PARA QUE SERVE O YOGA ?
Para que você
quer o yoga? Para ter poder? Para ter paz e calma? Para servir a humanidade?
Nenhum desses motivos é suficiente para mostrar que você está pronto para o
Caminho. A pergunta que você tem de responder é esta: Você quer o yoga para o
bem do Divino? É o Divino o fato supremo de sua vida, de tal modo que é
impossível viver sem ele? Você sente que sua razão de ser é o Divino e que não
há sentido em sua existência sem ele? Se for assim, então pode-se dizer que
você tem um chamado para o Caminho.
Esta é a
primeira coisa necessária – aspiração pelo Divino. A coisa seguinte que você
deve fazer é cuidar dessa aspiração, mantê-la sempre alerta e desperta e viva. E
para isso requer-se concentração – concentração no Divino com o objetivo de uma
absoluta consagração a sua Vontade e Propósito.
Concentre-se
no coração. Entre nele, cada vez mais profundo, o mais que puder. Junte todos
os fios de sua consciência que estão espalhados e mergulhe. Ali queima um fogo,
na profunda quietude do coração. É a divindade em você – seu verdadeiro ser. Ouça
sua voz, siga o que ela diz.
Existem outros
centros de concentração, por exemplo, um sobre a cabeça e outro entre as
sobrancelhas. Cada um tem sua própria eficácia e lhe dá um resultado
particular. Mas o ser central está no coração e do coração provêm todos os
movimentos e todo o dinamismo, a urgência da transformação e poder de
realização.
Seja
consciente, em primeiro lugar. Somos conscientes de apenas uma porção
insignificante de nosso ser; somos inconscientes da maior parte. É a
inconsciência que mantém nossa velha natureza e evita a mudança e a
transformação nela. É através da inconsciência que forças não divinas entram em
nós e nos fazem seus escravos. Você deve estar consciente de si mesmo, deve estar
desperto para sua natureza e seus movimentos, deve saber por que e como faz as
coisas, ou as sente ou pensa nelas. Você deve entender seus impulsos e motivos,
as forças escondidas e aparentes que o movem.
Estando
consciente, pode ver as forças que o puxam para baixo ou as que o ajudam. E quando
souber o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o divino e o não divino,
deverá agir de acordo com esse conhecimento, isto é, rejeitar um e aceitar o
outro. A dualidade se apresentará a cada passo e a cada passo você terá que
fazer sua escolha. Terá que ser paciente, persistente e vigilante; deverá
sempre recusar-se a dar qualquer oportunidade para o não divino contra o
divino.
Tudo depende
do espírito com que você se o aborda. O Yoga se torna perigoso se você quiser
praticá-lo com um objetivo egoísta, para servir a uma finalidade pessoal. Não é
perigoso se você abordá-lo com um sentido de ser sagrado, sempre lembrando que
o objetivo é encontrar o Divino.
Existem dois
caminhos de Yoga, um de disciplina e o outro de entrega. O caminho da
disciplina é árduo. Aqui você confia apenas em si mesmo, prossegue com sua
própria força. Você sobe e conquista de acordo com a medida de sua força. Há
sempre o perigo de queda. E uma vez caído, fica em pedaços no abismo e
dificilmente consegue recuperar-se.
Em outras
palavras, você pode seguir, como diz Ramakrishna, o caminho do macaquinho ou o
caminho do gatinho. O macaquinho se segura em sua mãe para ser levado, e deve
segurar firme, do contrário cairá. Por outro lado, o gatinho não segura sua
mãe, mas é segurado por ela e não tem medo ou responsabilidade; ele nada tem a
fazer senão deixar a mãe leva-lo e chorar: ma ma.
O outro
caminho, o da entrega, é seguro e certo. É aqui que os ocidentais encontram sua
dificuldade. Eles foram ensinados a temer e evitar tudo que ameaça sua
independência pessoal. Beberam com o leite de suas mães o sentido da
individualidade. E entrega significa abandonar tudo isso.
Se você tomar
o caminho da entrega de maneira total e sincera, não há mais perigo ou
dificuldade séria. A questão é ser sincero. Se você não for sincero, não comece
o Yoga. Se você lida com assuntos humanos, pode recorrer à fraude; mas ao lidar
com o Divino, não há qualquer possibilidade de fraude. Você pode seguir com
segurança no Caminho quando for cândido e totalmente sincero e quando seu único
objetivo é realizar o Divino e ser movido pelo Divino.
