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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

O OLHAR INTEGRAL
ALÉM DA SOMBRA E DA LUZ




No coração da sombra existe a luz. 
E no coração da luz existe a sombra. 
 
A experiência do ser é a experiência do círculo 
que mantém os dois juntos.
 
O momento de repouso que fazemos 
é semelhante à nossa respiração. 
O inspirar e o expirar é uma não-dualidade. 
Se só inspiramos, sufocamos, se só expiramos, morremos. 

 O sopro contem a inspiração e a expiração 
e o que é verdadeiro em nossa vida fisiológica 
é também verdadeiro em nossa vida psicológica.

Tornar-se adulto é passar da idade dos contrários 
para a idade do complementar, para um outro modo 
de olhar as coisas. Se alguém diz algo contrário ao que penso 
e sou capaz de entender esse contrário como complementar, vou crescer em consciência e em compreensão. 
Se em vez de rejeitar ou negar alguns elementos
 de minha vida obscura, sou capaz de acolhê-los, 
tornar-me-ei mais inteiro.

A sombra é o que dá relevo à luz. 

Quando amamos alguém, um dos sinais de amor verdadeiro 
é que amamos os seus defeitos. É fácil amar 
os defeitos de nossos filhos. É difícil amar os
defeitos dos adultos ou de nossos cônjuges.

Esse amor de que falamos não significa complacência, 
não é dizer ao outro que me agrada o que ele tem de desagradável, pois isso seria mentira e hipocrisia. 
O amor de que falamos é dar ao outro
 o direito de ser diferente. 
 
É dar a ele o direito de experimentar sua liberdade. De experimentar em mim mesmo esta capacidade 
de amar o que é amável e de amar, também, 
o que não é amável. Dessa maneira passaremos, 
de uma vida submissa para uma vida escolhida.
 
Nossa vida vale pelo olhar que é posto nela. 
 Os olhares de juiz nos enchem de culpa. 
Há olhares benevolentes, misericordiosos e
 ao mesmo tempo, justos. Precisamos desses olhares 
porque todos nós temos necessidade de verdade 
e de sermos amados. Por vezes, os olhares que encontramos
 são muito amorosos, muito doces, mas falta a eles 
a exigência desta verdade. 

Outras vezes, os olhares que se colocam sobre nós são plenos 
de verdade e justiça, mas falta a eles a misericórdia e o amor.
Há um olhar integral do qual temos necessidade a fim
 de nos vermos tal e qual somos. Porque a verdade sem amor 
é inquisição e o amor sem verdade é permissividade.

Estas são reflexões gerais e cada um pode entrar em particularidades que lhes são próprias,
 sentindo se existe em sua vida alguém que pode 
suportar sua sombra sem julgá-la, apesar de não
 se mostrar complacente com ela. 
 
Creio que todos nós temos a necessidade, pelo menos uma vez em nossas vidas, de um tal olhar pousado sobre nós.

Nesse momento não teremos mais necessidade de mentir, 
de nos iludir, de usar máscaras. Podemos mostrar nossa verdadeira face, nosso verdadeiro corpo, 
com seus desejos e seus medos.
Podemos mostrar nossa verdadeira inteligência 
com seus conhecimentos e suas ignorâncias.

Mostrar-se com o coração verdadeiro, 
capaz de muita ternura e também capaz 
de dureza e indiferença. Mostrar-se como 
imperfeito, mas aperfeiçoável. 
 
Sob este olhar nossa vida pode crescer. 
Porque o olhar que nos julga e nos
aprisiona em uma imagem faz-nos ficar parados, 
enquanto que o outro olhar nos impulsiona a dar um passo adiante desta imagem que os outros têm de nós.
 
 
Jean Yves Leloup



Dizem que os olhos são a janela para a alma e é uma grande verdade. Quando aprendermos a simplesmente 'olhar' sem levar junto julgamentos, preconceitos, ódio e tudo mais que costumamos carregar quando olhamos para o outro, então existirá mais compreensão e aceitação no mundo. Afirmam também que o primeiro olhar define o outro para sempre. Mas não é verdade, pois quando olhamos com incondicionalidade enxergamos muito melhor o outro. KyraKally
 

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