado, ele permanece intocado.

No que se refere a minha rebelião, ao meu rebelde, a violência está simplesmente fora de questão: ele não pode destruir, nós destruímos o suficiente; ele não pode matar: nós matamos o suficiente. É hora de parar toda essa maneira de vida idiota.

Nem todos os rebeldes são iluminados, mas todos iluminados são rebeldes. A pessoa pode ser rebelde sem ser iluminada. Lênin, Marx, Tolstoi, são rebeldes, mas nenhum deles é iluminado e a rebelião deles permanecerá relacionada a situações sociais, econômicas e políticas muito comuns.

Quando digo que o iluminado sempre é um rebelde, não quero dizer social, política e economicamente, mas, existencialmente. Ele é uma pessoa transformada. Ele conhece o seu próprio ser e conhece o esplendor de seu ser. Ele não está mais em nenhuma viagem de poder, pois ele não pode ter poder maior do que aquele que está desabrochando de seu próprio ser.

Existem rebeldes que estão tentando mudar formas sociais, sociedades, comunismos, socialismo, anarquismo. Esses são rebeldes comuns e existem Budas que transmutaram seus próprios seres, que encontraram sua própria fonte de vida e ao encontrá-la, transcenderam tudo o que parece tão importante para as outras pessoas. Toda essa tolice de ser hindu, muçulmano ou cristão se torna muito infantil. Um Buda, simplesmente pode rir da estupidez humana; sua risada o torna muita mais rebelde do que seus supostos grandes rebeldes.

O novo rebelde não irá se conformar com o sistema e os seus interesses. Ele está completamente despreocupado em relação à sua respeitabilidade, reputação, honra, adoração; ele não necessita dessas coisas. As pessoas que estão vazias por dentro é que necessitam de todos esses adornos.

O novo rebelde é um ser iluminado - ele está realizado e profundamente satisfeito. Ele se mantém à parte e só, com uma clareza sobre tudo. Ele falará, e se isso for contra a sociedade, contra a herança, contra a antiga tradição, contra as escrituras, não importa.

Para o novo rebelde, a verdade é a única religião. Ele está pronto para ser condenado em nome da verdade; ele está disposto a ser crucificado em nome da verdade.

O novo rebelde é um indivíduo absolutamente livre de todos os grilhões da multidão - mesmo que esses grilhões sejam de ouro. Ele é tão livre como um pássaro a voar. Ele não aceitará nenhuma gaiola, por mais preciosa que seja. A verdade é a sua religião, a liberdade é o seu caminho. E ser ele mesmo, totalmente ele mesmo, é o seu objetivo.


Não obedeça ninguém.
Simplesmente obedeça seu ser.
Para onde ele o levar, vá sem temor, em liberdade.
Uma vez percebida uma certa verdade, você nada mais poderá fazer além de obedecê-la.
Mas precisa ser a sua visão, sua percepção, a sua compreensão.
Comece com a desobediência.
A sociedade tudo lhe dará se você der a sua liberdade.
Ela lhe dará respeitabilidade, grandes postos na hierarquia, na burocracia - mas você precisa abandonar uma coisa: sua liberdade, sua individualidade. Você precisa se tornar um número na multidão.
A multidão odeia a pessoa que não é parte dela.
A multidão fica muito tensa percebendo um estranho entre ela, pois o estranho se torna um ponto de interrogação.
A vida necessita de transformação, e transformação é um grande trabalho sobre você mesmo.

 
O homem, agora, precisa destruir todos os tipos de servidão e sair de todas as prisões - escravidão, não mais. O homem tem de se tornar um indivíduo. Tem de se tornar um rebelde. E quando um homem se torna um rebelde... De vez em quando, algumas pessoas escapam da tirania do passado, mas só de vez em quando - um Jesus aqui e ali, um Buda aqui e ali. Elas são exceções. E mesmo essas pessoas, Buda e Jesus, não conseguiram viver plenamente. Tentaram, mas a sociedade inteira foi contra.

Até hoje, nenhuma sociedade foi capaz de dar liberdade a suas crianças para que fossem elas mesmas. Isso parece arriscado. Elas podem se revelar rebeldes. Podem não seguir a religião dos seus antepassados; podem não achar que os grandes políticos sejam realmente grandes; podem não confiar em seus valores morais. Elas encontrarão sua própria moralidade e estilo de vida... Não serão réplicas, não repetirão o passado; elas serão seres do futuro.

É uma alegria ver um homem que, em si mesmo, é uma revolução, porque ele cumpriu o seu destino. Ele transcendeu a massa medíocre, a multidão adormecida.

Por milhares de anos você tem permanecido identificado com a mente, tem despejado muita energia nela. Ela segue girando e girando, por meses e anos. Mas se você conseguir permanecer um observador silencioso, um observador na colina, então pouco a pouco a energia, o momentum, é perdido e a mente chega a parar.

No dia em que a mente parar, você chegou. A primeira visão do que é Deus e de quem é você acontece imediatamente, porque uma vez que a mente para, toda a sua energia que tinha permanecido envolvida com ela é liberada. E essa energia é tremenda, é infinita: ela começa a descer em você. É uma grande bênção, é graça.

Os chamados revolucionários seguem fracassando porque eles continuam tentando dar um jeito nas mesmas coisas da mente. Alguém acredita em Deus e daí aparece um revolucionário que diz, "Não há Deus algum e eu não acredito em Deus". Mas ele é tão fanático com suas ideias como as pessoas que acreditam em Deus.

Crentes e descrentes, ambos são fanáticos. Uns se apegam ao sim e outros se apegam ao não, mas sim e não, ambos são partes da mente. Você escolhe uma parte e um outro alguém escolhe a outra parte. Um é cristão e o outro é hindu, mas ambos são mentes. Um escolheu a Bíblia e o outro escolheu os Vedas, mas ambos são partes da mente.

Então, quem é realmente religioso? Aquele que não fez escolhas a partir da mente. Você não pode chamá-lo cristão, nem hindu, nem comunista; você não pode chamá-lo teísta nem ateu. Ele simplesmente é. Ele é indefinível. Você não consegue rotulá-lo. Ser é tão vasto que não pode ser rotulado. Nenhuma palavra é adequada o suficiente para descrever o ser. Em tal vastidão, a liberdade; em tal vastidão, a felicidade.

No momento em que você entende que é um lunático, você vai além; o primeiro passo em direção à sanidade foi dado.

As pessoas nunca são dão conta de que são loucas e, por não se darem conta, permanecem loucas. E não somente elas não se dão conta, mas, se você lhes disser isso, elas se defenderão, argumentarão e tentarão dizer que louco é você, e não elas.  Todo o mundo é lunático. 
 
Uma vez percebido que você é um lunático, a sanidade começou, ela já está em atividade. Ao perceber que você é insano, você já abandonou a sua loucura.


Osho

Fonte:pensarcompulsivo
 

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