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terça-feira, 31 de março de 2015

INDO ALÉM DO ENTRAVE 
DAS PALAVRAS

Devemos ser cautelosos para não ficar aprisionados pelas palavras que usamos. Quando falo do psíquico ou do espiritual, quero me referir a coisas muito profundas e reais que estão por trás da superfície plana das palavras e mesmo intimamente ligadas em suas diferenças. Definições e distinções intelectuais são muito superficiais e rígidas para alcançar a verdade verdadeira das coisas. E contudo, a não ser que você esteja muito habituado a falar um com o outro, existe quase uma necessidade de definir o sentido de suas palavras — se é que você quer compreender o outro. 

A condição ideal para uma conversa é quando as mentes estão tão bem sintonizadas que as palavras servem apenas de suporte para uma compreensão mútua espontânea e você não precisa explicar a cada passo o que quer dizer. Esta é a vantagem quando se fala sempre com as mesmas pessoas; a harmonia sintonizada é estabelecida entre suas mentes e o significado 
das coisas faladas penetra nelas imediatamente.

 Existe um mundo de ideias sem forma e é lá que você deve entrar, se quiser captar o sentido do que está por detrás das palavras. Enquanto tiver que extrair a sua compreensão das formas das palavras, é provável que fique muito confuso sobre seu verdadeiro sentido. Mas se no silêncio da mente você puder se elevar até o mundo de onde descem as ideias para tomar forma, 
imediatamente a real compreensão vem. 

Se quiser ter certeza de compreender o outro, 
deve ser capaz de compreender em silêncio. 
Existe uma condição na qual suas mentes estão tão bem afinadas e harmonizadas em conjunto que se percebe o pensamento do outro sem nenhuma necessidade de palavras. Mas se não existir esta sintonia, haverá sempre alguma deformação no sentido porque, para aquilo que você fala
a outra mente fornece seu próprio significado. 

Por exemplo, eu uso uma palavra num certo sentido 
ou nuança de seu sentido; você está costumado a colocá-la em outro sentido ou nuança. Então, evidentemente você compreenderá, não o meu exato significado dela, mas o que a palavra  significa para você. Isso é verdade, não apenas no falar, mas também no ler. 

Se quiser entender um livro que contenha um profundo ensinamento, você deve ser capaz de o ler no silêncio da mente; deve esperar e deixar que a expressão se aprofunde dentro de você, na região onde não há mais palavras, e de lá voltar vagarosamente para a sua consciência exterior e seu entendimento superficial. 
Porém, se deixar as palavras pularem para a sua mente externa e tentar adaptar e ajustar ambas, terá perdido completamente seu real sentido e poder. Não pode haver perfeito entendimento a não ser que você esteja em união com a mente não expressa, que está por trás do centro de expressão.

Mentes individuais são como mundos distintos e separados
 uns dos outros; cada um está fechado em si e quase não tem ponto direto de contato com nenhum outro. 
Mas isso é na região da MENTE INFERIOR; nela suas próprias formações o aprisionam; você não pode desembaraçar-se delas ou de si mesmo; você apenas se compreende e às suas próprias reflexões nas coisas. 

Contudo, nesta região mais alta da MENTE INEXPRESSIVA
 e suas altitudes mais puras, você está livre; quando entra lá, 
sai de si e penetra dentro de um plano mental universal, 
 no qual cada mundo mental dentro de um plano mental universal está como dentro de um imenso mar. 

Aí você pode compreender inteiramente o que está
 acontecendo ao outro e ler a mente dele como se fosse a sua própria, pois nenhum separação divide mente de mente. 
É apenas quando você se une com os outros nesta região que pode compreendê-los; de outro modo, VOCÊ NÃO ESTÁ SINTONIZADO, NÃO ESTÁ EM CONTATO, NÃO TEM MEIOS DE SABER PRECISAMENTE O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA OUTRA MENTE QUE NÃO A SUA. 

Muito frequentemente, quando está na presença de outrem, você está totalmente ignorante do que ele pensa ou sente; 
mas se você for capaz de ir além e acima deste plano externo 
de expressão, se puder entrar dentro de um plano onde uma COMUNHÃO SILENCIOSA é possível, então pode ler nesta outra mente como se fosse a sua. As palavras que você usa para sua expressão são de pouca importância porque a compreensão plena está situada além delas, em alguma outra coisa,
 e um mínimo de palavras é suficiente para atingir a finalidade. 

