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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

INVESTIGUE, NÃO SIGA.



Tendes que ser "impiedosos" com vós mesmos e viver no "verdadeiro estado de investigação". A menos que vos investigueis profundamente, em vosso interior, não tendes possibilidade de descobrir o que é verdadeiro. 
Ninguém vos pode levar a esse descobrimento - ninguém! -
 e, tampouco, nenhum sistema. 

 
A verdade não é uma coisa estática, que fica à vossa espera, enquanto seguis um sistema uniforme, 
enquanto praticais dia a dia um certo método, 
enquanto aprimorais a vossa mente e o vosso coração 
para alcançar aquele estado a que chamais "a verdade".
 A Verdade não espera por vós!

 
Não procureis um caminho, um método. Não há métodos
 nem caminho para a verdade. Não procureis um caminho,
 mas tornai-vos apercebidos do obstáculo. O apercebimento não é apenas intelectual; é simultaneamente mental e emocional; 
é a plenitude da ação. Então, nessa chama de apercebimento, todos esses obstáculos se desmoronam porque os penetrastes. Então podereis perceber diretamente, sem escolha, aquilo que é verdadeiro. A vossa ação será assim oriunda da plenitude 
e não da insuficiência da segurança; e nessa plenitude, nessa harmonia da mente e do coração, está a realização do eterno.

 
Só os indivíduos amadurecidos encontrarão a Verdade. 
Aquele que alcançou a madureza não segue caminho algum, seja o caminho dos Adeptos, seja o caminho do saber, 
da ciência, do devotamento ou da ação. 

 
O homem que foi posto num determinado caminho, 
não está amadurecido e não encontrará, jamais, o Eterno, 
o atemporal... Aqueles de nós que estão seguindo determinados caminhos, tem interesses adquiridos, 
interesses mentais, emocionais e físicos, e esta é a razão 
porque achamos tão difícil o amadurecer; 
como nos será possível abandonar aquilo que estamos 
apegados há cinquenta ou sessenta anos?... 

 
Mas, vós vos entregastes a uma organização, da qual sois presidente, secretário ou simples membro... O homem que se entregou a um determinado caminho ou norma de ação, 
está preso a sistemas, e não encontrará a Verdade.

 
Através da parte nunca se encontra o todo. 
Através de uma estreita fenda da janela, não podemos ver o céu, o céu maravilhoso e brilhante, só pode ver com clareza o céu o homem que está de fora, longe de todos os caminhos, 
de todas as tradições, e nesse homem há esperanças...

 
Aquele que deseja descobrir a verdade, o real, o eterno, 
cumpre que abandone todos os livros, sistemas, "gurus", 
pois aquilo que deseja achar só encontrará quando compreender a si próprio. É a Verdade que liberta; 
não o meio, ou o sistema. 

 
Só a Verdade pode nos libertar. A compreensão apenas 
pode vir quando não estamos seguindo alguém, 
quando não existe a autoridade de espécie alguma - seja 
a autoridade da tradição, seja a autoridade dos livros, 
do guru, da nossa própria experiência. Nossa experiência é resultado de nosso condicionamento, e tal experiência 
não pode nos ajudar a descobrir o que é a Verdade.

 
Visto que a nossa mente está, em geral, narcotizada
 pelas ideias de outras pessoas e pelos livros, como também 
 está constantemente a repetir o que outros disseram, tornamo-nos repetidores e não pensadores. 
Se citais o Bhagavad-Gita, ou a Bíblia, ou os livros sagrados chineses, por certo não fazeis mais do que repetir. Não achais? 
E o que repetis não é a Verdade. É uma mentira, 
pois a Verdade não pode ser repetida. Uma mentira 
pode ser ampliada, encarecida e repetida, mas a Verdade 
não pode; e enquanto repetis a Verdade, deixa ela de ser a Verdade, e por isso são destituídos de importância os livros sagrados, uma vez que através do autoconhecimento, 
através de vós mesmos, podeis descobrir o eterno.

