O SALMO DO BOM PASTOR - 02
"O Senhor é meu Pastor: nada me faltará!
Em verdes prados faz-me repousar.
Ele me conduz a águas refrescantes;
reconforta minh'alma;
e guia-me pelo caminho da retidão,
por amor de Seu nome.
Ainda que eu andasse por um vale tenebroso,
não temeria mal algum,
porque Ele está comigo!
Seu bordão e sua vara me confortam.
Ele prepara uma mesa perante mim,
à vista de meus adversários.
Unge com óleo a minha cabeça;
meu cálice transborda!
Certamente que o amor e a graça
me seguirão todos os dias de minha vida
e habitarei na casa do Senhor para sempre!"
INTERPRETAÇÃO PRÁTICA DO SALMO DO BOM PASTOR
Medite sobre o Salmo do bom Pastor. É uma forma de oração que se
harmoniza, da maneira mais bela, com a ideia que as atuais Escolas da
Verdade têm acerca da prece.
"O SENHOR É O MEU PASTOR. NADA ME FALTARÁ". - Essa
declaração não leva pedido de coisa alguma a Deus. Não ensina a procurar
Deus para suplicar-Lhe algo. Não há, sequer, a expectativa de um bem
determinado procedente de Deus. Há, sim, uma positiva declaração de que
"O Senhor é o meu Pastor", do que, naturalmente se infere que "Nada me
faltará".
Pense nesta forma de oração. "O Senhor é o meu Pastor. Nada me faltará".
Não há busca de Deus nem intento de a Ele chegar. Não há petição
antiquada nem afirmação em novo estilo. Apenas encerra o reconhecimento
de que Deus É. E já que Deus é o MEU Pastor, meu Pastor individual, meu
guia, meu protetor, meu guardião, Aquele que me sustem e supre -
logicamente "Nada me faltará". Não há qualquer dúvida: há confiança, há
segurança de que "Nada me faltará".
Não há busca de provisão. Não se deseja demonstrar abundância. Há, só, a tranquila e a clara segurança de que "Nada me faltará". Compreenda:
nesta convicção é totalmente impossível necessitar-se de algo!
“EM VERDES PRADOS FAZ-ME REPOUSAR. ELE ME CONDUZ A ÁGUAS REFRESCANTES".
De novo, aqui, não há busca de Deus, de forma alguma Não é dito: Ele me
prove de verdes prados, senão que (notem bem) "Ele me faz repousar"
neles. Não se trata de escolher se se quer ou não repousar em verdes
prados e tampouco se fala de castigar-nos por nossos pecados,
expulsando-nos dos verdes prados. Simplesmente: "Em verdes prados faz-me
repousar".
Você deve sentir uma espécie de alívio ao compreender que a
responsabilidade de se dirigir, de se manter ou de encontrar o correto
modo de orar, não depende mais de você.
"O SENHOR É O MEU PASTOR. NADA ME FALTARÁ. EM VERDES PRADOS FAZ-ME
REPOUSAR. ELE ME CONDUZ A ÁGUAS REFRESCANTES E RECONFORTA MINH'ALMA;
GUIA-ME PELO CAMINHO DA RETIDÃO, POR AMOR DE SEU NOME".
Observe que, do princípio ao fim, não há intenção de ganhar o favor de
Deus ou buscar-Lhe a bondade. Não há qualquer intento de alcançá-lo. Há,
só, uma constante e confiada segurança.
"AINDA QUE EU ANDASSE POR UM VALE TENEBROSO, NÃO TEMERIA MAL ALGUM, PORQUE ELE ESTÁ COMIGO".
Eis, verdadeiramente, um milagre de oração. Em meio às provas e
tribulações, enfermidades sérias, problemas familiares, escassez,
limitação, perda de fortuna, pode parecer que estamos separados de Deus
e, de algum modo, desassistidos por Ele. Em decorrência, somos levados a
buscá-lo de novo, e aqui está uma conclusão equivocada!