Longas explicações não são necessárias; você não precisa que um pensamento seja completamente expresso porque a visão direta do que ele significa está em você. 
 
Mira Alfassa (A Mãe)




Surge outra vez a importância do 'observador'. Precisamos estar fora do palco dos acontecimentos, nos bastidores, apenas observando, escutando o murmúrio das palavras, sem envolvimento com elas, sem penetrar no seu significado, sem chegar a nenhuma interpretação. Quando nos identificamos perdemos o mistério da "comunhão silenciosa", restando apenas, como num jogo de tênis, o vai e vem da bola. Somos uma humanidade heterogênea, cada um está num ponto evolutivo diferente, então perdemos muito tempo tentando explicar para o outro aquilo que, geralmente, ele não está preparado para compreender. Quando permanecemos silenciosos entendemos mais. Precisamos refletir sobre o uso da palavra. KyraKally

TRABALHO E AMOR

Quando trabalhais, sois uma flauta através da qual o murmúrio das horas se transforma em melodia.
 
Quem de vós aceitaria ser um caniço mudo e surdo 
quando tudo o mais canta em uníssono? 
 
Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição, 
e o labor, uma desgraça. Mas eu vos digo que, 
quando trabalhais, realizais parte do sonho mais longínquo 
da terra, desempenhando assim uma missão que 
vos foi designada quando esse sonho nasceu. 
 
E, alegrando-vos ao trabalhar, 
estareis, na verdade, amando a vida.   

Disseram-vos que a vida é escuridão; e no vosso cansaço, repetis o que os cansados vos disseram.  E eu vos digo que a vida é realmente escuridão, exceto quando há um impulso.  E todo impulso é cego, exceto quando há saber.  E todo saber é vão, exceto quando há trabalho.  E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor.  E quando trabalhais com amor, vós vos unis 
a vós próprio, uns aos outros e a Deus.   

E o que é trabalhar com amor?   

É tecer o tecido com fios desfiados de vosso próprio coração, como se vosso bem-amado fosse usar esse tecido.  É construir uma casa com afeição, como se vosso 
bem-amado fosse habitar essa casa.   

É semear as sementes com ternura e recolher a colheita com alegria, como se vosso bem-amado fosse comer-lhe os frutos.  É pôr em todas as coisas que fazeis um sopro de vossa alma.
 
O trabalho é o amor feito visível.  E se não podeis trabalhar com amor, mas somente com desgosto, melhor seria que abandonásseis o vosso trabalho e vos sentásseis à porta do templo a solicitar esmolas daqueles que trabalham com alegria.
 
Pois se cozerdes o pão com indiferença, cozereis um pão amargo, que satisfaz somente a metade da fome do homem.  E se espremerdes a uva de má vontade, vossa má vontade destilará no vinho o seu veneno.
 
E ainda que canteis como os anjos, 
se não tiverdes amor ao canto, 
tapais os ouvidos do homem às vozes do dia 
e às vozes da noite.  



Poema de Kahlil Gibran






O amor deve estar presente em tudo que praticamos. Certa vez uma pessoa muito doce aconselhou-me a iniciar o exercício do amor fazendo aquilo que menos gostasse. Comecei cuidando de uma planta - escolhi aquela mais maltratada - e regando-a  diariamente, retirando do vaso as ervas daninhas, alimentando-a com boa terra, conversando com ela todas as manhãs sobre o que pensava a respeito do amor... então uma certa manhã, ao observá-la melhor, diria... com os olhos de quem estava começando a amar, me surpreendi ao vê-la tão viçosa, suas folhas tinham um verde brilhante, parecia sorrir para mim. Minha mãe ao aproximar-se comentou sobre o progresso rápido da planta e  já havia planejando jogá-la fora, pois cada dia ficava mais feia. Desde aquele momento algo mudou em mim, passei a 'olhar' mais profunda e amorosamente para tudo e todos que me relacionava.  O amor opera milagres. KyraKally 

