Quando cometemos alguma falta, a fluência natural da vida fica
cerceada. Porém, a vida não para e em seguida retoma seu ritmo próprio.
Cada vez que nos punimos por uma falta, retrocedemos ao momento em que
ela ocorreu e voltamos a estancar esse fluir.
Se estamos dispostos a ampliar a consciência, se realmente aspiramos a
nos aperfeiçoar e a aprender o necessário para não redundar em nossas
falhas, não temos de nos penitenciar por elas. Saberemos que no momento
correto nos será dada oportunidade de reajustá-las da melhor maneira.
Ao agir desse modo não estaremos fugindo, mas sim nos entregando à
harmonia universal. Com tal entrega, nossa ação pode ser equilibrada sem
estacionarmos em um ponto que, afinal, já não é o nosso, uma vez que
reconhecemos a falta. E, se após esse reconhecimento tivermos aprendido a
lição que nos cabe, o indicado é nem pensar no que fizemos. Desse modo
estaremos contribuindo ainda mais para que o equilíbrio se recomponha
com facilidade.
A autopiedade é um sentimento que nos fecha o coração. Evitar a
autopiedade significa cultivar a neutralidade em relação a nós mesmos,
mantendo, desse modo, o coração receptivo às energias superiores, que
vêm do Alto. Sempre que nos dirigimos a nós mesmos com autopiedade,
obstruímos nosso espaço interior, não permitimos que a energia circule
nele.
Da autopiedade pode emergir a impressão de que o serviço prestado ao
Plano Maior, ao Plano de Deus, é um sacrifício. Na verdade, tudo o que
se realiza com autopiedade é sem valor do ponto de vista espiritual. Por
maior que seja o serviço, seus efeitos sutis são anulados por esse
sentimento.
Já a autocomplacência é comprazer a si mesmo, é a tendência a se
autogratificar, autopremiar, a satisfazer os próprios desejos e
caprichos, a condescender consigo próprio.
Há pessoas que não conseguem ouvir uma observação sobre o seu
comportamento sem se alterar, sem reagir mesmo contra aquele que lhe faz
a observação de modo construtivo e fraterno. Ao proceder assim,
condescendem consigo mesmas – o que é negativo e contrário a todo o
ensinamento espiritual. A complacência mantém nossos hábitos e
comodidades, e o ensinamento espiritual é oposto a tal tendência.
Quando cometemos algum erro, o nosso ato seguinte é que vai mostrar se o
reconhecemos. Se o justificarmos, e nos desculpamos por ele, é sinal de
que estamos movidos pela autocomplacência. Enquanto nos justificamos
para nós mesmos ou para os demais, estamos deixando de nos renovar. Na
realidade, por nada temos de nos desculpar. A nós é pedido apenas fazer
melhor dali em diante.
Os cooperadores do Plano de Deus não perdem tempo em se justificar nem
em se comprazer, mas dedicam-se a ser cada vez mais abrangentes e a dar
cada vez mais de si.
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