O JULGAMENTO FALHO
DOS HOMENS SUPERFICIAIS
Os sábios perfeitos da antiguidade eram misteriosos, sobrenaturais,
penetrantes, profundos demais para serem compreendidos pelos homens.
Não podendo ser compreendidos, errônea será toda descrição. O que deles
podemos dizer é apenas uma pálida aproximação da realidade.
Eram atentos como o homem que cruza o tormentoso rio em pleno degelo depois do inverno.
Prudentes como se temessem os seus vizinhos.
Formais como aquele que é hóspede de alguém muito cerimonioso. Evanescentes como o gelo ao derreter.
Despretensiosos como como a madeira bruta, que não recebeu qualquer forma das mãos humanas.
Livres como o vale!
Turvos como a água enlameada.
Quem pode, pela serenidade, purificar pouco a pouco, o que é impuro?
Quem pode tornar-se calmo assim e assim para sempre permanecer?
Aquele que segue o Caminho Perfeito não deseja estar cheio de coisa
alguma e por não estar cheio (de si mesmo) pode parecer que está gasto,
inútil e desprovido de perfeição temporal dos homens.
Lao Tsé em, Tao Té Ching
" O sábio, o homem perfeito, o mestre, o guru,
é o homem totalmente realizado, que brilha como uma estrela, fugindo
aos padrões normais de julgamento. Imaginamos esses seres como
supremamente belos, calmos, limpos, verdadeiras estátuas ambulantes, com
sorrisos que conquistam o coração dos homens, profundos olhos azuis e
longas barbas. O Tao Té Ching afirma
que esses homens perfeitos são profundos demais para serem compreendidos
pelas criaturas comuns. Pelos homens-máquina, que perderam a
flexibilidade interna dos puros de coração. Dos que vêem a face de Deus.
O Caminho Perfeito não é um caminho, no conceito usual de uma estrada,
onde há a sequência de uma marcha no espaço e no tempo. o Tao é sútil
demais para ser trilhado pelos que estão cheios de si mesmos. O homem
perfeito é inútil no julgamento falho dos homens superficiais, que têm
toda sua atividade regulada pelo princípio básico do aumento de posses e
da afanosa conquista de posições. Os que estão cheios de si, cheios de
memórias de tempos mortos, de marcas dos encontros nos caminhos da vida,
não poderão jamais chegar a um absoluto despojamento: a uma abertura
total à natureza das coisas".
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