segunda-feira, 30 de março de 2015

CURA - Paramahansa Yogananda
2ª aula
 
Três quartos do nosso corpo compõem-se de água; 
portanto a exigência de água no organismo é bem maior 
que a de comida. (A morte pela sede é um sofrimento mais severo que a morte pela fome). É importante dar ao corpo bastante água. Beber sucos de frutas sem açúcar também é bom. 
Em localidades onde a água tem elevado teor de cálcio, 
o que favorece a arteriosclerose, o homem deve tomar 
sucos de frutas, além de comer frutas como melancias, 
melões e outras igualmente suculentas, em vez de água. 
Alguns pesquisadores na área da saúde afirmam, no entanto, que as pessoas que sofrem de sinusite não devem tomar sucos cítricos.

Tome a decisão de beber bastante líquido (e eu não me refiro a refrigerantes e bebidas gasosas!), para eliminar as toxinas do corpo. Mas evite ingerir líquidos durante as refeições, 
pois podem prejudicar a digestão. A tendência é engolir o alimento com a bebida, sem mastigá-lo devidamente.

Quando os amidos não são parcialmente digeridos na boca, geralmente não são totalmente digeridos no estômago. 
É importante mastigar bem a comida - o estômago não tem dentes! comer depressa é prejudicial, principalmente 
se grandes quantidades de líquidos forem ingeridos durante a refeição, o que diluirá os sucos gástricos. Além disso, beber líquidos durante as refeições provoca tendência à obesidade.

É importante manter saudável a corrente sanguínea. 
Carne de boi e de porco podem lançar toxinas e micróbios 
no sangue. Os glóbulos brancos tentam destruir os micróbios, mas se estes forem fortes e os glóbulos brancos insuficientes 
para opor resistência, iniciam-se as reações tóxicas. 
Peixe, frango e carneiro são preferíveis às carnes bovinas 
e suínas, que produzem elevada acidez.

O princípio mais importante no que se refere à alimentação é evitar qualquer tipo de excesso. À medida que aprendemos o controle, tornamo-nos mais sadios. Costuma acontecer 
que o desejo de certo alimento é tão forte que nos achamos incapazes de resistir. Os sentimentos ordenam que 
comemos esse alimento, mesmo sabendo que será prejudicial. 
Se nos recusarmos a perpetuar os maus hábitos, 
vamos descobrir que acabaremos por não gostar do que faz mal e gostar do que faz bem. Os glutões empanturram-se e continuam querendo comer mais. Comendo desmedidamente, 
arriscam-se a forçar o funcionamento de um coração, 
talvez já sobrecarregado há mais de 40 anos.

Numerosas pessoas, irrefletidamente, comem tarde da noite. Quase sempre o sono vem em seguida, quando então 
a máquina interna do homem diminui o ritmo de funcionamento. O alimento pode ficar no estômago sem ter sido 
devidamente digerido. Portanto, é imprudente comer imediatamente antes do repouso noturno.

Porém, não há nada pior para o corpo ou para a mente 
do que as bebidas alcoólicas. Sob a influência do álcool,
 um homem é capaz de fazer coisas das quais se envergonharia 
se estivesse em seu juízo perfeito. Violência, ganância, 
cobiça por dinheiro e sexo, até homicídios pode resultar da embriaguez. A crença de que vinho, sexo e dinheiro trazem felicidade é, segundo os sábios, a principal ilusão a ser superada antes que o homem realize sua verdadeira natureza.

O álcool aumenta a avidez do homem por dinheiro e sexo e, 
por esta razão, é o pior dos três males. É uma indulgência desnecessária e extremamente perigosa, porque embota 
a razão. Um indivíduo embriagado não é mais 
um verdadeiro homem. Esforçar-se por manter 
somente apetites normais é sinal de sabedoria.

*************
Oração - Do livro "Meditações Metafísicas":

"Amado Pai, abre todas as janelas de minha fé, 
para que eu possa contemplar-Te na mansão da paz. 
Abre de par em par as portas do silêncio e dá-me assim, 
entrada ao templo da Tua bem-aventurança." 