"Ainda que eu andasse por um vale tenebroso, não temeria mal algum,
porque Ele está comigo". Embora atravessasse um vale tenebroso - diz o
salmista - nada haveria a temer. Isto não é verdade em relação ao ser
humano em geral: eles apalpam esse vale... ou a escassez e limitação ou
qualquer outra coisa errada... e começam a temer. Por que temem? Por
uma só razão: falta-lhes a suficiente percepção de que Deus está com
eles.
Embora o Salmo seja antigo, eis, nele, um conceito inteiramente novo
de oração. Não se está reclamando a companhia de Deus na travessia
do vale tenebroso; nem sequer se está procurando alcançá-lo. Nem
estamos procurando calar nossos temores, já que a companhia de Deus não
nos evitou essa tenebrosa travessia. Mas pelo menos, embora sejamos
obrigados a percorrê-lo, esta declaração nos diz que Ele nos acompanhará
nessa travessia: "Ele está comigo".
Se você tão-só tomasse esta declaração e a compreendesse!... nada
mais lhe faria frente: nem vale atual cheio de trevas, nem prova
particular alguma que o desafiasse porque V. teria a consciência bem
segura de que, em qualquer circunstância, Deus estaria EM E com VOCÊ, na
travessia da prova.
No livro "Interpretação Espiritual das Escrituras" você encontrará a
história de José e seus irmãos. José, o filho mimado, o favorito de seu
pai. José esperava andar pelo vale da vida com muita facilidade, calma e tranquilamente, sem provas nem tribulações, talvez sem grandes vitórias
também. Para que vitórias se ele era o beneficiado da grande fortuna do
pai, em quem tinha assegurado favoritismo? Mas por maldade e ciúmes
de seus irmãos, José foi lançado em um poço e depois foi tirado de lá
para ser assassinado ou vendido como escravo (isto era considerado pior
do que a morte).
Vendido como escravo, José foi parar no Egito, onde passou da escravidão
a uma posição honrosa, como responsável da casa do governador. Estava
já quase satisfeito consigo mesmo porque percebe que Deus está com ele.
Porém, repentinamente é levado à prisão. Alegou inocência mas, embora
inocente, está preso e, segundo as aparências, novamente sem a presença
de Deus, ainda mais que ficou vários anos na masmorra.
Todavia, Deus uma vez mais revela que o não abandonou: José decifra o
sonho do Faraó e, tirado da prisão, torna-se o governador virtual do
Egito.
Então seus irmãos vieram para o Egito. Eram eles que o haviam jogado no
poço, que o haviam vendido como escravo e provocado todos os problemas.
Agora vinham em busca de favores. Necessitavam de alimento e José o
tinha armazenado "nos tempos das vacas gordas".
Gentilmente lhes proveu alimento. Quando os irmãos procuram desculpar-se
por suas ações e exprimir seu arrependimento, José, à semelhança de
Davi, expressa estes pensamentos: "Não fostes vós que me fizestes isso:
Deus o fez. Foi Ele que me enviou antes de vós ao Egito".
Estas palavras de José encerram um elevado conceito de oração. É uma
prece que bem vale recordar. Não é o demônio; não é a mente carnal; não
é o oposto a Deus que traz ao homem as discórdias e enfermidades. É o
próprio Deus que acompanha o homem em suas provas e tentações para
conduzi-lo a alguma vitória maior, em lugar de abandoná-lo a si mesmo
para ser apenas um ser humano com saúde e fortuna, sem nada realizar de
expressivo em seus setenta ou mais anos de vida, neste plano.
Em geral o homem realiza muito pouco das coisas essenciais que lhe cabe,
como missão na Terra. Limita-se a ganhar a vida e sustentar uma
família. No que se refere a uma contribuição real para manifestar a
glória de Deus, ao fim e ao cabo de uma vida as pessoas geralmente
mostram muito pouco.
Saibam disto: trazemos uma ordem de produzir frutos espirituais, que
revelem a obra de Deus, que glorifiquem a obra de Deus. Se vamos
contentar-nos em permanecer na Terra em boa saúde, acumulando bens,
então estamos bem longe de nosso verdadeiro destino.
