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segunda-feira, 27 de julho de 2015

O DESTINO E O CORAÇÃO

 Os olhos foram feitos para ver coisas insólitas,
fez-se a alma para gozar da alegria e do prazer.
O coração foi destinado a embriagar-se
na beleza do amigo ou na aflição da ausência.

A meta do amor é voar até o firmamento,
a do intelecto, desvendar as leis e o mundo.

Para além das causas estão os mistérios,
 as maravilhas.

Os olhos ficarão cegos
quando virem que todas as coisas
são apenas meios para o saber.

O amante, difamado neste mundo
por uma centena de acusações,
receberá, no momento da união,
cem títulos e nomes.

Peregrinar nas areias do deserto
nos exige suportar
beber leite de camelo,
ser pilhados por beduínos.

Apaixonado, o peregrino beija a Pedra Negra
ansioso por sentir mais uma vez
o toque dos lábios do amigo
e degustar como antes o seu beijo.

Ó alma, não cunhes moedas com o ouro das palavras:
o buscador é aquele que vai
à própria mina de ouro.


Rumi 



O amor que Rumi demonstra em suas poesias é um amor arrebatador:  “Ó amantes, abandonai as tolas ilusões. / Enlouquecei, perdei de vez a cabeça. / Erguei-vos do fogo ardente da vida / – tornai-vos pássaros, sede pássaros”. Para ele tudo se resume no ato de amar:  “Limpa teu coração dos velhos rancores, / lava-o sete vezes / e serve o vinho do amor / torna-te o amor.” Ele está correto. Quando conseguirmos amar dessa forma não nos sentiremos mais 'mortais', nosso amor será infinito e não necessitaremos mais pisar no mundo, apenas flutuar. “Enche tua alma de todo o amor, / transforma-o na alma suprema. / Senta à mesa dos santos, / embriaga-te, sê o vinho.” Sim, “sê o vinho”, quem é capaz de reconhecer o próprio néctar e embriagar-se dele? Todos o são, potencialmente, mas na prática, quantos o fazem?" . Ir além... muito além do finito. “Dentro do coração empedernido do homem / arde o fogo que derrete o véu de cima abaixo. / Desfeito o véu, / o coração descobre as histórias de todo o saber que vem de nós.” KyraKally

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