  

Bons conselhos e advertências inteligentes 
são sempre bem-vindos! KyraKally
CURA - Paramahansa Yogananda
 Cura - 1ª aula

A cura pelo poder ilimitado de Deus do livro 
"A eterna busca do homem":

Há três tipos de doença: física, mental e espiritual. A doença física ocorre devido às diferentes formas de condições tóxicas, processos infecciosos e acidentes. A doença mental é causada pelo medo, preocupação, raiva e outros distúrbios emocionais. A doença espiritual deve-se à ignorância do homem
 sobre sua verdadeira relação com Deus.

A ignorância é o mal supremo. Quando a eliminamos, também eliminamos as causas de todos os distúrbios físicos, mentais e espirituais.  Sri Yukteswarji, costumava dizer: 
"A sabedoria é o melhor depurativo." •Tentar vencer os vários tipos de sofrimento pelo poder limitado dos métodos
 materiais de cura muitas vezes acaba em frustração. 
Somente no poder ilimitado dos métodos espirituais 
pode o homem encontrar a cura permanente para as "desordens" do corpo, da mente e da alma. 
Devemos procurar em Deus esse poder infinito de cura. 
Se você tem sofrido mentalmente com a perda 
de entes queridos, poderá reencontrá-los em Deus. 
Tudo é possível com o Seu Auxílio.

Se não conhecemos realmente a Deus, nada justifica afirmar que só a mente existe, e que não é preciso observar regras 
de saúde, nem recorrer a quaisquer meios físicos de cura. Enquanto não atingirmos a verdadeira realização, temos de usar o bom senso em tudo que fizermos. Ao mesmo tempo, jamais devemos duvidar de Deus e, sim, reafirmar constantemente a fé em Seu divino poder onipresente.

Os médicos procuram conhecer as causas das doenças e eliminá-las, para que as enfermidades não retornem. Geralmente, são muito hábeis no emprego de determinados métodos materiais de cura. Entretanto, nem todas 
 as doenças reagem aos métodos e à cirurgia; 
nisso reside a principal limitação desses métodos.

Substâncias químicas e remédios afetam apenas a composição física externa das células do corpo, mas não alteram 
sua estrutura atômica interna ou princípio vital. 
Em muitos casos, nenhuma cura é possível enquanto o poder curativo de Deus não tiver corrigido, internamente, 
o desequilíbrio dos "vitrátrons", ou energia vital 
inteligente do corpo. As duas causas básicas das enfermidades são a subatividade e a superatividade do prana, 
energia vital que estrutura e sustenta o corpo. 
 O funcionamento inadequado de uma (ou mais) das cinco correntes prânicas que governam o corpo-vyana, circulação; udana, metabolismo; samana, assimilação; prana, cristalização; e apana, eliminação - afeta negativamente a saúde. 

Quando o equilíbrio natural e harmonioso das energias sutis é restaurado pelo divino poder de Deus, o equilíbrio atômico 
das células físicas por elas sustentadas também se restabelece; nesse caso, a cura é perfeita e muitas vezes instantânea. Enquanto a vitalidade se mantiver equilibrada pelo modo 
de viver correto, dieta apropriada e meditação com 
pranayama ( técnicas de controle da energia vital), 
a energia vital do próprio corpo "eletrocutará" a doença 
antes que ela possa se desenvolver."

***************
Afirmação:
"Sou forte, sou a fortaleza; sou saudável, sou a saúde; 
sou jovem, sou a juventude."
(repetir essa afirmação diversas vezes, durante o dia). 



Não nos prendamos muito a nomenclatura, o que nos interessa, realmente, é o conteúdo do texto. KyraKally

domingo, 29 de março de 2015

O MISTÉRIO INOMINÁVEL
Este é um Mistério inominável. 
Mas, mesmo assim lhe demos um nome.
E depois de darmos mais de mil nomes ao inominável Mistério, nos convencemos de que esses nomes constituem a realidade.
Então, prendemos nossa vida a esta realidade e nos esquecemos de que os nomes eram somente algo arbitrário, 
que havíamos produzido na mente.

Depois, nos sentimos torturados pelos nomes. 
Nós ficamos atrapalhados nas polaridades e nos debatemos entre os pares de opostos: o bem e o mal, o amor e o ódio, 
a riqueza e a pobreza, a beleza e a feiura, o sagrado e o profano. Encerramo-nos nesta prisão;  uma obra nossa e,
não nos damos conta de que nós mesmos a erguemos.

