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terça-feira, 23 de maio de 2017

O MONGE ZEN QUE ENCONTROU
A SI MESMO
 
 
Havia certa vez um monge zen budista que importunava seu mestre todo dia com perguntas como, "Qual é a verdade última? Quando vou estar iluminado? Qual prática espiritual devo usar? Quando me tornar iluminado ainda serei um monge? Ainda vou querer ver minha família?"

Um dia o mestre disse ao monge, "Vou mandar você para um grande sábio. Ela lhe mostrará a realidade última." O mestre fez um mapa de onde a mulher morava. Levou seis meses para o monge chegar lá. Ele teve de atravessar a nado um grande rio onde quase se afogou. Teve de passar uma ponte muito alta no ar. Teve de subir uma montanha muito alta. Teve de atravessar um deserto.

Finalmente ele chegou à casa. Bateu à porta e uma velha descabelada apareceu. Ela cheirava como se não tomasse banho há dez anos. Era totalmente ignorante. Era surda de um ouvido. Não podia ver muito bem, não podia caminhar direito.

O monge estava para ir embora, quando ela o pegou pelo braço e o puxou para dentro. E deu-lhe uma vassoura e lhe disse para esfregar e varrer, limpar a casa. Quando ele terminou, ela o mandou lavar as janelas e pintar a casa e arar o campo e ordenhar a vaca.

Três meses se passaram e ele se perguntava o que estava fazendo ali. Mas continuou ali porque buscava alguma sabedoria daquela velha. Seu mestre lhe havia dito que ela lhe daria a verdade última.

Um dia ela o puxou para dentro da casa e o mandou sentar-se num canto. Daquele dia em diante ele não fez mais nenhum trabalho. Apenas sentou-se no canto observando a velha em sua rotina, lavando pratos, varrendo a casa.

Mais dois meses se passaram. Ele analisava tudo, o que significava tudo aquilo? Quem era aquela senhora? Qual é a verdade última? Até chegar num estágio em que não mais se importava com aquilo; apenas sentou-se em silêncio total e foi cada vez mais fundo dentro de si mesmo.

Finalmente alguma coisa clareou dentro dele, ele se tornou autorrealizado e começou a rir histericamente. Foi até a velha e a beijou e partiu para não mais voltar. E ninguém mais ouviu falar dele novamente.

Qual foi a verdade última que ele encontrou? Ele descobriu que não existe verdade última. Nunca houve uma verdade última. Não há realização, não há ignorância, não há universo, não há mundo, não há nada. Tudo apenas é. Essa foi sua descoberta. Tudo é. Não isto ou aquilo ou alguma outra coisa. Tudo apenas é. Simplesmente da maneira que é. Simplesmente da maneira que é.

Você não tem que fazer algo a respeito de nada. Não tem de mudar nada, ou consertar nada, ou melhorar nada. Tudo apenas é. Se você pudesse ao menos entender esta grande verdade, você se tornaria o ser mais feliz da Terra. Pois quando você descobre que tudo apenas é, você está vivendo espontaneamente. Não existe passado, não existe futuro, não existe nascimento, não existe morte. Todas as coisas são simplesmente do jeito que são.

Olhe para sua vida. Quantas coisas você tenta mudar, ou consertar, ou remediar. Olhe as coisas que está buscando. Tentando se tornar algo. Tentando ser alguém. Tentando conseguir um objetivo. Quando você faz tudo isso, então não está vivendo de acordo com o princípio de “tudo apenas é”. Se tudo apenas é, o que há para você fazer?

Você não veio para esta Terra para fazer nada. Você nem mesmo veio para esta Terra. Mas parece como se tivesse vindo. Você parece real. Parece que você é alguém. E você foi treinado para buscar algo neste mundo, para tornar-se algo grande, para ser alguém.

E é isso o que causa sofrimento. A crença de que você tem de ser alguém que você não é. A crença de que tem de fazer algo que não tem de fazer. Olhe para sua vida, para os assim chamados problemas que você acredita ter. Algo apenas se torna um problema quando você quer mudar algo ou quer que algo seja da sua maneira. Então aquilo se torna um problema, porque não está indo da maneira que você acha que deveria ir.

Mas na verdade nada tem de ser de nenhuma maneira. Tudo é perfeito simplesmente da maneira que é. Tudo é perfeição total. Você pode dizer, "Lógico, Robert. Olhe a crueldade do homem para com o homem. Olhe para as guerras e as horríveis condições deste mundo."

Você está observando o movimento do tempo, que na verdade nem mesmo existe. Quando você observa o movimento do tempo, as coisas estão acontecendo. No movimento do tempo, as coisas parecem estar acontecendo.

Mas se você fosse espontâneo e deixasse tudo em paz e percebesse que tudo simplesmente é, estaria entre os movimentos do tempo e do espaço. Seria capaz de ser através da miragem. E seria capaz de ver a calmaria, a unidade, a paz.

Mas você vê as situações como elas parecem ser. Você olha para uma pessoa, lugar e coisa e acredita que esse é o jeito que deve ser. Movimento, tempo, espaço, essas coisas não são para você. Você é a realidade última, você é a pura consciência sem esforço. Você é sat-chit-ananda.

O mundo não é para você. O mundo é para o sonhador, para aquele que sonha o sonho mortal, que leva tudo a sério, que sente o mundo como se ele fosse real. Essas pessoas acreditam que as coisas estão erradas, de acordo com o que pensam.

Portanto o primeiro passo para consertar tudo isso é aquietar a mente. Torne a mente quieta. Acalme a mente. Você acalma a mente não reagindo. Observando, olhando, vendo mas não reagindo. Senta-se em silêncio observando sua mente que pensa. Observando seus pensamentos. Observando seus sentimentos. E você os deixa em paz. Não tenta mais mudar nada. Para de seguir velhos padrões.

Pouco a pouco os pensamentos começam a sumir. Eles param. Não há mais pensamentos. Você não é mais o pensador. Você não é mais um corpo. Você sente felicidade. Infinita felicidade. Sente alegria, amor.

Você tem dentro de si tudo que precisa para tornar-se liberado. Tudo que tem a fazer é abandonar o que não é realidade. E o que não é realidade é tudo que os sentidos lhe dizem que é realidade. Não há nada neste mundo que mereça ser buscado.

Se você pratica estas coisas, não faz diferença onde você está, se numa cidade ou mercado, ou no topo de uma montanha. Não faz nenhuma diferença. Não estou dizendo que deve deixar seu emprego, ou sua família, ou ir para longe. Fique exatamente onde está. Seja você mesmo! Observe como você reage às coisas. Observe seus pensamentos. Tente observar o “eu” surgindo no momento em que desperta de manhã.

Pergunte: “De onde surgiu o eu? De onde vem o eu?" Isso o levará de volta, o eu começará a voltar a sua fonte, que é o Ser. E você despertará. E encontrará a paz. Não mais vai fazer diferença que tipo de trabalho você faz ou que tipo de trabalho você não faz. Coisas como “odiar seu emprego” vão desaparecer. Você fará o que tem a fazer. E tudo acontecerá espontaneamente.
 
 
 

Robert Adams

 

Fonte:yoga-ensinamentos

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