MOMENTOS COM O MESTRE
AÏVANHOV
Há alguns séculos, cada país estava
dividido em ducados, principados ou pequenos reinos que andavam
continuamente em guerra, até ao dia em que, graças a uma maior luz, a um
alargamento de consciência, todos conseguiram compreender que era mais
vantajoso unirem-se.
De igual
modo, é necessário que, um dia, surja no cérebro humano uma luz, uma
inteligência, que consiga convencer todas as células dos órgãos de que,
para se tornarem verdadeiramente poderosas e ricas, têm de estar unidas.
As
doenças são a maior prova de que a anarquia e a desordem reinam no
organismo humano, de que a luz e a inteligência ainda não penetraram em
cada órgão, em cada célula.
Foi o homem que, pela sua ignorância, permitiu que a desordem se instalasse.
Mas, doravante, para o interesse comum, ele deve conseguir harmonizar as suas células, fazê-las vibrar em uníssono. Assim,
todos os órgãos obedecerão sábia e inteligentemente, trabalharão juntos
com amor, e haverá abundância e felicidade para todos.
Se fugirdes de certos esforços, de certos trabalhos que vos são impostos pela vida, nunca chegareis a desenvolver-vos.
Algumas pessoas consideram que a vida se torna difícil na sua família ou no seu trabalho e deixam-nos... Outras fogem de todas as responsabilidades... Pois bem, fugir não é nada recomendável.
Se o destino vos colocou em certas condições, é porque existem razões para isso.
Face
aos obstáculos do mundo exterior, há que ser forte, como os
desportistas que vemos a treinarem-se para suportarem o frio, o calor, a
fadiga, as privações, a fome... ou como os navegadores que conseguem
vencer as correntes contrárias, suportar as intempéries, enfrentar
grandes perigos.
É aconselhável ser como eles, treinar a resistência, aguentar.
Evidentemente, se chega uma ocasião em que vedes que já não podeis suportar a situação, afastai-vos...
Mas, logo que possível, enfrentai-a de novo... Até vos tornardes verdadeiramente sólidos e fortes.
Vós assistis ao nascer do Sol para receberdes os frutos da esperança. Sim, o Sol, pela sua luz, pelo seu calor e pela sua vida, já tantas vezes vos deu a comer e a beber esperança!
É pena que tenhais abandonado tão frequentemente essa esperança por causa do desânimo. Se não a tivésseis abandonado, se não tivésseis tido tantas dúvidas e hesitações, teríeis obtido resultados bem melhores.
Por que não haveis de ter pensamentos que alimentem o vosso espírito?
Se não tentardes sair da triste realidade pela qual vos sentis invadidos, ficareis realmente sufocados.
Precisais
de mudar alguma coisa, pelo menos interiormente, dizendo a vós mesmos:
«As dificuldades, os sofrimentos, não duram sempre. Eu sou filho de Deus, sou filha de Deus e Deus prepara para mim, a beleza, a luz e o esplendor.»
Aquilo a que geralmente se chama anarquia não deve ser considerado como necessariamente mau.
Não, a anarquia é o estado de um ser que quer levar a vida como entende e não se submeter à ordem estabelecida.
Seja
essa ordem boa ou má, ele quer viver segundo as suas próprias
concepções, e pode suceder que as suas concepções sejam superiores às da
ordem estabelecida.
A sociedade
considera-o como um anarquista, mas se ele aspira a mais amor, mais
fraternidade e mais justiça, para o Céu não é um anarquista.
Segundo
os Iniciados, só é anarquista aquele que não reconhece a ordem divina, a
existência de um Senhor do Universo, de entidades e de forças
superiores, de regras às quais deve submeter-se.
Pode
ser que ele viva em total conformidade com uma sociedade de milhões de
homens que não têm qualquer vida espiritual, mas perante a Inteligência
sublime, é um anarquista porque transgride as suas leis.
Para dardes um sentido à vossa vida,
não basta terdes, de vez em quando, um momento de inspiração e de luz;
também deveis aprender a fazer com que esse momento perdure, para que se
torne um estado de consciência permanente que purifique, ordene e
restabeleça tudo em vós. Direis: «Mas está a pedir-nos uma coisa impossível. Na vida, não se pode manter sempre estados divinos.»
Aparentemente, tendes razão, eu vivo no mesmo mundo que vós e sei como as coisas se passam.
Mas
também sei que, aconteça o que acontecer, apesar da fadiga, do
desânimo, dos desgostos, das desgraças, o discípulo da luz nunca se
deixa desviar do seu caminho; pelo contrário, agarra-se àquilo que viveu
de grandioso, de belo, às experiências que, em certos momentos
privilegiados, lhe deram o verdadeiro sentido da vida.
O destino não se deixa apiedar, mas nunca é cruel; é justo, apenas isso. Todas
as vossas falhas se vão acumulando num prato da balança; mas, se vos
decidirdes a reconstruir a vossa vida, tudo o que fizerdes de bom irá
pesar no outro prato.
Então,
quando chegar o momento de pagardes pelas transgressões, os vossos bons
pensamentos, os vossos bons sentimentos e as vossas boas ações,
intervirão para que o pagamento seja menos pesado. Isto
não significa que se deve ser fatalista, dizendo: «Se o meu destino é
este ou aquele, não há nada a fazer, tenho de aceitar.»
Não. Nunca esqueçais isto: o destino nunca exige a asfixia e a extinção do espírito. Pelo
contrário, o destino existe para nos obrigar a despertar o espírito, a
trabalhar com o espírito, a fim de criarmos para nós um novo destino.
As pessoas, na sua maioria, estão convencidas de que não poderão prosperar se não conseguirem fazer o que lhes agrada. E para isso estão dispostas a passar por cima de todas as regras, de todos os "tabus", como elas dizem. Querem ser livres.
E que liberdade é essa?
A
de fazerem loucuras e até de se destruírem, porque, quando alguém se
liberta da luz, da sabedoria, da razão, sofre inevitavelmente. Até
fisicamente acaba por ficar doente, pois a doença não é mais do que a
manifestação, no plano físico, das desordens que a pessoa deixou que se
instalassem no plano psíquico.
Querermos
derrubar os preceitos e as regras de uma moral limitadora, para sermos
finalmente nós próprios, não é mau, pelo contrário.
Mas
precisamos de saber que, acima das leis da moral humana, existem leis
eternas estabelecidas pela Inteligência Cósmica e, quer se queira quer
não, se se transgride essas leis paga-se com o desgosto, o sofrimento e a
doença.
As verdades que ainda não tinham sido
bem aceites no passado serão agora compreendidas, esclarecidas, e até se
lhe acrescentarão muitas verdades novas.
Porque nada ficou estagnado, tudo mexe, tudo evolui.
Aliás, Jesus mostrou isso mesmo, dando uma nova moral, diferente da de Moisés.Em várias passagens dos Evangelhos, ele repete: «Foi dito... mas eu digo-vos...» Por exemplo: «Foi dito: "Não matarás!" Mas eu digo-vos: "Quem se encolerizar contra seu irmão, será passível de julgamento..."
Foi dito: "Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo"... Mas eu digo-vos: "Amai o vosso inimigo e orai por aqueles que vos perseguem..." Como vedes a moral que Jesus trouxe já não era a moral dada por Moisés.
E por que não havemos de ir agora ainda um pouco mais longe?
Os
cristãos ficarão escandalizados porque não querem que haja outra coisa
depois de Jesus; segundo eles, nada se lhe pode acrescentar. Mas é o próprio Cristo que vem acrescentar outras verdades, porque tudo evolui.
http://lotusdourado7.blogspot.com
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