A mente não se interessa por  Mistério, porque o Mistério 
não pode ser um objeto cognoscível, já que é justamente de onde brotam todos os objetos cognoscíveis - é a vacuidade que origina toda forma de vida e sem a qual, nada pode existir. 
Não importa que o chame de Tao, Deus, Espírito, Consciência, Vida, que não o chame de nenhum nome, ou que negue sua existência - essa negação não é mais que Ele negando-se a Si mesmo. Ele não necessita de nenhuma prova.

Por quê? Porque este momento existe.
Você está aqui e agora. Isso e só Isso é Deus. 
Não existe nenhum necessidade de crença. Crer em Deus é negar a Deus. Não é necessário crer em algo quando este algo está olhando diretamente nos seus olhos.
Quando alguém toma consciência de tudo isso,
 o silencio toma posse de tudo! 

Todo o ruído mental se acalma e é percebido tal e como é verdadeiramente: uma realidade falsa, uma miragem, nada mais. Deixa-se de ser uma pessoa - não és mais nem homem, nem mulher, nem rico nem pobre, nem bom nem mal, 
nem feliz nem infeliz. Não existe nada disso. 
Nem isto nem aquilo, nem um objeto da consciência. 
Não somos nem o corpo nem a mente. 

A cabeça segue em seu lugar, mas não nos pertence.
 Nem olhos, nem língua, nem garganta, nem coração:
 nenhuma forma em absoluto. Antes de ser todas essas coisas, você É. É Consciência: um espaço aberto, 
uma imensidão na qual se permite que surja o mundo. 
Nessa infinitude que somos, brota um mundo finito.
Somos a própria Vida e não um indivíduo desvinculado 
da totalidade. Todas as coisas e nós, constituem uma unidade, 
e todas as coisas são Suas manifestações. 

Surge a miragem da individualidade, 
mas é uma manifestação que você não provoca. 
Não é pessoal e nem é necessário negá-la. 
Não é necessário negar o eu.
O eu surge. Pois que surja. 
Depois de tudo, é um reflexo, 
algo que os pensamentos constroem. 

Somos o espaço aberto e nele tudo pode ser criado. 
Não é um jogo com as palavras: assim é como tudo funciona realmente. Se desejar, pode ir buscar-se agora mesmo. 
Medite sobre isso. 
Voltemo-nos para a experiência presente.
 ( isso é que significa meditar ). 

Será que você encontra algo consistente que para
 se chamar de "eu"? Existe alguma clara distinção 
entre você e o que não é você?
Onde está essa linha divisória? 
Você está contido no corpo ou é o corpo 
que surge neste espaço que você é?
Volta para a experiência presente. 
Sem tomar o passado como referência, 
pode realmente saber quem você é? 
Você está capacitado para dizer quem você é, realmente?
Isto é exaustivo! 

Tentar nomear o inominável, 
descrever o que precede qualquer explicação, 
dizer o inexpressível com palavras.
O certo é que não há mais nada a dizer. 
O silencio é a única forma de defini-lo. 
Quando se alcança este ponto, todas as palavras são puro ruído - ruído para chegar ao silencio que precede qualquer ruído
 e que o abraça. Por que prestamos tanta atenção ao ruído? 
O que tem de mal no silencio?
Silencio. Alcançamos o ponto da criação.
Por que tem que haver alguma coisa? 
Por que não há nada? O que tem de mal no silencio?

No instante que chega o ruído,
o observamos por outra perspectiva. 
Mesmo estando na mesma linha do silencio não conduz a nada;
 nem melhor nem pior. Não se pode duvidar que esteja aí; portanto, o respeitamos. Não o negamos.
A vida se converte então em uma representação,  um jogo, 
uma dança divina, porque tudo isso não tem nenhum sentido, nenhum propósito, existe pela simples razão de ser tal como é. 

O ruído e o silencio - sons inseparáveis. 
A existência e a não existência são inseparáveis. 
O eu e o não-eu, inseparáveis. 
Tudo é uma união divina. Já não há fragmentos, 
apenas aspectos de uma totalidade; 
todas e cada uma das partes são importantes, 
cada uma delas ajuda a existência de todos os aspectos. 
Não há nada fora do lugar, nada que não seja desejado, 
não há nada descartável, nada sagrado, nada profano. 

