OS ENSINAMENTOS FINAIS
DE ANNAMALAI SWAMI
A autoinquirição deve ser feita
continuamente. Ela não funciona se você a considerar como uma atividade
de meio período. Você pode estar fazendo alguma coisa que não prende seu
interesse ou sua atenção, então pensa: “Ao invés disso vou praticar um
pouco de autoinquirição”. Isso nunca vai funcionar. Você pode dar dois
passos adiante quando pratica, mas dará cinco passos para trás quando
terminar a prática e retornar às suas ocupações mundanas.
É necessário
um comprometimento de toda uma vida para estabelecer-se no Ser. Sua
determinação em ter êxito deve ser firme e forte, e deveria se
manifestar na forma de esforços contínuos, e não esparsos.
Você tem estado mergulhado na ignorância
por muitas vidas, e está acostumado com isso. Todas as suas crenças
profundamente enraizadas, todos os seus padrões de comportamento
reforçam a ignorância e fortalecem o poder que ela exerce sobre você.
Essa ignorância é tão arraigada, que está fortemente enredada em todas
as suas estruturas psicológicas, que é necessário um esforço sólido por
um longo período para livrar-se dela.
Os hábitos e crenças que a sustentam
têm que ser desafiados repetidamente.
A ignorância é a ignorância do Ser, e
para removê-la é necessário Autoconsciência. Quando você alcança a
consciência do Ser, a ignorância desaparece. Se você não perder o
contato com o Ser, a ignorância não poderá surgir.
Se existe escuridão, você a remove
trazendo luz. A escuridão não é alguma coisa real e substancial que você
tem que desenterrar e jogar fora. Ela é apenas a ausência de luz, nada
mais. Quando se deixa entrar luz num quarto escuro, repentinamente a
escuridão não está mais lá. Ela não desaparece gradualmente ou vai
embora aos poucos; ela simplesmente deixa de existir quando o espaço é
preenchido pela luz.
Isso é apenas uma analogia, porque o Ser
não é como as outras luzes. Ele não é um objeto que você vê ou não vê.
Ele está aí o tempo todo, brilhando como sua própria realidade. Se você
se recusa a reconhecer sua existência, se você se recusa a acreditar que
ele está aí, coloca a si mesmo em uma escuridão imaginária. Ela
não é uma escuridão real. É sua própria recusa intencional em reconhecer
que você é a própria luz. Essa ignorância autoimposta é a escuridão que
precisa ser banida pela luz da consciência do Ser. Temos que nos voltar
repetidamente para a luz do Ser dentro de nós, até que nos tornemos um
com ela.
Ramana Maharshi falou sobre
voltar-se para dentro e encarar o Eu Real. Isso é tudo o que é
necessário. Quando olhamos para fora, nos envolvemos com os objetos e
perdemos a consciência do Ser que brilha dentro de nós. Mas quando, pela
prática frequente, ganhamos força para manter nosso foco no Ser, nos
tornamos um com Ele e a escuridão da ignorância do Eu Real se dissipa.
Então, muito embora continuemos a viver nesse corpo falso e irreal, nós
habitaremos no oceano de bem-aventurança que nunca desaparece ou
diminui.
Isso não vai acontecer em um instante,
porque muitas vidas de pensamentos equivocados e ignorantes tornaram
impossível para a maioria de nós focar atentamente e regularmente no Ser
dentro. Se você deixar sua casa e começar a caminhar para longe dela, e
se esse hábito perdurar por muitas vidas, provavelmente você estará bem
longe de casa quando finalmente decidir que já chega, e que você quer
voltar para o lugar de onde começou.
Não se deixe desencorajar pela
extensão da jornada, e não relaxe em seus esforços para chegar em casa.
Vire 180º para voltar-se para a fonte de sua jornada exterior, e
continue indo em direção ao lugar de onde você começou. Ignore a dor, o
desconforto, e a frustração de parecer não estar chegando a lugar algum.
Mantenha-se movendo de volta à fonte, e não deixe que nada o distraia
no caminho. Seja como o rio em sua jornada de volta ao oceano. Ele não
pára, se desvia, ou decide correr morro acima por um tempo. Ele não se
distrai. Ele apenas se move lenta e constantemente de volta ao lugar de
onde suas águas se originaram. E quando o rio se dissolve no oceano, ele
deixa de existir. Somente o oceano permanece.
Jiva - o eu individual - veio de Siva e tem que voltar para Siva
novamente. Se houver uma grande fogueira e uma brasa incandescente
pular para fora dela, o fogo na brasa logo se extinguirá. Para
reacendê-lo é preciso colocá-lo de volta na fogueira, de volta à sua
fonte candente.
Não existe felicidade na separação. O jiva
não sente felicidade, contentamento ou paz enquanto ele permanecer um
ser separado. O ser separado surge do Eu Real. Ele tem que voltar para
lá e lá findar. Somente então haverá paz eterna.
A energia da mente vem do Ser. No estado
de vigília a mente atua como uma entidade separada. Durante o sono ela
retorna à fonte. Ela aparece e retorna repetidamente. Ela faz assim
porque não conhece a verdade do que realmente é. Ela é o Ser apenas, mas
sua ignorância deste fato a faz miserável. É este sentimento de
separatividade que faz surgir os desejos, sofrimento e infelicidade.
Mantenha a mente no Ser. Fazendo isso você pode viver em paz tanto
acordado quanto enquanto estiver adormecido. No estado de sono profundo
todas as diferenças cessam. Se você mantiver a mente no Ser durante o
estado de vigília, também não haverá diferenças e nem distinções. Você
verá tudo como seu próprio Ser.
Trecho do livro
"Os Ensinamentos Finais de Annamalai Swami",
de David Godman
São ensinamentos de um ser profundamente focado na Centelha Interna e não há como ignorar ou desviar-se desse caminho, dessa rota. Ou fazemos assim ou não fazemos, e se não ancorarmos essa Luz divina na nossa expressão exterior, se não a procurarmos incessantemente, insistentemente, haveremos de prolongar mais e mais o nosso encontro interno. Nascemos para a Luz e um dia, um dia abençoado surgirá o encontro, a união consciente com essa Luz, o nosso verdadeiro "Eu". KyraKally
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