TRECHOS DE REUNIÕES
COM RAMESH S. BALSEKAR
Parte II
Pergunta: Quando você fala sobre como nossas vidas
são determinadas, usando os conceitos do robô ou do computador, isso soa
muito limitador, não há escolha, não há liberdade. Mas minha
experiência é que me sinto repleta de um sentido de liberdade.
Ramesh: Claro, esse é o ponto importante. Então, o que é esse sentido de liberdade que surge? Que tipo de liberdade é esse?
Pergunta: Eu não sou esse robô ou o computador.
Ramesh:
Exatamente. Esse é o ponto. Portanto, liberdade de que? Liberdade
daquilo que anteriormente identificava-se com o computador. Significa
liberdade do próprio computador, liberdade da identificação com o
computador. O sentimento que você tem agora Ashika, é que antes você
pensava que “você” era o computador e agora sabe que você não é o
computador. Esse computador está sendo usado pela Fonte, ou Deus, para
trazer certas ações que necessitam acontecer através deste organismo
corpo-mente. Não é isso?
Pergunta: Eu pensava que liberdade era liberdade de escolha, era fazer o que eu queria.
Ramesh: Livre arbítrio.
Pergunta: Sim. Isso tudo parece ter morrido.
Ramesh: Então não há livre arbítrio e isso não traz um senso de constrição.
Pergunta: Há uma liberdade totalmente diferente, liberdade de não estar de modo algum identificada.
Ramesh:
Sim. Liberdade do envolvimento. Sua experiência foi que o envolvimento é
que causa a infelicidade; se não há envolvimento não há infelicidade.
Então, o que você realmente está dizendo é que a liberdade é da tristeza
porque é liberdade do envolvimento. E “quem” se envolve? O ego fica
envolvido. A liberdade é a liberdade do ego. E o ego é o sentido pessoal
de autoria das ações. Portanto, liberdade, em última instância, é
liberdade do sentido de autoria pessoal das ações – tanto deste
organismo corpo-mente, como dos outros organismos.É notável que isso
tenha ocorrido com você, os outros talvez não aceitem isso, mas quanto a
você a liberdade se estende a todos. Ninguém tem livre arbítrio. Tudo o
que acontece é que ações acontecem através dos bilhões de computadores
corpo-mente. Então não há razão para Ashika sentir-se culpada, sentir
orgulho ou ódio de ninguém. Isso é aceitável?
Pergunta: Sim.
Ramesh:
Essa é a liberdade que está refletida na sua compreensão – liberdade da
culpa, do orgulho, do ódio e da inveja – que significa o que? Liberdade
do envolvimento. É o envolvimento que causa infelicidade – um pouco de
felicidade e um monte de infelicidade. Portanto, aceitar o que acontece
como sendo algo que você não pode se envolver e sobre o qual você não
tem nenhum controle – essa é a liberdade pelo fato que o que quer que
esteja acontecendo está além do controle de qualquer pessoa. Desse modo,
o que quer que esteja acontecendo é simplesmente aceito como algo que
deveria acontecer – e não por causa da vontade de algum indivíduo.
Pergunta:
Eu estava sentindo-me confusa pois havia esse enorme sentimento de
liberdade mas não era liberdade para fazer ou deixar de fazer. Era
simplesmente uma liberdade para ser.
Ramesh:
Você vê, liberdade do envolvimento é liberdade da limitação do ego. O
ego é restrito. Então o ego que pensava anteriormente que “ele” era
livre para fazer o que “ele” quisesse agora descobriu que não existe
“Ashika” para fazer coisa alguma. Isso é liberdade da responsabilidade,
do sentido de autoria pessoal das ações e liberdade do orgulho. Pelo ego
essa liberdade é traduzida como uma perda de “seu” livre arbítrio
pessoal. Então essa liberdade é em si estar livre do ego, mas o ego não
pode sentir essa liberdade. O ego sente que “ele” perdeu o livre
arbítrio de fazer o que ele quer fazer – que “ele” pensava que possuía.
Essa foi a confusão que você sentiu, a liberdade que surgiu da perda do
sentido de autoria das ações significa a perda de liberdade do ego. Isso
faz sentido?
Pergunta: Sim.
Ramesh:
Eu repito: liberdade do sentido de autoria pessoal significa a perda da
liberdade do ego. E essa é a confusão, pois ainda há essa identificação
do ego com este organismo corpo-mente chamado Ashika. O ego ainda
permanece e sente-se terrivelmente restringido.
Fonte:portaldoconhecimentodivino
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