A existência e a não-existência são dois aspectos da consciência, dois rostos de Deus. Mesmo que a verdade seja Deus, 
Deus não possui rosto algum.
As palavras são somente ondas na superfície. 
Mergulhe no silencio. 
As palavras não são necessárias. 
Nenhuma palavra é necessária.
Não é necessário que se fale disso. 
Basta sentir o Ser, sentir Isso!
Só isso. Só isso eternamente.

Por que demorei tanto a tomar consciência disso? 
Por que passei tanto tempo da minha vida como um sonâmbulo?Agora eu não me importo. 
Que se vá o passado, ele é tão irreal como o futuro imaginado.
O som da respiração, o barulho do computador, 
o movimento dos dedos dos pés, as mãos que se movem 
no teclado, as palavras que surgem...
A respiração, uma sensação de profunda paz, 
uma sensação de placidez com o mundo,
a medida que surge e desaparece. 
Isso sim é vida! Aqui! Aqui mesmo!

As palavras nem chegam a tocar a superfície das coisas
e nós, muitas vezes, passamos a vida tocando a superfície, crendo que temos respostas, sem percebermos que 
não existem respostas porque não existem perguntas, 
nem nunca houve, porque este momento presente 
é perfeito tal como é, desde sempre."
 


Jeff Foster





Esta é a realidade de alguém que ultrapassou o mundo, que venceu o mundo, que está vivendo no mundo sem pertencer ao mundo. Quando se atinge essa realidade a maneira de perceber a dimensão material se modifica, então não é mais necessário estar aqui... não existe mais aprendizado, tudo foi compreendido. Mas eles sempre voltam. Mesmo depois de espezinhados, desacreditados... loucos... é mesmo... a loucura divina. O homem comum não pode compreender ainda como chegar a essa dimensão. Eles, aqueles que acordaram, sabem que é muito difícil alguém entender aquilo que ainda não experimentou. Então, como semeadores, jogam as sementes para germinarem em solos férteis. Às vezes, só é preciso um empurrão, um choque... e acordamos. Que acordemos todos!  KyraKally

sábado, 28 de março de 2015

A LIBERDADE É PERIGOSA 
PARA O HOMEM


Diz o senhor que a liberdade é perigosa para o homem. 
Por que motivo? 

Porque é perigosa? Você sabe o que é a sociedade?  

É um grande número de pessoas a ditar-nos 
normas de procedimento. 

  É isso mesmo. Mas é também a cultura, os costumes, os hábitos de determinada comunidade; a estrutura social, moral, ética, religiosa em que o homem vive, eis o que se chama geralmente de sociedade. Porém, se cada indivíduo dessa sociedade agir como lhe aprouver, ela o considerará um elemento perigoso. Se vocês fizessem o que quisessem aqui, na escola, o que aconteceria? Representariam um perigo para o próprio colégio, não concordam? As pessoas em geral não gostam que os outros sejam livres. O homem realmente livre, não com relação às ideias, mas interiormente liberto da avidez, da ambição, da inveja, da crueldade, é considerado pelos demais como um ser perigoso, por diferir totalmente do indivíduo comum.  Então, a sociedade o adora ou o aniquila, 
ou lhe demonstra indiferença.

Disse o senhor que a liberdade e a ordem nos são necessárias, mas como alcança-las?  

Antes de tudo, vocês não devem depender de outrem; 
não esperem que alguém lhes dê liberdade e ordem — nem pai, nem mãe, nem marido, nem mestre. Consiga-as vocês mesmos. 
Esta é a primeira coisa que precisam compreender: 
não peçam nada a ninguém, exceto alimentos, roupa e abrigo. 
É inútil rogar, ou apelar para quem quer que seja, seus gurus, seus deuses. Ninguém pode proporcionar-lhes liberdade ou ordem. Por conseguinte, compete-lhes criar ordem em si próprios. Isso significa que vocês mesmos devem pesquisar e descobrir o que é ser virtuoso. Sabem o que é virtude — ter moralidade, ser bom. Virtude é ordem. Assim, cumpre descobrirem, individualmente, como serem bondosos, afáveis, solícitos. E é dessa solicitude, desse zelo, que procede a ordem, e, portanto, a liberdade. Vocês dependem de outros para dizer-lhes o que devem fazer, isto é, não olharem pela janela, serem pontuais, serem bondosos. Porém, se disserem: “olharei pela janela quando quiser, mas, ao estudar, toda a minha atenção será consagrada ao livro”, criarão ordem dentro de si, independentemente da orientação alheia.

