PERGUNTAS INTERESSANTES
RESPOSTAS REFLEXIVAS
Krishnamurti: Receio que fosse demorar muito tempo, e pode ser muito pessoal. Em primeiro lugar, Senhores, eu não sou um filósofo, não sou um estudante de filosofia. Penso que aquele que seja apenas estudante de filosofia está já morto. Mas vivi com toda o gênero de pessoas, e fui criado, como talvez saibam, para levar a cabo uma certa função, um certo cargo. Mais uma vez, isso significa “explorador”. E era também o dirigente de uma enorme organização em todo o mundo, para fins espirituais; e vi a falácia disso, porque não se pode conduzir os homens à verdade. Só se pode torná-los inteligentes através da educação, o que nada tem a ver com sacerdotes e os seus meios de exploração – as cerimônias. Portanto dissolvi essa organização; e, vivendo com as pessoas, e não tendo uma ideia fixa sobre a vida, ou uma mente limitada por um determinado contexto tradicional, comecei a descobrir o que, para mim, é a verdade: verdade para toda a gente – uma vida que se pode viver saudavelmente, sensatamente, humanamente, não baseada na exploração, mas nas necessidades. Sei o que preciso, e que não é muito, portanto quer trabalhe para elas escavando um jardim, ou falando, ou escrevendo, isso não é de muita importância.
Pergunta: Por que observar o tédio, a insatisfação e a solidão?
Krishnamurti: Quando nos observamos, não estamos nos isolando, ou nos limitando, ou
nos tornando centrados em nós mesmos, porque nós somos o mundo e o mundo é nós. Isso é um fato.
E quando nós, como seres humanos, examinamos todo o conteúdo da nossa
consciência, de nós mesmos, estamos realmente investigando o ser humano
como um todo — quer ele viva na Ásia, na Europa ou na América. Então,
não se trata de uma atividade autocentrada. Quando nos observamos, não
estamos nos tornando egoístas, centrados em nós mesmos, nos tornando
cada vez mais neuróticos, desequilibrados; ao contrário, quando nos
olhamos, estamos examinando todo o problema humano da desgraça, do
conflito, bem como tudo quanto de aterrador o homem produziu para si
mesmo e para os outros. Assim, é muito importante compreender este fato:
nós somos o mundo e o mundo é nós. Você pode ter maneirismos superficiais, tendências superficiais, mas, na essência, todos os seres humanos, por toda parte deste mundo desafortunado, estão acometidos de angústia, de confusão, de agitação, de violência, de desespero, de agonia. Há então um espaço comum, sobre o qual todos nós nos encontramos. Assim, quando nos observamos, observamos os seres humanos.
Pergunta: Falais de destruir o muro de separação que existe entre a consciência individual e o puro ser que o indivíduo se acha em vias de realizar. Significará isto que, quando a totalidade é realizada, o indivíduo, como unidade de consciência na totalidade, cessa de recordar seus esforços para alcançar esta meta, assim como os seres amados de sua existência separada?
Krishnamurti: Quando vos tornardes a totalidade, todas as coisas passam a existir em vós — os vivos como os mortos. Não se trata mais de separação. A questão da separação surge somente quando vós, como indivíduo, vos encontrais autoconscientes, vos achais em limitação. Quando estiverdes em união com a Vida, não mais se tratará de nascimento e morte, de separação, de dor, de esforço — sereis todas as coisas, ter-vos-eis tornado essa totalidade. Estas perguntas surgem pelo fato de contemplardes a vida por meio de uma mente que é finita, sempre do ponto de vista pessoal, com o desejo de vos apegardes à separatividade, temerosos de perderdes aqueles a quem amais; ao passo que, se contemplardes o amor como sendo a própria eternidade, sem olhar às pessoas, então, neste, todas as pessoas estarão integradas. O Amor a tudo integra, não conhece separação.
