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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O SEMEADOR


Disse Jesus:
 
"Eis que o semeador saiu a semear.
 
Encheu a mão e lançou as sementes.
 
Algumas caíram no caminho e tornaram-se 
alimento para os pardais.
 
Outras caíram entre os espinhos que sufocaram 
a semente e o verme a devorou.
 
Outras caíram em terreno pedregoso; 
aí não puderam lançar raízes na terra.
 
Outras caíram em terra excelente 
e produziram bom fruto em direção ao Céu.
 
Produziram sessenta em cento e vinte por medida."

 
Esta citação faz lembrar a importância do terreno 
que recebe a semente. O crescimento do germe divino 
semeado em cada um de nós depende de nossa 
maneira de receber. O sentido da palavra varia 
segundo o ouvido que a escuta. A semente, isto é, 
a informação criadora - é a mesma para todos; 
a variedade dos frutos deve-se ao terreno que a recebe.
 
O caminho simboliza a "vida habitual", a rua principal 
com suas atrações. A informação criadora recebida por uma consciência dispersa, distraída, não pode desabrochar, 
no homem não chega ao íntimo, não habita nossa profundidade; pode-se reduzir o Evangelho a uma 
conversação de salão, a uma tagarelice, a um produto 
de consumo ou diversão como outro qualquer..
 
A semente pode, igualmente cair entre os espinhos. 
O espinheiro simboliza a consciência crítica, 
analítica que caracteriza certos espíritos contemporâneos 
e que sufoca a espontaneidade da vida. Aí também, a informação criadora não pode se encarnar e se expandir.
 
O conhecimento de si, mencionado no Evangelho, não é introspecção, autoanálise perpétua que nos inibe e esteriliza. Trata-se de um estado de atenção ao que é - sem julgamento, "sem por que" dizia Meister Eckhart. O verme no meio dos espinhos que ameaça devorar é o narcisismo. A consciência, incessantemente voltada para si mesma, nos impede o próprio movimento do Logos em seu desenvolvimento essencial.
 
O terreno pedregoso no qual a semente não consegue penetrar simboliza na Bíblia a dureza do coração. - "O coração de pedra", aquele que se fecham que recusa as informações criadoras. A coisa mais grave que nos pode acontecer é 
"que nosso coração de carne se torne um coração de pedra". Muitas vezes, somos empedernidos porque temos medo. 
O próprio corpo se contrai, se fecha, se defende e 
segrega nos músculos uma estranha couraça. 


Confunde-se a dureza com força. A dureza exterior oculta 
a fragilidade ou moleza interior como a carapaça do camarão. Aquele que é sólido interiormente - que tem uma coluna vertebral - não precisa "brincar de durão"; pelo contrário, pode até mesmo mostrar-se terno, vulnerável, e acolher sem receio a informação criadora. Torna-se, assim, uma terra boa.
 
A terra boa é o coração lavrado - esse tema será tomado no Evangelho segundo Tomé. Lavrado pela acesse ou pelas provocações da vida, tornou-se menos empedernido, 
menos distraído, menos egocentrado. Esse longo trabalho retirou dele os espinhos e as pedras. Daqui em diante,
 está aberto e torna-se capaz de escutar e meditar a Palavra de Deus, a informação criadora que murmura em suas veias; então, o bom fruto do Despertar começa a se erguer.
 



Jean-Yves Leloup em O Evangelho de Tomé




Permanecemos no aguardo que o Senhor faça tudo por nós. É por essa razão que a 'esperança' é ainda pouco entendida pela maioria. É uma palavra parecida com 'esperar' e, então, contamos sempre com a ajuda do Alto, que certamente virá, porém não como imaginamos. Precisamos cuidar do terreno onde essa semente será depositada e ninguém poderá fazer isso por nós, é uma atitude que se iniciará com a persistência e a oração. O centramento em ideias superiores e a disposição para a mudança devem estar sempre presentes em nossas ações. É um viver diário de entrega à Vontade Divina. "O Pai e eu somos UM". "O Pai em mim é Quem faz as Obras". KyraKally 







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