Que ganhamos em ser livres?  

Nada. Se nos preocuparmos com o que vamos ganhar, na realidade, estamos pensando em termos de negócio. Vou fazer isto e, em troca, dê-me alguma coisa. Sou bondoso com você porque me convém. Mas isso não é bondade. Enquanto nos preocuparmos apenas com o ganho, não seremos livres. Se você pensar: “Se eu obtiver liberdade, poderei fazer isto ou aquilo”, isso não será liberdade. Não pensem, pois, em termos de utilidade. Se o fizer, eliminará completamente a possibilidade de ser livre. A liberdade só existe quando a temos sem nenhum objetivo. Não amamos uma pessoa porque ela nos dá alimento, roupa ou abrigo, pois isto não é amor. 

 Costumam passear sozinhos? Ou saem sempre com outras pessoas? Se às vezes andam sós, terão então a oportunidade 
de conhecer-se, de saber o que pensam, o que sentem, 
o que é virtude, o que desejam ser. Descubram-no. E vocês não poderão compreender-se se estiverem sempre falando, 
a passear com os amigos e continuamente acompanhados. Sentem-se quietos sob uma árvore, mas sem nenhum livro. Apenas olhem as estrelas, o céu límpido, os pássaros, o contorno das folhas. Observem a sombra. Acompanhem o pássaro atravessando o céu. Em solitude, tranquilos, sentados sob uma árvore, 
começarão então a compreender a mente em atividade.






 Krishnamurti




Tudo que temos lido até agora, nesse longo caminho do 'aprendizado', nos conduz a duas importantes osbservações: o silêncio e a solidão. Se não estivermos sozinhos e silenciosos não poderemos compreender os movimentos da vida. Se não nos desligarmos diariamente, pelo menos por algum tempo, da turbulência e das relações sociais em que somos condicionados a existir, não haverá possibilidade de conectarmos a nossa essência divina e compreender que estamos olhando apenas a ponta do iceberg.Mesmo sem entender o alcance e o retorno das nossas ações insistimos em ser livres.  Krishnamurti afirma: "A liberdade é perigosa para o homem". Seria bem interessante refletirmos sobre isso. KyraKally

sexta-feira, 27 de março de 2015

COMPREENDENDO A MORTE

Eu busquei intrepidamente durante meses e anos 
até encontrar as respostas para o mistério da vida e da morte, 
e para saber se as almas reencarnam ou não. Para vocês, 
isto é somente um pensamento, uma simples crença, 
 porque não têm provas. Mas eu não estou lhes falando 
de meras crenças. Eu encontrei provas de vida depois da morte e de reencarnação. Portanto, posso falar com verdade porque aquilo que digo para vocês, eu o experimentei.

Embora o homem comum encare a morte com temor e tristeza, aqueles que partiram antes, conhecem-na como uma maravilhosa experiência de paz e liberdade.

Como é gloriosa a vida depois da morte! Não mais terão 
de arrastar esta velha bagagem de ossos, com todos os seus problemas. Vocês serão livres no céu astral, 
desembaraçados das limitações físicas.

Na morte, vocês esquecem todas as limitações do corpo físico e se apercebem de como são livres. Durante os primeiros segundos, existe uma sensação de medo – medo do desconhecido, de alguma coisa não familiar à consciência, mas depois vem uma grande realização: a alma sente uma sensação de alegria, 
de alívio e de liberdade. Vocês sabem que existem independentemente do corpo mortal.

Não há nada a temer, porque pelo período de tempo em que vocês estão mortos, estão vivos, e quando morrerem tudo passou e não há nada a recear. A morte é uma experiência universal, é uma mudança por que passa cada um de nós. Consolem-se com a ideia de que a morte surge para todas 
as pessoas – pecadoras ou santas – e que, portanto, 
ela pode ser até uma espécie de feriado
 para a penosa atividade da vida.