Krishnamurti: Quando vos tornardes a totalidade, todas as coisas passam a existir em vós — os vivos como os mortos. Não se trata mais de separação. A questão da separação surge somente quando vós, como indivíduo, vos encontrais autoconscientes, vos achais em limitação. Quando estiverdes em união com a Vida, não mais se tratará de nascimento e morte, de separação, de dor, de esforço — sereis todas as coisas, ter-vos-eis tornado essa totalidade. Estas perguntas surgem pelo fato de contemplardes a vida por meio de uma mente que é finita, sempre do ponto de vista pessoal, com o desejo de vos apegardes à separatividade, temerosos de perderdes aqueles a quem amais; ao passo que, se contemplardes o amor como sendo a própria eternidade, sem olhar às pessoas, então, neste, todas as pessoas estarão integradas. O Amor a tudo integra, não conhece separação.
Pergunta: Pode-se ser completamente feliz quando nosso irmão se
acha em cativeiro?
Krishnamurti: A resposta
é muito simples: Não pode. Porém a tristeza dá o perfume da vida. Não podeis
atingir a perfeição sem lágrimas, nem chegar à consecução sem sorrisos. Todos
vós tendes medo à tristeza. Porém a tristeza dá a força que vos há de sustentar
em vossa luta; e a tristeza é experiência. Convidai a tristeza para o vosso
coração e não a eviteis nem a deixeis de parte por temerdes a dor. Como podeis
ser felizes sem o entendimento da tristeza? Como podeis ter simpatia sem haver
tido lágrimas nos olhos? Como podeis produzir ou criar alegria no coração dos outros,
se em vós próprios não tiverdes tido o êxtase? Necessitais de todas as coisas e
a tristeza é tão nobre como a alegria. Somente por vestir-se a tristeza de
preto é que ela é tornada horrível. Sem provar de toda a experiência, como a
abelha prova toda a flor num jardim, jamais podereis atingir a felicidade
eterna a qual é libertação do jugo da experiência. Vós quereis atingir sem
luta. Pensais atingir grandes alturas por algum milagre. Por isto é que tendes
tantos credos, tantas religiões, tantos ritos, tantas escórias para vos
sustentar. Temeis fazer face a vós próprios e às vossas fraquezas. Somente pelo
entenderdes essa fraqueza e a vencerdes é que podeis atingir à perfeição.
Krishnamurti: Por acaso
quando vosso irmão está doente, vós o ficais também? Quando alguém é esmagado
por um automóvel, por acaso vos atirais sob as rodas do mesmo e vos fazeis
despedaçar? Não quereríeis antes atingir a felicidade eterna que vos capacite
proporcionar a paz aos outros? É uma ideia bem falaz a de que não podeis ser
felizes se os outros forem infelizes. Como podereis auxiliá-los a possuírem a
felicidade, se vós próprios não tiverdes a compreensão e a realização da
felicidade? Se certas pessoas no mundo forem cegas, tornar-vos-eis por acaso cegos
afim de ajuda-los? Se alguém não possuir abundância de experiência, deveis por
isso rejeitar a experiência? Se algumas pessoas não houverem fixado sua meta na
existência e não procurarem seu atingimento, fareis vós a mesma coisa? É bem
grotesco o imaginardes que podeis auxiliar às pessoas descendo a seu nível,
antes do que elevando-as até o vosso. Para poderdes ajudar àqueles que estão na
tristeza, aos que estão sofrendo, àqueles que se acham em cruel cativeiro, não
vos haveis de tornar vós próprios de espírito estreito, emaranhados pelos
dogmas, colhidos pelo temor e engaiolados nas limitações estreitas. Ao
contrário, fugireis a essas coisas se realmente quereis ajudar. Para ajudar com
verdade tendes que haver ultrapassado a necessidade de ajuda.
Pergunta: Haveis dito que não podemos fugir à tristeza. Como pode uma
pessoa contristada ser feliz?
Fonte: pensarcompulsivo
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