 
Para mim, a verdade, essa integridade de que falo, 
encontra-se em todas as coisas. Portanto, a ideia de que necessitais progredir em direção a realidade, é uma ideia falsa. Não se pode progredir na direção de uma coisa 
que sempre está presente. Não se trata de avançar para o exterior ou de voltar-se para o interior, mas sim 
de se libertar dessa consciência que se percebe a si mesma 
como separada. Quando houverdes realizado tal integridade, vereis que tal realidade não têm ela futuro nem passado; 
e todos os problemas relacionados com tais coisas desaparecem inteiramente. Uma vez que o homem realize isso, 
vem-lhe a tranqüilidade, não a da estagnação, 
porém a da criação, a do ser eterno. 

 
Para mim a realização desta verdade 
é a finalidade do homem.

 
Algumas pessoas vão à Índia, mas não sei por que fazem isso: 
a verdade não está lá; o que está lá é a fantasia, e a verdade 
não é uma fantasia. A verdade está onde você está. 
Não em algum país estrangeiro, mas onde você está. 
A verdade é o que você está fazendo, como está se comportando. Está aí, não nas cabeças raspadas 
e naquelas bobagens que os homens têm feito.

 
Os que desejam deveras descobrir a Verdade relativa 
aos seus problemas, devem, naturalmente, 
por à margem tudo quanto é autoridade. 
Isto é dificílimo, porque quase todos nós estamos 
cheios de temor. Precisamos de alguém para nos escorar, 
para nos dar coragem; precisamos do "irmão mais forte" - aquele que mora na Rússia, ou na Inglaterra, ou na América, ou do outro lado do Himalaia, ou "ali na esquina".
 Todos precisamos de alguém para ajudar-nos. 
 
 
Enquanto estivermos encostados em alguém, 
nunca chegaremos a compreender o "processo" 
do nosso pensar; negaremos, assim, a nós mesmos, 
o descobrimento da Verdade.

 
Ansiamos a segurança e esse anseio é um obstáculo 
à nossa libertação pelo conhecimento da Verdade. 
Cada um de nós deseja submeter-se a algum padrão; 
porque a submissão é mais fácil do que a vigilância. 
A submissão a padrões representa a base de nossa existência social, pois temos medo de estar sós. O temor e a renúncia 
ao pensar acarretam a aceitação e a submissão, 
a aceitação de autoridade. Tal como acontece com o indivíduo, assim também acontece com o grupo, com a nação.

 
A Realidade só pode manifestar-se quando a mente percebe
 o seu próprio processo, percebe o quanto está condicionada e  livre do seu próprio processo de reconhecimento. 
Só então há possibilidade de a mente ficar tão tranquila 
que seja capaz de receber aquilo que é a Verdade. 
 
 
A Verdade é atemporal. Não depende do tempo. 
Por consequência, não pode ser aprendida e guardada 
para uso, ou lembrada e seu nome repetido. 
A Verdade é criadora. É ela sempre nova
e a mente nunca pode compreende-la.

 
A verdade não está longe de nós. Ela se acha à nossa frente,
só temos de saber olhá-la. A mente cheia de preconceitos, conclusões, crenças, não tem nenhuma possibilidade de vê-la; um dos nossos piores preconceitos é o processo analítico. Percebendo isso, o abandonareis. E, uma vez abandonado, 
ele não tornará a enredar-vos; nunca mais pensareis com propósitos de ascensão, de repressão, de resistência, 
porque tudo isso está implícito na análise.
 
 
Para descobrir o que é verdadeiro, ou qual a finalidade da vida, ou para achar a verdade relativa a reencarnação ou qualquer problema humano, aquele que investiga, que busca a verdade, que deseja conhecer a verdade, precisa estar
 absolutamente certo de suas intenções.

 
Se estas consistem em procurar segurança ou conforto, 
 evidentemente ele não deseja a verdade; porque a verdade pode ser uma das coisas mais devastadoras e desconfortáveis para quem procura segurança ou conforto. 
O homem que busca o conforto, não deseja a verdade: 
deseja apenas segurança, proteção, um refúgio 
onde não seja perturbado. Já o homem que busca a verdade, tem de abrir-se às perturbações; porque só nos momentos 
de crise há o estado de alerta, há vigilância, ação. 
Só então aquilo que é pode ser descoberto e compreendido.
( final da 1ª parte)
 
 
Krishnamurti
 
 
 
Será que realmente estamos dispostos a encontrar a Verdade ou estaremos o tempo todo sendo engolidos pela atração e beleza da planta carnívora ?(sociedade) KyraKally
 
 
 
 
 
 

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