Existe um
outro perigo; está na conexão com os impulsos sexuais. O Yoga em seu processo
de purificação vai expor à luz e jogar para cima todos os impulsos e desejos
escondidos em você. E você deve aprender a não esconder as coisas nem deixá-las
de lado, tem de encará-las e conquistá-las.
A força de
tais impulsos, como os do sexo, está no fato de as pessoas se preocuparem
demais com eles; elas protestam e procuram controlá-los à força, os prendem no
interior e sentam-se sobre eles. Mas quanto mais você pensa em algo e diz, “Não
quero, não quero”, mais você se liga a isso. O que você deve fazer é manter a
coisa longe de si, dissociar-se dela, permanecer indiferente e sem preocupar-se
com ela.
Os impulsos e
desejos que sobem pela pressão do Yoga devem ser encarados com um espírito de
desapego e serenidade, como algo estranho a si mesmo ou pertencendo ao mundo
exterior. Devem ser oferecidos ao Divino, para que o Divino possa tomá-los e
transmutá-los.
Existem muitos
Mestres auto-designados que não fazem outra coisa. E quando você sai do caminho
correto e tem um pouco de conhecimento e não muito poder, é agarrado por seres
ou entidades de um certo tipo, torna-se um instrumento cego nas mãos desses
seres e é devorado por eles no fim.
Onde houver fingimento, há perigo; você não pode enganar a Deus. Você vem a Deus dizendo, “Quero união contigo” e em seu coração pensa “Quero poderes e prazeres”? Cuidado! Está se dirigindo direto para a beira do precipício. Mas é tão fácil evitar toda catástrofe. Torne-se como uma criança, entregue-se à Mãe Divina, deixe-A carregá-lo, e não há mais perigo para você.
Enquanto você
pertencer à humanidade e levar uma vida comum, não importa muito se se mistura
às outras pessoas; mas se quer a vida divina, terá de ser muito cuidadoso com
sua companhia e seu meio ambiente.
Onde houver fingimento, há perigo; você não pode enganar a Deus. Você vem a Deus dizendo, “Quero união contigo” e em seu coração pensa “Quero poderes e prazeres”? Cuidado! Está se dirigindo direto para a beira do precipício. Mas é tão fácil evitar toda catástrofe. Torne-se como uma criança, entregue-se à Mãe Divina, deixe-A carregá-lo, e não há mais perigo para você.
Isso não
significa que você não tem de enfrentar outros tipos de dificuldades ou que não
tem de lutar e conquistar outros obstáculos. A entrega não assegura um
progresso contínuo e suave. A razão é que seu ser ainda não é integral, nem sua
entrega é absoluta e completa. Apenas uma parte sua se entrega; e hoje é uma
parte e no dia seguinte é outra.
Todo o
propósito do Yoga é juntar todas as partes divergentes e transformá-las numa
unidade. Até então você não pode esperar estar sem dificuldades, tais como a
dúvida, a depressão ou a hesitação.
O mundo todo
está cheio de veneno. Você o ingere a cada respiração. Se trocar algumas
palavras com uma pessoa indesejável ou mesmo se ela meramente passar por você,
pode ser contagiado. É o suficiente se você ficar perto de um lugar onde existe
uma praga para ser infectado com seu veneno. Você pode perder em poucos minutos
o que levou meses para ganhar.
A Mãe (Mirra Alfassa), do Sri Aurobindo Ashram
http://yoga-ensinamentos.blogspot.com
A meu ver, Tudo que está escrito nessa postagem, é uma profunda instrução de como viver corretamente a vida material. Se pudermos unir os exercícios à vivência da vida, ótimo, porém se isso não manifesta em alguns nenhum interesse, também está muito bom; o importante é tentar seguir as instruções contidas nessas sábias palavras da Mãe. Se quisermos uma vida comum, mesmo praticando o yoga, continuaremos por muito tempo na superfície, sendo como um pedaço de cortiça atirado à superfície da água, empurrado para lá e para cá, até que despertemos para a vida divina; então como diz a Mãe: teremos de ser muito cuidadosos com nossas companhias e nosso meio ambiente. KyraKally
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