José reconheceu o que um dia também vocês reconhecerão: a inveja, os
ciúmes, a maldade, o ódio, a infecção, o contágio, as
depressões,transformações, governos cambiantes - não podem trazer-lhes
discórdias nem falta de harmonia. Só Deus pode levá-los a compreender a
verdadeira identidade, o homem interno, de um ou de outro modo. Ainda
que vocês tenham de passar, simbolicamente, pelo fogo ardente
(companheiros de Daniel), ou atravessar o deserto de quarenta anos
(Moisés), ou ficar na cruz com Jesus (seja qual for sua prova ou
tribulação - e na Bíblia as há de todo tipo), saibam que Deus os
acompanha sempre em cada experiência.
Se Deus não estivesse na cruz, acompanhando Jesus, não teria havido
ressurreição nem ascensão. Só o poder de Deus, na consciência de Jesus,
lhe conferiu impulso para a ressurreição.
Se não houvesse Deus na travessia de quarenta anos pelo deserto, com
Moisés, não teria havido a entrada na Terra Prometida e nem libertação
para os hebreus.
Se Deus não houvesse estado com José, ele jamais passaria de escravo a
virtual governador do Egito, que era, então, um grande país.
Qualquer seja o problema que vocês estejam a enfrentar, procurem tomar
consciência disto: vocês não o estão defrontando sozinhos. Mesmo que se
trate de um vale tenebroso, não há temer mal algum porque Deus está com
vocês. Considerem este alto conceito de oração.
"SEU BORDÃO E SEU CAJADO ME CONFORTAM" - Seja o que for que
lhes constitua o simbólico vale tenebroso, há um cajado que lhes serve
de apoio para se conservarem de fronte erguida, a caminhar em linha
reta. Há certa forma de disciplina. Há certo ensinamento. Há certo modo
de ajuda espiritual que nos ilumina e fortalece. compreendam isto e
alcancem uma total convicção desta verdade. Só assim poderão agir
confiantemente.
Elias quase esqueceu isto quando foi alimentado pelo corvo no deserto, e
pela viúva, e encontrou tortas cozidas sobre as pedras. Quase olvidou
que era a presença de Deus que lhe proporcionava estas coisas. Só isso -
tudo o que era necessário para que ele atravessasse o seu vale
tenebroso com êxito e finalmente chegasse àquele lugar em que Deus lhe
mostra que havia reservado uma congregação de sete mil homens que não
haviam dobrado seus joelhos a Baal.
Para vocês há também uma congregação de sete mil. Para vocês também há
uma missão espiritual, um destino espiritual na Terra e uma prova ou
teste particular. É possível que vocês estejam passando pela tribulação
ou uma série delas, mas estejam seguros que elas constituem uma ponte
que os leva à demonstração final: algo que nunca viria sem esse teste ou
prova particular.
Este é o caminho da cruz. Mas é também o caminho da coroa do triunfo.
Notem que a vitória vem muito depois da crucificação. Primeiramente vêm as
crucificações (e muitas delas). Por tal razão, a pessoa que está
entrando no caminho espiritual deve compreender que "Não vim trazer a
paz, mas uma espada... para separar famílias", para acabar com tudo o
que lhes anestesie de excessivo conforto, tranquilidade e segurança.
Não pode haver progresso espiritual enquanto vocês não tenham vencido o
mundo; enquanto estiverem fazendo uso da Verdade apenas para aumentar
seus recursos humanos e bens; para assegurar uma boa renda semanal; para
remodelar suas casas; para adquirir um carro de último tipo. Enquanto
estiverem nisso, vocês não terão sequer apalpado o caminho espiritual.
Em cada caso, na história dos profetas hebreus, vocês notarão que a
missão deles não era pessoal; não se referia unicamente a bens humanos
nem acrescentar recursos materiais: era sempre uma missão espiritual.