A morte é muito agradável quando vem. Mas não a desejem para escapar de suas duras lições nesta escola da vida. Isso seria errado. Por maiores que sejam os seus testes nesta vida, deverão passá-los bravamente. Quando os conquistares aqui, 
a morte virá como uma recompensa.

A morte não é o fim; ela é uma emancipação temporária, 
que lhes é concedida quando o karma, a lei de justiça, determina que o seu corpo e o meio ambiente já serviram 
ao seu propósito, ou quando estão demasiado fatigados ou exaustos pelo sofrimento para suportar a carga de uma mais longa existência física. Para aqueles que estão sofrendo, a morte é a ressurreição fora das penosas torturas da carne para acordar em paz e tranquilidade. Para os mais idosos, é uma pensão ganha pelos anos de luta através da vida. Para todos é um bem-vindo descanso. Mas quando se está repousado, os desejos não satisfeitos começam a despertar de novo, e as pessoas anseiam pro satisfazê-los. 
Quando esses desejos se tornam fortes, reencarnam 
de novo numa forma física.

O nosso eu real, a alma, é imortal. Nós podemos dormir por um pequeno lapso de tempo, nessa mudança chamada morte, mas não poderemos nunca ser destruídos. Nós existimos, e essa existência é eterna. A onda vem até a praia e depois regressa ao mar, não fica perdida. Ela se torna una com o oceano, ou regressa de novo, na forma de outra onda. Este corpo veio e desaparecerá, mas a interna essência da alma nunca cessará de existir. 
 Nada pode terminar essa consciência eterna.

Por que choramos quando os nossos queridos morrem? 
Porque lamentamos a nossa própria perda. Se os nossos seres amados nos deixam para ir treinar em melhores escolas da vida, nós deveríamos nos regozijar em vez de estarmos egoisticamente tristes, pois poderemos retê-los no ambiente da Terra e embaraçar o seu progresso pela emissão dos nossos próprios desejos egoístas. O Senhor é sempre novo, e pela Sua infinita e mágica varinha, a Morte Renovadora, Ele mantém cada objeto criado, cada ser vivente, numa permanente remodelação em veículos mais ajustados às Suas inesgotáveis expressões. A morte surge para o homem obediente como uma promoção e um mais alto estado, 
mas para o que fracassa, ela vem para lhe dar mais uma oportunidade num ambiente diferente.

O homem ignorante vê somente a insuperável parede da morte, escondendo aparentemente para sempre, os seus amigos queridos. Mas o homem liberto de apegos, que ama os outros como expressões do Senhor, compreende que na morte os seus entes queridos somente regressam para um espaço 
onde respiram alegria nEle.

Para enviarem os seus pensamentos aos seres amados que partiram, sentem-se calmamente no seu quarto e meditem em Deus. Quando sentirem a Sua paz no seu interior, concentrem-se profundamente no ponto entre as duas sobrancelhas e emitam o seu amor àqueles queridos que se foram. Visualizem em seguida, no centro Crístico, a pessoa com a qual desejam contatar e enviem a essa alma as suas vibrações de amor, de força e de coragem. Se fizerem isso continuamente, e não perderem a intensidade do seu interesse pelo ser querido, essa alma receberá 
definitivamente as suas vibrações. 
 
Tais pensamentos lhe darão uma sensação de bem estar,
 uma sensação de ser amada. Ela não se esqueceu de vocês, 
da mesma forma como vocês não se esqueceram dela. Digam-lhe mentalmente: “Nós nos encontraremos de novo algum dia e continuaremos a desenvolver mutuamente 
 amor e amizade divina”. Se vocês enviarem aos seus queridos, continuamente, esses pensamentos de amor agora, 
seguramente algum dia, os encontrarão de novo. 
E saberão também que esta vida não é o fim, mas um mero anel da eterna cadeia de relacionamento com os seus amados.



Yogananda

 

 

Essa grande transição chamada 'morte' ainda nos amedronta, mas creio que é porque somos muito 'apegados' ainda; por isso tememos abandonar o que conquistamos. Suponho que só existirá esse receio até que aprendamos a compreender o sentido da posse. Quando nada mais nos pertencer veremos não só a morte de outra forma como também tudo na vida. A liberdade destrói o temor. KyraKally