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domingo, 16 de dezembro de 2007


ENSINAMENTOS DE PAUL BRUNTON


*Quanto mais vivo, mais me impressiono - a ponto de ficar aterrorizado - o tremendo poder da sugestão sobre a mente humana. Onde está a pessoa capaz de cultivar sua própria inteligência sem ser condicionada pelas ideias e exemplos introduzidos nela por seu ambiente ou suas leituras, por sua religião ou sua família, por sua tradição social ou pelos medos e desejos pessoais relacionados aos outros ? São os outros, do passado morto ou do presente vivo, que a aprisionam, parcial ou totalmente, em seus pensamentos, imaginações e conflitos.

*Procuramos cura para nossas dores e mágoas, para nossas asmas e reumatismos. Entretanto, para os desejos febris e para as inúteis ambições não procuramos cura. Aquele que quiser curar as almas feridas de outros precisa, primeiro ter sofrido. Só tem direito de dizer palavras de esperança e pronunciar frases de fé para os homens, quem caminhou estonteadamente através de noites de desespero, e conseguiu, ao final, sair da sombra da profunda melancolia. Aqueles que sofreram profundamente, aqueles cujos corações foram partidos e cujas esperanças foram abatidas, podem ouvir mais depressa a mensagem que o sofrimento traz do que a dos outros, não importa quão inteligentes ou quão intelectuais possam ser.

*Quem é essa estranha figura que aparece nos períodos sombrios de nossa vida e nos chicoteia em direção do deserto da dor, para que ali soframos, enlanguesçamos e aprendamos ? Quem vem empilhar aquelas pesadas cargas que transportamos, e, impiedosamente, nos obriga a aceitá-las ? De quem é a forma espectral que nos segue para onde quer que vamos, caminhando atrás de nós pelas ruas da cidade e através dos vestíbulos de nossas casas, viajando conosco para a verde região rural, ou atravessando o mar em nossa companhia ? Essa figura é o destino. 

Podemos com maior facilidade escapar à prisão por um crime, do que fugir ao nosso destino. Que é, então, o destino ? É a nossa herança derivada de antigos nascimentos daquela criatura paradoxa, nossa personalidade, nosso ego, nosso eu separado, encarnado em diferentes ocasiões e em diferentes paízes, muito mais recuadamente do que podemos querer recordar. Porque somos os herdeiros de nosso próprio e longo passado. 

Os pensamentos que arrebataram nossa mente em civilizações que agora são poeira morta, novamente nos arrebatam na moderna "América". Os atos de bandade ou maldade que marcaram ou mancharam nossos antigos aparecimentos sobre este planeta em rotação, atiram fulgor de sol ou sombra tenebrosa sobre nossos dias presentes. O longo panorama da vida humana faz seu sinuoso e velho caminho através de cidades e desertos, mandando as mesmas pessoas de volta, muitas e muitas vezes, para que retomem a antiga trilha, na bela e aparente débil esperança de alcançar alguma Terra Prometida. 

A vida é assim, em si própria, perene maravilhosa; desaparece de nossa vista através dos sombrios portais da morte, apenas para reaparecer de novo, com recém brotadas folhas de primavera, e as flores de pétalas brilhantes de um novo nascimento.

*A roda da vida gira e nos traz velhas experiências sob outras formas - sei que sou um antigo escriba, diz Paul Brunton - Não acho que tenho me servido da pena somente nesta existência. O destino deriva também, inevitavelmente, dessas repetidas reencarnações, trazendo-nos os resultados de pensamentos e atos, os frutos de ações meritórias e os espinhos da conduta errada. 

O destino, afinal, não passa de uma velada lei de justiça, trabalhando inexoravelmente num tribunal invisível aos nossos olhos, e nosso destino está escrito, portanto, menos pela mão que não vemos do que por nós próprios. Não devemos atribuir o destino "aos caprichos da sorte": ele é auto obtido e auto merecido, embora as causas que o criaram se estendam longamente para o passado. 

Recebemos precisamente o que merecemos. Se ferimos as regras do jogo, os deuses, no devido tempo ferem-nos, também. Não há educação melhor que a adversidade. O tempo pode mudar o aspecto de qualquer temperamento.


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