O mesmo se aplica a vocês. Vocês têm uma missão espiritual, tenham ou
não consciência dela, neste momento. Todos têm uma missão espiritual e
todos, algum dia, a encontrarão.
Uma vez que vocês tenham ingressado no caminho espiritual, é impossível
retornar Vocês poderão tentar o retorno, ocasionalmente, mas notarão que
tudo os leva e força a prosseguir a caminhada, já que "Tu estás
comigo".
"Ainda que eu andasse por um vale tenebroso, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo". Então é dito: "PREPARAS UMA MESA PERANTE MIM, À VISTA DE MEUS ADVERSÁRIOS. UNGES COM ÓLEO A MINHA CABEÇA; MEU CÁLICE TRANSBORDA".
De novo, aqui, encontramos a simples declaração daquilo que é: "Preparas
uma mesa perante mim". Não há qualquer desejo de que isto se realize,
nenhuma petição, nem busca de Deus: simplesmente uma declaração, uma
constatação. Eis uma oração elevada.
"Preparas uma mesa perante mim, à vista de meus adversários. Unges com óleo a minha cabeça; meu cálice transborda".
E o arremate: "CERTAMENTE QUE O AMOR E A GRAÇA ME SEGUIRÃO TODOS OS DIAS DE MINHA VIDA: E HABITAREI NA CASA DO SENHOR PARA SEMPRE!"
Notem com que assegurada confiança é dito: "certamente que o amor e a graça. . ."
Eis aqui outro pensamento importante: "todos os dias da minha vida".
Dado que Deus atua hoje, não pode deixar de agir amanhã e sempre. Tomem
consciência disto para alcançarem um dos mais elevados conceitos de
oração. Procurem reconhecer que, em qualquer momento de suas
experiências, vocês podem comprovar a eficácia da oração (isto é, serem
sanados por meios espirituais). Procurem reconhecer que em qualquer
circunstância da vida vocês podem ter uma evidência do poder e da
presença de Deus. Certamente... quando chegarem a este reconhecimento, a
esta vivência, nunca mais terão motivos de preocupação, porque tão-só
esta evidência da divina Presença será suficiente para fazê-los dizer: "Certamente que o amor e a graça me seguirão todos os dias de minha vida". Vejam bem: todos os dias.
Como pode Deus estar com você hoje e não amanhã? Como pode Deus
manifestar-se ou exprimir-Se um dia e no dia seguinte não? Foi
difícil, aos hebreus, aprender esta lição. Quando insistiam em guardar
maná para o dia seguinte, e para o outro, e o outro seguinte, Moisés
tinha derecordar-lhes que esse maná caía do céu pela Graça de Deus. Por
que, então, se preocupavam de que não lhes caísse mais no dia seguinte e
no outro? Por que deixaria Deus de suprir-lhes a necessidade, enquanto
ela existisse?
Será possível que Deus nos retenha Suas bênçãos enquanto delas
necessitamos? Será possível que a ajuda de Deus seja de tal modo
limitada, que possa ser retirada antes de completar sua missão? Há
alguma razão para duvidarmos d'Ele? Haverá necessidade de aplicarmos
nossos recursos humanos para suprir uma deficiência divina na solução de
nossos problemas?
Meditem sobre o espírito ou a mensagem do Salmo do bom Pastor. Em nenhum
sentido ele nos leva a nos esforçar para alcançar Deus, nem a
buscar-Lhe qualquer coisa. Melhor que isso; ele nos leva a permanecer em
completa e perfeita confiança: "certamente que o amor e a graça me
seguirão todos os dias de minha vida".
E então conclui: "e habitarei na casa do Senhor para sempre". "Morarei" na consciência de Deus "para sempre".
Aqui não há tratamento. Há só uma declaração: "e morarei" na consciência do Senhor, "na casa do Senhor para sempre".
Sirva-nos ela de modelo. Você já tomou a decisão e já declarou:
"Habitarei na casa do Senhor" (na consciência de Deus) "para sempre"?
Joel Goldsmith
http://busca-espiritual.blogspot.com
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